Objetivo


sábado, 5 de fevereiro de 2022

QUATRO MULHERES COMANDAVAM OS CARTÓRIOS

As mulheres que comandavam todos os cartórios na Cidade.
Edith Dantas, Zilda Freire, Maria Altair e Nice Rodrigues
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 Quando criança, defronte a minha casa na então   Rua da Santa Cruz, hoje Avenida Evência Brito,   funcionava o Tabelionato de Notas  cujo titular era   seu Pedro Ribeiro Freire , o primeiro tabelião da   Comarca de Ribeira do Pombal, que era um homem   alto, magro,  comportamento reservado e   muito   educado. Ele atendia às pessoas que o   procuravam   e passava quase o dia inteiro sentado   diante de um   livro imenso a anotar o conteúdo dos   documentos   que expedia com uma caneta de bico de   pena, que   constantemente mergulhava  num tinteiro   Parker   em   busca de mais tinta. Tinha uma caligrafia   invejável. 
 Naquele tempo tínhamos aulas de Caligrafia na escola,  e até um caderno próprio para aprimorarmos nossa escrita. Ele ficava na parte da frente da casa, a qual foi recentemente demolida. Era casado com d. Laurinda Freire uma senhora muito religiosa, e, quando existia a Capela de Santa Cruz, que ficava mais ou menos onde hoje está a casa do juiz, ela cuidava da Capela com um zelo quase de uma freira . Chegou o progresso e os homens insensíveis destruiram a Capela , o que foi muito sentido por d. Laurinda Freire e muitas outras pessoas que a frequentavam. Com o passar dos anos cultivei uma amizade fraterna com d. Laurinda Freire e com sua vizinha d. Teresa Morais, duas pessoas que guardo eterna gratidão  pela maneira que se mostravam alegres quando eu chegava de férias de Salvador. Eram duas visitas certas, sinto não ter correspondido com mais atenção e carinho a estas duas senhoras tão especiais. 
Na foto vemos Nice Rodrigues, Zilda Freire, Maria Altair,
Maria Sátiro, tabeliã de Notas, da Mirandela e Edith Dantas.

Voltando aos cartórios, depois que seu Pedro Freire faleceu as mulheres passaram a dominar esta atividade importante em nossa Cidade .  Coube a Zilda Ribeiro Freire de Carvalho continuar com o Tabelionato de Notas de seu pai , enquanto d. Edith Dantas  comandava o Cartório  Civil dos Feitos Civis e Criminais e sua irmã Altair Lobo o Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais,  e Maria Eunice Rodrigues Souza, a Nice, tocava os Cartórios do Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o Cartório de Títulos e Documentos e posteriormente o Cartório de Registro de Imóveis e Hipotecas . Antes o Cartório de Registro de Imóveis tinha como titular outra mulher a jovem Mariza Brito Almeida , que pediu exoneração . Enquanto isto coube a d. Edith Dantas acumular interinamente até que Nice Rodrigues assumiu e  depois fez concurso e tornou-se a titular.

                                                                            ZILDA FREIRE 

 J
Foto 1. Zilda Freire, sua filha Tereza Jozilda e seu esposo
José Carvalho. Foto 2. Zilda e seu filho Jozélio Freire
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á Zilda Ribeiro Freire de Carvalho nasceu em 3   de  junho de 1936, em Ribeira do Pombal filha de   Pedro Ribeiro Freire e Laurinda Silva Freire. Seu pai   exerceu o cargo de Tabelião de  Notas de 1934 a   1960. Ela começou a ajudá-lo  aos 16 anos de idade,   e  aos 19 anos foi nomeada como subtabeliã em 4 de   agosto de 1955. Ao falecer seu pai teve que   enfrentar  outros concorrentes que com ajuda de   líderes   políticos pleiteavam o cargo de titular. Mas   conseguiu sua nomeação  como tabeliã interina em   julho de 1960, permanecendo  até 1964, ano em que foi confirmada como tabeliã  titular, cargo que exerceu até sua aposentadoria em   1998.
  Casou-se em 31 de maio de 1967 com José   Cerqueira de Carvalho, policial  militar, conhecido   por Zé Soldado, com que teve dois filhos:Tereza   Jozilda Freire de Carvalho e Jozélio Freire de   Carvalho, e faleceu no interior de sua residência , de causa natural no dia 18 de agosto de 2005.
D.Laurinda e sr. Pedro Freire
Sua filha Tereza Josilda, hoje promotora na Cidade de Alagoinhas, lembra de sua dedicação ao cartório e da letra miúda de sua caligrafia, que tanto a caracterizava. "Era uma pessoa calma , de voz suave, orientando com paciência todos que procuravam o cartório, sem qualquer distinção de posição social. "
E continuou Tereza Josilda ,"meu irmão Jozélio , apesar de não ter seguido nenhuma carreira jurídica, também traz consigo os ensinamnetos aprendidos com ela e com meu pai a ser paciente e a tratar todos com respeito e humildade, no exercício da Medicina".
O sr. Vitalmiro Silva Freire, 60 anos de idade,  começou a trabalhar no Cartório  em 1967 com 14 aos de idade  fazendo pequenos serviços. Em 1983 fez o
Hortência Silva 
concurso público para oficial de justiça e continua  trabalhando. Atualmente, encontra-se de licença prêmio, e após o término dará entrada em sua aposentadoria. Trabalhou sete anos diretamente com Zilda Freire no Tabelionato de Notas. 
Ele lembra também de Hortência Silva Freire "trabalhamos juntos, quando entrei ela  já  estava lá, fazíamos procuração, contrato de aluguel de imóveis, reconhecimento de  firma , recebimento e entrega documentos , e no Cartório de Protesto que era anexo a  gente cuidadava dos protestos . Hortência redigia as  procurações  enquanto d. Zilda  Freire  fazia pessoalmente as escrituras. "
 Hortência Silva Freire Santos, era sobrinha de Pedro Freire. Ela foi escrevente onde  entrou em 1985 ficando até 2013 quando se aposentou. Conhecida por Sinhá prestou  relevantes serviços no cartório. Seu único flho Aloisio Freire é professor universitário  e advogado criminalista, atuando nos tribunais de segunda instância. Hortência Freire  faleceu aos 64 anos de idade em fevereiro de 2020.

Vitalmiro Silva Freire
A Zilda Freire  desde cedo ajudava seu pai Pedro Ribeiro Freire que foi o primeiro tabelião da comarca de Ribeira do Pombal, portanto  teve uma boa escola e experiência. Eu não era oficialmente funcionário do Tabelionato, ela que me pagava. Aí surgiu uma oportunidade e fiz concurso para a Empresa Baiana de Agricultura - EBDA que ia se estabelecer aqui e fui aprovado, e hoje, estou aposentado desde o ano passado." A Ebda foi extinta pelo governador petista Rui Costa.

Já seu irmão Altamiro Silva Freire  disse que quando "Zilda Freire estava prestes a se aposentar quando foi realizado o concurso público para o Tabelionato de Notas, do Registro Civil e Registro de Imóveis  promovido pelo juiz dr. Antônio Ramos. Foi quando Zilda Freire já aposentada foi  substituida por Carlos Roberto, falecido. "

Diz Altamiro que Zilda Freire  exerceu a sua função com muita competência. Ela herdou este dom do pai. Teve ainda outros irmãos : Pedro Ribeiro Freire, Antônio Ribeiro Freire, o Totonho, e Graciliana Ribeiro Sobrinha e Ziani Ribeiro Freire, todos falecidos. 
O Altamiro Silva  Freire, de 60 anos, começou a trabalhar em 1974 e fez o concurso para oficial de  Justiça e informou  que "estou prestes a me aposentar, pois já tenho 38 anos de serviço.  Ela deixou o legado de ter trabalhado com dedicação e honestidade. Todos os comerciantes e muitos dos moradores de Ribeira do Pombal tiveram contato com ela no Tabelionato de Notas". 
Ao lado o ex-funcionaráio do Tabelionato de Notas  sr. Altamiro Silva , hoje oficial da Justiça.

                                            AS IRMÃS EDITH  E ALTAIR 

D. Edith Dantas
Lembremos das irmãs  d. Edith Dantas de Araújo e Maria Altair Dantas Lobo, ou simplesmente d. Edith e d. Altair. 
Foto 1. Altair Lobo e sua irmã Edith em Caldas de Cipó.
Foto 2 . A casa de d. Altair onde funcionava o cartório
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Edith  foi a primeira titular do Cartório  Civil dos Feitos Civis e Criminais , e acumulou por algum tempo a função do Cartório de Imóveis e Hipotecas que era titular Mariza Brito Almeida , a qual renunciou ao cargo e se transferiu para São Paulo. Edith Dantas era solteira  e não deixou descendentes. Nasceu em 21 de setembro de 1917 em Ribeira do Pombal e veio a falecer em 27 de abril de 2011, era filha de Maria Madalena Morais Araújo e João Dantas de Araújo. Ela trabalhou durante anos até se aposentar, e foi morar em Feira de Santana, onde faleceu.

Para falar de Maria Altair Dantas Lobo que durante muitos anos foi titular do Cartório de Registro Civil da Pessoas Naturais  , do Município de Ribeira do Pombal entrei em contato  com seu filho José Wellington Dantas Lôbo, que atualmente reside em Feira de Santana. Ele  veio do Rio Grande do Sul onde morava com a família , exatamente de Porto Alegre,  para cuidar de sua mãe, que hoje encontra-se acamada . Wellingotn  disse que sua mãe "assumiu esta função aos dezoito anos de idade, e que é muito fácil falar sobre ela" . Em seguida  citou o escritor gaúcho Luiz Fernando Verissimo que cunhou esta frase: "Mãe é poesia, tons, letras, dona de um amor que se recicla e nunca é desperdicio". 

No cartório onde era a titular Maria Altair ou d. Altair registrou milhares de pessoas, casamentos, divórcios, e outros feitos   acompanhando o crescimento populacional de  Ribeira do Pombal. Foi morar  na Rua da Ribeira , e quando casou com Arnaldo da Silva Lobo, natural de Canudos, e mais tarde com o nascimento dos filhos , mantinha uma sala na parte da frente onde funcionava o Cartório.  

Com o falecimento de seu esposo Arnaldo da Silva Lôbo, em 1961, d. Altair adquiriu outro imóvel próximo o da sua mãe, afim de facilitar a educação dos filhos e consequentemente o funcionamento do Cartório , provisoriamene, até que a Prefeitura criou aquele espaço na lateral do prédio onde hoje funciona a Câmara Municipal, e todos os cartórios foram transferidos para este prédio.

Welligton Lobo 
 Lembra Wellingon que "o dia de minha mãe começava cedinho e o Cartório era o centro   de sua atenção. Ela acordava cedo abria o Cartório e depois voltava para arrumar os   filhos para ir  à escola. É bom salientar que tudo era feito na base da caneta, escrevendo   mesmo. Todos os registros eram tanscritos em enormes livros guardados por tempo   indeterminado. Não existia computador. As máquinas de escrever eram poucas e os   auxiliares transcreviam tudo dos livros para atender os clientes que solicitavam uma   segunda via de uma Certidão de Nascimento , Casamento etc. "Disse ainda Wellington   Lobo que "minha mãe nunca tirou férias e até mesmo para se aposentar ficou   delongando a data de sua aposentadoria durante três anos. Ela tinha uma forte ligação   com o Cartório. Lembro que muitas vezes uma pessoa vinha pedir uma segunda via de   um antigo registro  de nascimento e não dispunha de quase informação . Assim, era feita   uma penosa pesquisa naqueles livros imensos , folha por folha até encontrar e transcrever na máquina de datilografia." Do casamento com Arnaldo da Silva Lôbo tiveram quatro filhos: José Wellington, Antônio Windosor  (1953- 2019 ). Maria Wiclea e Arnaldo Wedson Dantas Lobo.

                                      MARIZA BRITO ALMEIDA 

Mariza quando titular.
 Já a Mariza Brito Almeida, hoje, Mariza Almeida Andrade, mora em Recife há   mais de 30 anos, depois de ter constituído a sua família em São Paulo, capital.   Mariza, entre 1956/1957, assim que Ribeira do Pombal passou a ser Comarca, foi   nomeada, interinamente, como Oficial de Registro de Imóveis. Era Juiz  na época,   o dr. Eliezer Benevides e o promotor, dr. Aluísio Batista. Pouco tempo depois foi   realizado um concurso para Oficiais de Cartório e Mariza foi aprovada e efetivada   no cargo. Durante dez anos, cercada pelos enormes livros de registro, sim os   livros,  acho que são  do tamanho A2 além de bem volumosos, se dedicou a  sua   função com profissionalismo, muita dedicação e organização, além sempre estar   bem   humorada, característica da personalidade da família Almeida. 

Mariza Almeida  de preto , com filhos, filhas, genros e netos.
 Nos conta Marluce Morais que  "o cartório, inicialmente,  funcionou em sua  residência, até que a Prefeitura  reuniu todos os  Cartórios num mesmo local  atrás do  prédio onde  atualmente funciona a Câmara  Municipal. Nesse  interim, a sua mãe e a sua única  irmã se mudaram  para São. Paulo, capital, para se  reunirem com  seus  irmãos que já viviam ali. Tempos  depois, foi à São  Paulo para o casamento de um dos  irmãos, e na  oportunidade, conheceu Emmanuel  Andrade, o  Nelinho, como era conhecido. O coração  falou mais  alto e vieram a se casar. Ela pediu licença  sem  vencimentos de dois anos, em seguida a  exoneração.  Em São Paulo constituiu sua familia;  são  três filhos:  Emmanuel Andrade Filho, engenheiro e empresário; Ana Amélia Almeida Andrade Veloso, arquiteta e Sylvia Maria Andrade Mailowisky, médica, esses filhos lhe deram  seis netos."

 "Há mais ou menos 30 anos, seu marido foi transferido para Recife, onde a família se adaptou muito bem, e Mariza ali reside cercada  dos filhos e netos, pois lamentavelmente, em 2000, ela ficou viúva. Mariza continua a ser a mulher forte e determinada, mantendo o bom humor e a elegância",concluiu Marluce Morais..                           

                        NICE RODRIGUES

Nice  assentando no livro mais um documento

Batizada com o nome de Maria Eunice Rodrigues Souza, nasceu em Ribeira do Pombal em 27 de outubro de 1933, portanto, está com 89 anos de idade. Lúcida e ativa ela dirige seu carro e conversa sobre qualquer assunto com desembaraço e rapidez que lhe deixa perplexo. Ama a vida e sua família e diferente de muitas pessoas da  sua idade gosta de viajar e curtir filhos e netos . Não fica se lamentando , ao contrário fala da sua luta e de seu trabalho onde exerceu por 46 anos o cargo como serventuária da Justiça. Mãe de cinco filhos : José Aguinaldo,Tereza Ivana, Adriano, Rita de Cássia e Jósé Alexandre e catorze netos.

É filha de João Rodrigues dos Santos, conhecido por João Santo, e Cecília Rodrigues da Conceição. Seu pai era Avaliador Judicial e tinha forte ligação com o chefe político de então Ferreira Brito. Certo dia seu pai lhe surpreendeu ao informar que ela tinha sido nomeada interinamente para o cargo de titular do Cartório de Títulos e Documentos e Registro Civil das Pessoas Jurídicas.Isto aconteceu no dia 12 de abril de 1957, afirma com precisão Nice Rodrigues. Durante dois anos trabalhou como interina e disse que reorganizou totalmente o cartório . Após exercer a função interinamente durante este período Nice Rodrigues fez concurso público e foi nomeada titular em 29 de março de 1959. Nesta época seu Cartório funcionava na casa de seus pais na Rua do Cemitério, hoje, Rua Oswaldo Brito, e depois que casou foi morar na Rua Princesa Izabel, nº 7 levando consigo o Cartório para seu novo endereço. Ela confessa que vivia insatisfeita porque o Cartório quase não tinha movimento, nem renda. Ribeira do Pombal tinha um comércio insipiente e as transações comerciais eram poucas.

Foto 1. Nice faz 70 anos  deixa o Catório com homenagem.  
Foto 2 Recebe o título de Cidadã Benemérita de R.Pombal.
Foto 3. Nice hoje ativa e ainda dirige seu automóvel. 
Quando o juiz José Nilton Mendes Serra assumiu a Comarca convocou todos os titulares de cartórios e cada um fez sua exposição sobre o trabalho desenvolvido e as dificuldades. "Aí mostrei a necessidade do Cartório de Imóveis e Hipotecas ser anexado ao Cartório de Títulos e Documentos e Registro de Pessoa Jurídica o  que ele concordou e providenciou. O juiz  mandou que fosse até sua casa no  dia seguinte para que pudesse tomar as medidas necessárias. O  dr. José Nilton  oficiou ao Tribunal de Justiça e à Secretaria da Justiça a necessidade de anexar o Cartório  de Imóveis e Hipotecas ao de Títulos e Documentos e Registro de Pessoa Jurídica e assim foi feito.

 "Certo dia fui a Salvador saber como andava o   processo que determinava minha efetivação como   titular do Cartório de Imóveis e Hipotecas e uma funcionária da Secretaria da Justiça disse que meu   processo havia sumido. Mas, se prontificou a me ajudar e em seguida  elaborou um ofício ao SAJ e através dr. Vanderlino Nogueira, já falecido, o processo foi reconstituido. Finalmente, já na gestão do juiz João Santana fui nomeada titular do Cartório de Imóveis e Hipotecas . Aí minha vida mudou  e foram trinta anos de muito trabalho. Me aposentei em 2003, quase não vi a informática chegar ao Cartório. Tudo era feito a mão e eu adorava fazer os registros naqueles livros imensos. Modéstia à parte, tenho  uma caligrafia  bonita e isto pode ser comprovado nos  livros onde registrei os feitos," disse Nice Rodrigues.

Mas, para chegar ao cargo de titular Nice Rodrigues enfrentou muitas dificuldades e mostrou que é uma mulher guerreira. Basta recordar de dois episódios. O primeiro ela não tinha ainda sido nomeada como titular do Cartório e foi realizado em outubro de 1975, em Salvador, o II Encontro  dos Oficiais de Registros de Imóveis do Brasil ,  no  Salvador Praia Hotel. O juiz da Comarca dr. João Santana disse : A senhora vai participar. Redigiu um ofício me apresentando, dizendo que eu tinha sido aprovada no concurso e ainda não tinha saído a minha nomeação. Ai fui para Salvador pensando que o congresso seria realizado no Fórum Rui Barbosa, no Campo da Pólvora. Para minha surpresa ao chegar ao Fórum fui informada que estava sendo realizado no Salvador Praia Hotel, que ficava no bairro de Ondina, ( já demolido)  portanto, bem longe do local onde estava hospedada. Já tinha sido dificil me hospedar porque no pensionato onde minhas primas estavam não tinha vaga, e a mulher não queria me receber. Devido a insistência de todos consegui me hospedar. Não tinha roupa, sapato e nem dinheiro para me deslocar para o tal congresso. Ai as meninas me emprestaram roupas e sapatos e até  bolsas. Outra se dispôs a me dar carona de ida e volta. Quando cheguei ao hotel entrei na fila da inscrição pensando que era gratuita. Quando me informaram que a taxa era de Cr$500,00 saí da fila e fui sentar perto da recepção. A recepcionista me viu triste e perguntou e contei que não tinha dinheiro da inscrição. Ela se dirigiu ao presidente do encontro  Julio de Oliveira Chagas Neto contou a minha história e ele já veio ao meu encontro com uma pasta com todo o material e me inscreveu. "

O outro episódio foi quando a funcionária da Secretaria de Justiça d. Terezinha Santos  me informou que tinham perdido o meu processo de nomeação . Ai ela redigiu um ofício e precisava da assinatura do diretor do SAJ, que não lembro o nome. Já era perto das 19 horas e quando consegui o ofício ele já não estava no seu gabinete e fui encontrá-lo na porta do elevador. Peguei este homem pelo braço. Ele tomou um susto e ai expliquei o meu problema . Sei que ele voltou e assinou o tal ofício. No dia seguinte fui procurar o dr. Vanderlino Nogueira  que mandou reconstituir todo o processo . Foi muita angústia e dificuldades que enfrentei. Mas , venci", conclui Nice Rodrigues. 

  DUAS MULHERES NO CARTÓRIO DE MIRANDELA

As irmãs tabeliãs Abelisia Viana e
Maria Satíro Dantas, Escrivã de Paz
com funções Notariais, falecida.
Durante as pesquisas para elaboração deste texto não conseguimos    informações sobre o Tabelionato de Notas do povoado da Mirandela  que  inicialmente teve como titular  Pedro Brasil que faleceu em 1936. Então foi aberto um novo concurso e foi aprovada e nomeada minha tia a Maria Satíro Viana que era escrivã de Paz  que chegou a responder pelos dois cartórios por um período antes de  se aposentar, vindo posteriormente a falecer." 

 Desde 1937 que João Gonçalves  Viana, conhecido como João Viana, natural do povoado do Barracão, hoje município de  Rio Real,   foi  para a Mirandela para ser o  maestro da Filarmônica de lá. Veja que  coisa  incrível. Já naquela  época  a Mirandela tinha sua filarmônica,  Ribeira do  Pombal tinha a  XV de Outubro, tinha filarmônica em Cipó,  Nova Soure  em outras  cidades da região.

Com o falecimento de Pedro Brasil o maestro João Gonçalves Viana  assumiu o o Cartório de Registro Civil, e em 1957 sua filha Abelísia Dantas  Viana Cruz foi nomeada suboficial de Paz com funções Notariais. Em 1970 João Viana faleceu, mas o juiz da comarca de então dr. Juarez Santana entendeu que ela não tinha o direito de ser a titular. Ela é casada com Ant|ônio Carvalho Cruz, o Tonhá e decidiram ir morar em São Paulo, onde ele trabalhou como motorista de ônibus. “Mas, decidimos apelar para o Tribunal de Justiça e em 1972 o juiz da Comarca, dr. Antônio Helder Tomás recebeu um ofício do TJ determinando que emposasse a Abelísia Viana como titular em 1982 até se aposentar em 2010. Eles já tinham voltado de São Paulo .Foi aberto novo concurso aí o Hamilton Viana foi  aprovado e assumiu o Cartório de Registro Civil, na Mirandela , onde permaneceu até que d. Altair Lobo se aposentou, do Registro Civil, em Ribeira do Pombal . Foi quando pedi minha remoção para cá, onde me aposentei”, conta Hamilton Viana. 

NR- Quero agradecer a Hamilton Rodrigues, a Hamilton Viana  e também a Marluce Morais pela sua disposição em buscar informações sobre Mariza Almeida Carvalho para que este texto pudesse apresentar  as primeiras titulares dos cartórios de nossa Cidade.

36 comentários:

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Nilson Dantas Viana Dantas Viana
Rey sou suspeito para fazer qualquer crítica na montagem do texto, rico em detalhes e informações. Só acho que podia ter incluído os Cartórios da Mirandela, Civil e Tabelionato, cujo titulares, pela ordem meu pai (João G.Viana) e minha tia (Maria Sátiro Dantas). Gd abraço.

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Maria Das Graças Santana
Parabéns, mais um história linda cheia de carinho da sua cidade.O povo de Ribeira de Pombal deve está orgulhoso de você!

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Ivo Neto
Parabéns amigo magnífico trabalho.

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Pedro Mel Nascimento Silva
Parabéns amigo pelo trabalho de resgate da nossa história.

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Sergio Mattos
Além de resgatar a história de pessoas comuns de Ribeira do Pombal, Reynivaldo Brito nos brinda com ilustrações de sua lavra que marca um estilo peculiar. Parabéns amigo. A propósito, quando teremos uma exposição dessas ilustrações? Abraços.

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Edison Etsedron
É isso ai, resgatar a historia pra alavancar a cultura e tirar das mãos dos ABUTRES. CONTINUE GUERREIRO DO BEM.

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Maria Adelaide Dantas Costa Cruz
Parabéns Rey! Texto maravilhoso, nos que convivemos com essas ilustres senhoras revivemos as suas lutas!!

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Antonio Carlos Da Rosa
Muito bom!!!

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Bia Jacobina
Parabéns primo, pela belíssima matéria.Bjs

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Ricardo Emanuel Lago
Essa é boa!

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Osvaldo Ribeiro Jacobina
Parabéns Rey. Mais um relato importante.

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Wellington Lôbo
Rey! Rua do tucano; rua da Ribeira; rua da Santa Cruz; rua do capim; rua do campo; rua do jegue; rua do curral e muitas outras assim eram identificadas. Não existem mais essas identificações.
Por quê deixaram de lado a cargo do esquecimento?
Sobrados, lojas, casas e até mesmo a nossa igreja de Santa Tereza, se não fosse uma comissão formada por pessoas comprometidas com a nossa fé, ela hoje não se encontraria mais no estágio de conservação que se encontra.
Graças a você Rey! O nosso pombalzinho de Santa Tereza, está sendo resgatado aos futuros pombalenses, as personalidades simples e que fizeram parte da nossa história.
Você não imagina a espectativa dos nossos conterrâneos com a próxima divulgação.
" O que é importante, é importante que se diga."
Abraços e meus parabéns.

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Tereza Carvalho
Parabéns. Obrigada pelo carinho e pela homenagem ao meu avô e a minha mãe. Se viva estivesse, ela teria ficado muito orgulhosa.

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Tereza Carvalho
Fico muito feliz em resgatar várias histórias da nossa cidade, permitindo que muita gente conheça o passado de Pombal.

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Graça Gama
Parabéns mais uma vez Reynivaldo Britto .Lembro muito de Dona Altair, Marisa minha prima, Nice e Edite. Ilustres pessoas .

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Graça Gama
E dona Zilda Freire vizinha amiga.

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Diva Brito Assis
Linda crônica que retrata a história de pessoas que tiveram participação no desenvolvimento da comunidade. Ao visitar Ribeira do Pombal, com apenas 13 anos, pois meus pais transferiram residência para outra cidade, quando eu tinha 3 anos de idade, foi quando eu tive,depois de algum tempo, a oportunidade de conhecer alguns familiares, ciceroneada pela querida prima Edite e família : Ferreira Brito, Evência Brito ( Sinhazia ), minha madrinha, Marocas e outros. A minha vida, porém, está ligada à Feira de Santana, onde cresci, estudei, me
formei, me casei.

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Marília Gama
Parabéns Rey, mais uma obra de arte. !!!!

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Antonio Walter Oliveira Santos
Boa tarde!
Muito bom o resgate da história.

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Orelana Sturaro
Palmas!

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Iara Brito
Bela homenagem meu irmão querido.

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Celimar Geambastiani
Parabéns, sempre bom conhecer a história.

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Maria Borges
Palmas!

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Tereza Gama
Parabéns Rey,as mulheres pombalenses,guerreiras,elas fizeram seus trabalhos com afinco!!

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Domingos Dantas Brito
Parabéns pela informação precisa de mais um capítulo da história da nossa terra.

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Pietro Jacobina Britto Britto
Parabéns primo Rey.

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Teresinha Nogueira
Parabéns.

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Ticiano Leony
Gosto muito das ilustrações! Só não sabia que o autor era o mesmo aquinhoado escritor!

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Dilson Brito
Mulheres fortes, guerreiras , lideres de uma área importante do Serviço Público. Tive o prazer de conhece-las, era e são mulheres respeitadas na nossa querida Ribeira do Pombal. Mariza nossa prima, muitos anos sem vê-la. D. Altair ainda viva mãe de amigos queridos e D. Nice, amiga e mãe de amigos, tbm uma grande guerreira. Portanto, bela homenagem as mulheres fortes que dominavam uma área que hoje passou para a iniciativa Privada e não melhorou o atendimento e nem facilitou o acesso aos mais carentes, devido a demora e preços abusivos por uma simples Certidão. Parabéns Rei, belas histórias de mulheres fortes e abnegadas.

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José Monteiro Brito
Assistia tv casa dela kkkkmuiti bem recebido.

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José Monteiro Brito
Kkkkkk dona Edith.

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Edivalda Gama
Parabéns REYNIVALDO , LINDA HISTÓRIA DAS MULHERES GUERREIRAS DE POMBAL , A SUA INTELIGÊNCIA É EXCEPCIONAL , MUITA LUZ NA SUA CAMINHADA..

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Edicarlos Santana
Parabéns pelo texto.

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Beto Santana Santana
Muito bom!!

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Amelia Oliveira
Linda homenagem a essas gurreiras.

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Zebay Silva
Lembra muitíssimo D. Edite Garcia e de suas irmãs em Ibicui. Muito lindo!