O Raimundo Jacaré deixou a música e atualmente está harmonizando os chips nos aparelhos que conserta. |
O Raimundo Araújo de Andrade tem quatro
filhos Rubem, Fábia, Líbia e July. É casado com Djalva Nascimento Araújo.
Nasceu na localidade de Maria de Matos, que fica na divisa entre a Bahia e
Sergipe, há cerca de seis quilômetros da cidade sergipana de Tobias Barreto.
Ainda criança seus pais foram morar em Tobias Barreto e em seguida vieram para
Ribeira do Pombal onde ele foi registrado, portanto é cidadão pombalense. Filho
de João Batista Araújo e Maria Virgens de Andrade. Ao chegar foi trabalhar de
vendedor ambulante com seus pais nas feiras livres de Ribeira do Pombal e
cidades da região. “A gente vendia miudezas nas feiras livres, vivíamos
viajando nos caminhões de feira cada dia numa cidade onde tivesse feira livre.
Neste período comecei a estudar à noite através um aparelho de rádio que meu
pai tinha pelo Instituto Universal Brasileiro. Aprendi a estudar com as válvulas
e hoje estou trabalhando na nano tecnologia com chips e microchips consertando
aparelhos eletrônicos. “
O maestro agora harmoniza os chips. |
Certo dia o professor Edilson Monteiro ,que era dentista e diretor do Colégio Industrial Evência Brito - CIEB me encontrou em frente à Farmácia de Wilson Brito e perguntou se eu estava estudando. Respondi que não. Neste dia estava com meu amigo Antônio Costa (Toinho, já falecido), que era filho da professora Adélia Costa. Foi quando o professor Edilson disse; mas você tem que estudar. Procure a professora Adélia Costa e diga que eu mandei para ela dar um
atestado para que você comece a estudar. Respondi que não tinha nem o primeiro
ano primário formal e ele insistiu foi quando o Toinho disse que ia comigo
falar com a mãe. Lá chegando expliquei o meu caso e ela disse: “Como você
quer que lhe dê um atestado se não tem nada como comprovar? Depois de
conversarmos e eu dizer a verdade ela perguntou se eu sabia ler, escrever e
contar. Respondi que sim e então foi me dado o Atestado e foi assim que entrei
no Ginásio. Prometi a ela que ao terminar o curso viria chama-la para a
formatura. Naquela época tinha festa de formatura na conclusão do Curso
Ginasial. Assim fiz, e a professora Adélia Costa foi comigo para a festa e só
disse que não iria dançar comigo, foi aí que dancei com uma namorada que tinha
que era de Cícero Dantas”.
Na verdade, o Raimundo Jacaré tinha frequentado algumas escolas particulares inclusive a das irmãs Maria e Teresa Freire, que era conhecida como Pedra Preta, fazendo referência a um presídio que existia em Salvador que tinha suas instalações muito precárias e a disciplina era rigorosa. Durante o curso conta Raimundo Jacaré que sofreu muito builling de colega e até mesmo de professores, mas que contou com o apoio da professora Maria Cruz, já falecida. "Segui estudando e me formei em Magistério. Fui o único aluno do sexo masculino na sala de aula.“
Prossegue Raimundo Jacaré. Como gostava
muito de música resolvi criar o Grupo Musical 007 composto por Brei (irmão de
Pedrinho), Viana, Zé de Tê (Zé Silvestre), uma sobrinha de Neto da Manteiga era
a baterista. Depois criei a Banda Los Tiernos com a participação dos
músicos Jurandir Rodrigues (contra baixo) Lourival (guitarra) ,
Pedrinho Leôncio (trompete ), Jaime ( sanfona),
Expedito Bernardo da Costa (tecladista), Paulo Ribeiro (trompete), Agnaldo Brito foi contrabaixista da primeira formação da banda, e Aurelino (trombone). Já cantora Orelana, depois José Bernardo Costa (Zé
Dudu) e José Domingos Santana (Cuia) cantaram na Banda Gibson. Viajamos muito e tocamos em vários
lugares “.
Foto 1. Walmir Ferreira na época da Banda Gibson. Foto 2. Walmir ( Wigú) com Zezé de Camargo. Foto 3.Os integrantes da Banda Gibson em momento de descontração. |
Fomos para Salvador e alugamos uma casa na Cidade Baixa onde ficamos por uns quatro anos. A decisão de ir para a Capital foi porque alguns dos componentes da banda precisavam continuar seus estudos e em Ribeira do Pombal não tinha curso de segundo grau. Passamos muitas dificuldades porque o dinheiro que ganhávamos com as apresentações não era suficiente para as despesas de tanta gente que compunha a banda. Os pais de todos nós ajudavam com alguma coisa, mesmo assim foi muito difícil. Por isto voltamos”.
Ele recorda da disputa entre os grupos e bandas musicais da época. “Tinha um ciúme e uma disputa acirrada. Lembro que arranjamos para tocar em Tobias Barreto e lá tinha uma banda Los Royales. Os caras vieram até aqui quando souberem que tinham nos contratado para se certificar se sabíamos tocar. Mas, suspendemos o ensaio para eles não ver. Perderam a viagem. Fomos, tocamos e agradamos tanto que o presidente do clube já queria antecipar nossa contratação para a próxima festa. Eu não aceitei porque planejava parar quando retornasse porque meus pais reclamavam muito que estava atrapalhando a minha vida e que precisava trabalhar. Foi assim que paramos.”
Porém, tempos depois o Raimundo Jacaré foi
chamado pela música e criou a Banda Gibson com Jurandir e Manelinho (que
moravam em Salvador), Joãozinho, Orelana. Walmir, Mesquita e com outros
remanescentes da Banda Los Tiernos. Dizem que esta banda era melhor que a
primeira e disputava com Los Guaranis, Lordão e outras que se destacaram naquela
época. Ele relembra que até Antônio Motor que tinha uma pequena banda foi
chamado para ser o segundo trompetista. Ele tocava trombone e era de outro
grupo político os Bocas Brancas e eu era Boca Preta. Mas, ele veio e tocamos
muitas vezes juntos. Na Gibson tocaram Jurandir Rodrigues ( teclado), Walmir Ferreira (Wigú, na guitarra e depois contra baixo), Jackson ( trompete), Hermiro Crueira (trombone), Ademar ( bateria), Joel Cruz.
Disse Orelana Sturaro que começou "na banda Gibson com Raimundo Jacaré e Walmir Ferreira, o Wigú, que é natural da Boa Hora. "Ela ficou contente quando Hamilton Rodrigues a procurou e disse que em breve terá um encontro com o Walmir para gravar umas músicas para um cd que pretende distribuir com os amigos mais íntimos. O pouco que entendo de música, ritmo e harmonia agradeço a eles dois. Raimundo Jacaré sempre foi muito certo, tinha horário para os ensaios e ele exigia que chegasse todo mundo no horário predeterminado. "
MAESTRO DA FILARMÔNICA
A Filarmônica XV de Outubro tinha excelentes instrumentos |
Foto 1. A Banda Los Tiernos fez sucesso na época. Foto 2. A Banda Gibson, era mais refinada, e tinha como cantor o Bento Daniel . |
O ex-componente da Banda Los Tiernos e que ainda toca na
Filarmônica XV de Outubro, José Aurelino Borges, de 70 anos de idade, fica emocionado ao
lembrar de sua participação e da convivência com os demais integrantes. Relembra
que quando estudou no CIEB o aluno tinha as matérias curriculares obrigatórias e
as opcionais entre elas música, cerâmica, carpintaria, marcenaria e tipografia.
Eu escolhi e música e em 1966/7 entrei na Filarmônica XV de Outubro tocando
trombone e o Raimundo Jacaré que era meu amigo desde a infância já estava lá. O
primeiro maestro foi o sargento Bernardo e depois o tenente Geraldo. Tocavam
na Filarmônica o Jaime, Cardoso (que hoje mora em Alagoinhas), Zé Pinto,
Lourival, Roberto Moraes, Mário e Aguinaldo Brito, Euclides (filho do professor
Erofilo) Paulo Ribeiro (que era um dos melhores), Pedrinho, de Alagoinhas, bom
pistonista.
Na Foto I ao lado vemos uma das formações da Banda Los Tiernos no contra baixo Jurandir Rodrigues de Souza, (trompete) Pedro Leôncio (Pedrinho), percussão Osmário Nobre , baterista Jaime Oliveira , Sanfona o Expedito, sax alto Paulo Ribeiro, trompete Lourival e na guitarra Raimundo Araújo ( Jacaré).
Foi nesta mesma época que foi criada por Raimundo
Jacaré a Banda Los Tiernos com Pedro Leôncio (Pedrinho), Lourival, Eu, Jurandir Rodrigues, Cardoso, Expedito,
Décio, Caboquinho e Jaime, que era o baterista. A gente ensaiava muito de segunda
à sexta-feira num imóvel que fica hoje nos fundos da loja da Honda. Quando nos
apresentávamos tocávamos cinco horas, ou seja, das vinte e três horas às cinco da manhã, com
intervalos de quinze minutos para beber água e ir ao banheiro. Hoje as bandas tocam
apenas de uma hora e meia a duas horas e ganham muito mais. Posso afirmar que Raimundo Jacaré
era um maestro competente e rigoroso que aprendeu praticamente sozinho a tocar
vários instrumentos, a ler partituras e fazer belos arranjos que a gente
executava na Banda Los Tiernos. Tocávamos desde músicas de Roberto Carlos,
Santana, The Fevers, The Beatles e muitas outras porque o nosso repertório era
vasto. "
José Aurelino e sua esposa Sandra Borges, e com seu trombone de vara que lhe traz boas recordações. |
Confirma Aurelino que a ida para Salvador ocorreu em busca de estudar porque em Ribeira
do Pombal não tinha segundo grau e Lourival e Jurandir já tinham concluído o
ginasial. Chegamos lá em 30 de dezembro de 1969 e fomos morar numa casa que
alugamos no bairro Jardim Cruzeiro, na Rua das Nações, 185, a na Cidade Baixa.
Começamos a tocar em pequenos clubes e o que a gente ganhava não dava para
cobrir as despesas. Passamos muitas dificuldades, comemos feijão por várias
vezes. Lembro que um dia só tinha uma lata de sardinha que dividimos por cinco pessoas.
Mas, insistimos porque não queríamos voltar atrasávamos o pagamento do aluguel
por quatro e até cinco meses, e quando a gente recebia pagava uns três e o seu Jorge,
dono do imóvel não nos pressionava. Também seu Bené que era dono da padaria
vendia o pão fiado e quando a conta estava alta ele avisava e no primeiro
dinheiro a gente ia lá e pagava. Somos gratos a seu Jorge e a seu Bené que nos
ajudaram muito. O importante é que éramos honestos e ninguém usava droga. "
Disse
ainda Aurelino Borges que "conheceram um vizinho que tinha sido maestro da Banda da
Polícia Militar o sargento Nelson Machado. Ele tinha conhecimento e arranjou
vários locais para a gente tocar e ainda nos transportava numa Kombi de sua propriedade.
Foi através dele que tocamos várias vezes no Clube dos Oficiais da PM, nos
clubes do Exército, Marinha e Aeronáutica, em Candeias, Periperi, Santo Amaro,
Serrinha, Colégio Costa e Silva na festa da Miss Seliba, Pojuca, Alagoinhas, Euclides
da Cunha, Tucano , Delmiro Gouveia , Inhambupe, Jorro , Cícero Dantas." Aurelino tomou
nota e tem até hoje todos os locais e datas em que se apresentaram. "Fiquei na banda Los Tiernos de 1968 a 1976. Depois
toquei na Banda Diamantes, de Periperi, e na Super Som, de Salvador. Depois Raimundo Jacaré montou a Banda Gibson
e fui tocar com ele. Esta banda era melhor que a Los Tiernos e competia com
Los Guaranis, Lordão e outras bandas consideradas tops da época”.
Sua esposa Sandra Borges morava nas proximidades onde os componentes a banda estavam residindo e disse que ficava curiosa porque eles repetiam muito as mesmas músicas. Ela tinha por volta de 14 anos e não tinha noção de que eles estavam ensaiando. Foi quando um irmão dela fez amizade com os pombalenses e ela se aproximou de José Aurelino Borges, conhecido por Tio, em homenagem ao tio Paizinho, que ele tanto gostava. Passou a ver as dificuldades que passavam e quase diariamente fazia uma sopa de verduras e mandava ou levava escondida para eles. A sopa era tão forte que ficou conhecida por Sopa Arranca Toco. Dizem que quando a turma tomava a sopa dava uma moleza no corpo. Ela lembra que entravam pessoas oferecendo drogas e eles nunca aceitaram. Ela mandava frutas quando a mãe fazia mercado e muitas vezes que eles iam tocar em algum clube e ofereciam alimentos costumavam trazer o que sobrava dentro dos próprios instrumentos para comer depois. Tempos depois ela descobriu que era prima de Aurelino, e hoje estão casados em têm dois filhos e netos.
Baixista e produtor musical Walmir Ferreira, (Wigú) com o sanfoneiro Mahatma Costa, premiado na Itália. |
34 comentários:
Gostaria de informar que a foto que consta do cover secos e molhados as pessoas ali são na verdade Joanilson (Cowboy) eu, Jussara ( irmã de Cowboy) Joãozinho e minha prima Zuleide
Antônio Walter Oliveira Dos Santos
Bom dia!
Raimundo Jacaré é uma pessoa muito importante para a cultura pombalense.
Foi meu professor das matérias boas do regime militar. As quais foram Educação Moral e Cívica e OSPB (Organização Social Política Brasileira).
Abraço, Raimundo!
Liane Katsuki -Holanda
Saludos !
Clara Nildes Jesus
Bacana.
Domingos Dantas Brito
Palmas!
Edna Silva
Muito bacana.
Maria Das Graças Santana
Bravo!
Joao Brito
Bela recordação! Parabéns.
Ivo Neto
Parabéns amigo Reynivaldo Brito belíssimo trabalho.
Jurandy Souza
Justa Homenagem à Raimundo.Parabéns à Reynivaldo e Hamilton Rodrigues.
Antonio Brito
Raimundo " Jacaré ", foi do e é do nosso tempo, tocador, artista, músico, rec. em eletrônica, etc.
Faz parte da nossa história, a história do Pombal.
Parabéns meu primo /amigo, " GRANDE REY"
Graça Gama
Boa recordação Parabéns Reynivaldo mais uma vez surpreendendo e parabéns ao Raimundo Jacaré .
Maria Das Neves Do Nascimento Nascimento
Justa homenagem!
Maria Cely Valadares Macedo de Souza
Um dedicado e apaixonado por tudo q faz.um homem decente.
Wiclea Lobo
Quantas recordações! Meu professor de aulas de música 🎵 não saí 😂 das notas musicais no livro BONA😄👁!!!
Wiclea Lobo
PARABÉNS Reynivaldo Brito POR ESSA HOMENAGEM,
Wiclea Lobo
Esses presentes tão Valiosos💝😍PR mim eu era muito pequena mas estão Tão VIVOS na minha memória q Recordo Claramente em detalhes.
Didil Costa
Maravilha de homenagem Rey! Os Gibsom foi o maior sucesso dessa época em nossa cidade. Embalou nossa geração. Grande Raimundo Jacaré! Foram sucesso nas festas do Grêmio Social e do Centro Recreativo São Vicente! Orelana era nossa estrela! Ainda hoje em alguns eventos, quando tem possibilidade, ela nos encanta. Dá uma palhinha e nos reporta pra esses bons tempos. Lembro de todos eles com muito carinho. Faltou na homenagem o nome do Jackson (Jaquinho de Sr.Horácio), conforme aparece nas fotos. Tocava baixo e as vezes dividia o microfone com nossa querida Orelana. Inesquecíveis. Todos eles! Se fizessem hoje uma festa com os integrantes, certamente seria uma alegria. Um momento inesquecível pra quem acompanhou o sucesso desse grupo musical. Parabéns Rey. Vc sempre nos surpreende com pessoas e fatos marcantes na história na nossa querida Ribeira do Pombal!
Didil Costa
Olha que maravilha de homenagem Orelana Sturaro!
Didil Costa
Orelana Sturaro Nana querida vai pensando aí nesse flashback! Seria sucesso total!!
Orelana Sturaro
Belo trabalho de Reynivaldo Brito e Hamilton Rodrigues. Estou muito emocionada, bateu uma saudade danada...uma volta ao tempo .
" e o sol, mas manhãs de setembro, eu quero sair, eu quero falar, eu quero ensinar o vizinho a cantar.." grande Vanusa, bela música que fazia parte do nosso repertório Gibson 👏👏👏👏👏.
Essa música marcou, como também Espanhola.
Benjamin Brito Gama Junior
Orelana Sturaro vc arrebentava juntamente com essa incrível banda com Jacaré no comando.
Marcia Magno
Você está me saindo um senhor desenhista, ilustrando suas estórias!!!
Benjamin Brito Gama Junior
Parabéns Reynivaldo Brito e Hamilton Rodrigues,belíssima homenagem.
Emmanoel Brito
Merecida homenagem!!!
Parabéns Rey!!
Lucia Bacelar
Você nos surpreende Rey , trazendo sempre relatos de pessoas como Raimundo, Jurandir e tantos outros que têm suas parcelas de contribuição para o crescimento e desenvolvimento da nossa querida cidade. Justas e merecidas homenagens á todos até o momento lembrados. Relembrar é viver!!
Teresinha Nogueira
Que legal bom trabalho!
Jodevania Alves
Palmas!
Lauro Lima
Muito bom!
Parabéns!
Suzete Baptista
Parabéns!
Menelaw Sete
Palmas!
Reynivaldo e Hamilton,
Meu coração encheu-se de alegrias e saudades com essa justa homenagem a Raimundo Jacaré.
Quando eu participava dos Shows de Calouros, tinha o acompanhamento musical dessa Banda Gibson. Deu-me uma saudade danada de Valmir.
Eu participo de um coral de nome “Cantando com Amigos” nesta cidade, que no ano de 2019 prestou uma homenagem a Raimundo que nos relatou que há 15 anos não tocava o seu Sax. Foi um momento marcante e surpreendente tanto a ele quanto para nós que prestigiávamos o espetáculo. Obrigada!
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