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Ilustração de Juarez Santana e Mariluce , sua esposa , na Fazenda Santa Tereza D'ávila junto a um novilho. |
Numa das sessões do Pleno quando os desembargadores vão julgar e discutir temas jurídicos importantes Juarez defendia que os magistrados que cometessem delitos deveriam ser punidos com rigor. Isto ocorreu porque na ocasião discutiam sobre uma aposentadoria compulsória de um magistrado por cometer crime. Disse Saulo Santana que seu pai declarou no Pleno "nós devemos satisfações à sociedade. É um absurdo , e chega a ser um estímulo , um prêmio, uma compensação ao crime, precisamos lutar para mudar esta lei".
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Vemos a família reunida . Minha saudosa amiga d. Teresa Morais, Juarez e filhos, os cunhados Benjamin com o filho de Cristina, e Cristina abaixada. Atrás Ferreira Gama, seu sogro. |
No dia 2 de dezembro de 2003 ele publicou um artigo no Diário da Justiça com o título Corporativismo onde mostra sua revolta contra a Lei da Magistratura que garante aposentadoria compulsória com vencimentos integrais ao juiz que comete crime, e critica também o político corrupto ou que tenha cometido outros crimes . Diz num trecho do artigo "A isso chamamos Corporativismo palavra originária das ditaduras da vida, o Corporativismo, segundo Aurélio, é a "defesa dos interesses e privilégios de um setor organizado da sociedade, em detrimento do interesse público". Pergunta-se : e o interesse público , onde é que fica nessa história? A ditadura acabou. Estamos escrevendo numa democracia na qual a palavra Corporativismo não cabe mais em nenhum contexto. " E prosseguiu "O cidadão está cansado de ligar a televisão ou ler o jornal e assistir a julgamento, cuja pena não passa de aposentadoria compulsória ou renúncia do mandato. Ora, esses senhores também estão cometendo crimes. O colarinho branco não distingue o mérito da questão. Até quando acolherão os Poderes desta República de cidadãos civilizados, em suas leis, o Corporativismo?"
Era filho de uma professora d. Julieta Alves e de um escrivão o João Santana. Juarez tinha uma forte ligação com a terra. Foi assim que comprou umas terras entre os municípios de Ribeira do Pombal e Caldas de Cipó e deu o nome de Fazenda Santa Tereza D'ávila. Chegou até a comprar um Jeep Willys para ir para sua fazenda. Esta terra lembra Saulo Santana "tinham uns fios de ancestralidade que os ligava". Antes do último dono, as terras pertenceram ao avô materno de Mariluce, sua esposa.
Certamente a sua fazenda era um dos locais onde mais se identificava e ficava alegre. Lembro que vi por várias vezes Juarez Santana falando de sua fazenda e dos produtos que tinha colhido, e até vendia para alguns aos amigos. O dr. Juarez Alves de Santana nasceu em 26 de setembro de 1936 no povoado de Creguenhem, município de Tucano - BA e faleceu em 13 de julho de 2011, portanto faleceu aos 75 anos de idade.
Filho de João Cerqueira de Santana e Julieta Alves de Santana, ela natural de Salvador, que foi nomeada para ensinar naquele pequeno povoado.Juarez aprendeu as primeiras letras, como se dizia à época, com a mãe em casa. Aos 9 anos, foi conduzido por seu pai para a casa dos avós paternos em Caldas de Cipó, a fim de ficar sob os cuidados de sua tia Odete, até seguir para o exame de admissão no Colégio Antônio Vieira, em Salvador.Neste colégio, cursou o ginásio até o científico. Prestou vestibular de Direito, na UFBA; nesse período, passou no concurso dos Correios e Telégrafos. Concluído o curso de Direito, foi aprovado em concurso, o mais importante da sua vida, dessa vez escolheria entre a carreira de juiz .
Escolheu a magistratura e, desde o início, já deixou claro a seriedade com que exerceria sua profissão. Passou por quatro comarcas e em todas deixou a sua marca de juiz que dignificou a sua profissão, sem nenhum deslize. A trajetória de Juarez Santana teve início na comarca de Ribeira do Pombal, a partir do final da década de 60 .Ali ele conheceu a professora Mariluce Morais Brito com quem se casou em 26 de fevereiro de 1972, de cujas núpcias tiveram quatro filhos: Saulo Leonardo, Rafael (falecido), Paula e Candice.
Em Ribeira do Pombal foi se integrando à sociedade local e se mostrando aquele ser humano simples e até humilde, mas firme, imparcial e extremamente defensor das leis e da justiça no exercício dessa sua principal missão. Além de magistrado, Juarez Santana exerceu outra nobre função que foi a de professor de Língua Portuguesa, no Ginásio Evencia Brito, onde deu mais uma importante contribuição.Dessa vez, formando jovens não só pelo ensino em si, mas sobretudo por seu exemplo de retidão, de caráter e valores morais.A sua passagem pela vida deles até hoje é lembrada sempre com demonstração de amizade, respeito e gratidão.Após Ribeira do Pombal, Juarez Santana foi promovido para a comarca de Jacobina, onde permaneceu de 1975 a 1977, quando pediu transferência para a comarca de Amargosa.
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Saulo Santana, filho de Juarez |
Disse ainda Saulo que seu pai "não deixava de acompanhar a esposa Mariluce nas visitas a Dona Nivalda e Indaiá, por exemplo, nossas queridas primas, respectivamente mãe e irmã de Reynivaldo Brito . Nesses encontros divertidos, estava muitas vezes presente dona Teresa Morais, sua sogra que muito o admirava e fazia a alegria do encontro.Dr. Juarez era como um irmão para os seus cunhados, participando do dia a dia e muitas vezes orientando em determinados momentos.Mas, naquele 13 de julho de 2011, pegou a todos de surpresa deixando um grande vácuo em nossas vidas. "
Mário Brito foi aluno e amigo do dr. Juarez. |
Vamos falar um pouco sobre o professor de Língua Portuguesa que sempre tratava seus alunos com urbanidade, mas, severo e exigente tanto nas notas como na cobrança de nosso comportamento onde eu era um dos mais inquietos alunos da turma que concluiu o curso em 1969.
O dr. Juarez possuía um fusca que poucos alunos tinham o privilégio de pegar carona, o que acontecia comigo, Zé Morais, Vandinho e Gabriel, causando ciúmes de outros alunos que não tinham o privilégio de gozar da amizade do professor. Amizade entre o aluno e o professor se consolidou quando ele veio ser juiz na Capital entre o advogado e o referido juiz,amizade só desfeita com o seu falecimento" .
NR- Quero agradecer a Hamilton Rodrigues, a Saulo e Marluce Morais e outras pessoas que contribuíram para a publicação deste texto por mim finalizado falando sobre o saudoso Juarez Santana.