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segunda-feira, 29 de abril de 2019

A ENTREVISTA ENCOMENDADA DE UM CONDENADO

A sala da Polícia Federal se transformou num palanque
para o condenado falar mal da Justiça e do Governo.
Esperei calmamente, li muitos comentários e assisti alguns vídeos que repercutiram a entrevista encomendada dada a dois jornalistas que se mostraram simpatizantes do entrevistado.  A  Mônica Bergamo, que estava no dia em que o Lula foi preso na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, representou a Folha de São Paulo, e o Florestan Fernandes, correspondente do El País, jornal espanhol. Confesso que tive que fazer um esforço pessoal para assistir até o final o tal arremedo de entrevista que deve ser guardado com cuidado para ser utilizado nas aulas práticas de Comunicação, como exemplo  de uma entrevista encomendada , e que não passa credibilidade. 
Tudo me pareceu combinado, inclusive o Lula se apresentou com um calhamaço de papel que tirou de um envelope pardo. Não sabemos o que tinha ali escrito, se eram as perguntas previamente passadas ou alguns dados. O que importa , é que apenas serviu para ser exibido.
Os dois jornalistas não fizeram, durante mais de duas horas de entrevista , uma pergunta que trouxesse qualquer desconforto ao condenado. O que assistimos foi uma rasgação de seda , insistindo  todo o tempo de chamar o ex-Presidente de Presidente . Notei ainda que a Mônica Bergamo exibia um sorriso , além de irradiar um semblante de completa satisfação. Parecia uma foca pulando de alegria ao conseguir entrevistar uma celebridade. 
Mônica Bergamo estava visivelmente embevecida com a
presença do entrevistado.
O Lula discorria como estivesse em plena campanha eleitoral com sua tradicional arrogância  posando de comentarista político, em outros momentos sugerindo políticas nas áreas de economia e até das relações internacionais. Defendeu o rombo do BNDES , que emprestou bilhões de reais a países latinos e africanos com o risco 7, o maior risco numa escala usada internacionalmente sobre empréstimos externos.
Não trouxe nada de novo. Em determinados momentos expelia seu ódio ao juiz Sérgio Moro e ao procurador federal Deltan Dallagnol. Pedia que os outros fizessem suas autocríticas, e ele sempre era a vítima de uma armadilha . Disse  " espero provar minha inocência". Que inocência ? Com tantas provas e novos processos? Já foi condenado até em terceira instância, por um tribunal superior, e tem outra condenação que será remetida em breve para julgamento em segunda instância, fora outros processos que estão na fila. 
Criticou muito a Justiça, que lhe beneficiou com esta estranha entrevista, através de dois ministros nomeados por ele o Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli. Não poupou críticas à Reforma da Previdência, e até convocou os trabalhadores a protestarem contra a reforma nas ruas. 
Portanto, é realmente muito estranha a concessão desta licença para que um condenado duas vezes pudesse ser entrevistado . O pior é que o preso ainda criticou e conclamou o povo para se manifestar contra o Governo. A sala da Polícia Federal foi na realidade transformada num palanque para que  um condenado duplamente por corrupção falasse contra todos que considera seus desafetos.
Fotos reprodução da TV Folha.

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