Revista: Manchete 16 de Janeiro de 1982
Foto Arestides Baptista
Em Salvador, após uma noitada de festa, o ponto alto do Ano-Novo foi a tradicional procissão do Bom Jesus dos Navegantes

Durante a procissão do Senhor Bom Jesus dos Navegantes, que desde 1892 faz parte essencial das comemorações do 1° de janeiro, quebrou-se agora um dos mais antigos tabus da Bahia: até hoje, nenhuma mulher tivera permissão para ficar na galeota (a mesma, por sinal, desde 1892) que transporta a imagem do santo. Mas, este ano, a presidência da Comissão de Festas da Irmandade de Boa Viagem é ocupada por uma mulher, a senhora Zuleide Plácido, que, apesar de todas as ameaças e maldições, resistiu a todas as pressões mas não abriu mão de seu direito de acompanhar o Senhor dos Navegantes. A madrinha oficial dos festejos viajou pois, na galeota, ao lado do Cardeal Dom Avelar Brandão Villela, dos membros mais ilustres da Irmandade e dos marujos comandados pelo velho Mestre, que há 51 anos dirige a embarcação durante a procissão maior.
O capitão tinha anunciado até uma catástrofe, com a presença de mulher na galeota. Mas durante as quatro horas que durou a procissão, do Cais da Praça Cairu até o Farol da Barra, retornando em seguida à Praia da Boa Viagem, tudo correu às mil maravilhas, em meio ao barulho das orquestras que iam nos barcos do cortejo. Os baianos estão convencidos de que este ano será abençoado, e esperam agora a segunda grande festa do mês, a Lavagem da Igreja do Bonfim, que se celebrará no dia 8.
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