Objetivo


terça-feira, 28 de junho de 2022

VANTAGENS DA POLARIZAÇÃO POLÍTICA

Uma ilustração para mostrar o que estamos vivendo hoje.
Vejo com um olhar de apreensão alguns "comentaristas" e "especialistas" em política dizer que a polarização é ruim. Ao contrário, o que é ruim é esta salada de partidos políticos, cada um com seu dono, que servem apenas como negócio de manobra para atacar o Erário Público exigindo cada vez mais recursos através o Fundo Partidário (Fundão) que este ano é de 4,8 bilhões de reais, e das milionárias emendas parlamentares obrigatórias. Temos cinco partidos comunistas defensores de regime totalitário, contrários ao Estado de Direito, os quais são financiados e mantidos pelos cidadãos democratas através do pagamento de impostos.  Temos 81 senadores, 513 deputados federais, 1.090 deputados estaduais, 5.570 prefeitos e 57.261 vereadores. É preciso diminuir este número de senadores, deputados federais e estaduais e vereadores. Com a polarização seriam dois partidos fortes disputando com programas bem definidos como acontece nos Estados Unidos com os Republicanos e  Democratas. Veja que recentemente eram os Republicanos que estavam no poder e agora são os Democratas, que já demonstram enfraquecimento, e podem ser substituídos por um governo Republicano nas próximas eleições. Existem ainda os partidos Verde, Libertário e o da Constituição que são tão insignificantes que não aparecem nas cédulas eleitorais da maioria dos estados americanos. Na Inglaterra são os Trabalhistas e os Conservadores, e assim acontece na maioria das grandes democracias do mundo.

Duas coisas que dão lucros extraordinários no Brasil são partidos políticos e igrejas. Por isto, que temos trinta e dois partidos políticos atuando e mais trinta e seis partidos em formação e uma infinidade de igrejas. Isto é uma aberração e uma porta aberta para a corrupção. Defendemos uma reforma política ampla , logo após este pleito de outubro, para que diminua esta farra com o dinheiro do Fundão, e saibamos efetivamente quem defende as ideias liberais, as nossas liberdades, os valores familiares de uma sociedade ocidental, a propriedade privada, o direito do cidadão de bem andar armado para sua defesa, e quem é contra e luta por um estado totalitário estatizante, contra as liberdades individuais e a destruição da família. Alguns partidos comunistas mudaram até de nome para enganar os menos informados e politizados. O Partido Comunista do Brasil _PC do B agora quer adotar um nome fantasia para esconder a palavra comunista. O Partido Popular Socialista (PPS) mudou para Cidadania, onde abriga centenas de comunistas. São maneiras de enganar os menos informados e ´politizados, mas são todos partidos compostos por políticos antidemocráticos.

Com a polarização as posições políticas ficam bem definidas e diminui muito a possibilidade de enganar o eleitor. No Brasil de hoje as eleições estão polarizadas nos que apoiam a política liberal do Presidente Bolsonaro e os que seguem o ex-presidiário com sua plataforma totalitária, que quer destruir o nosso país. Os programas serão mais expostos e discutidos no Congresso Nacional , nos comícios, na mídia, nas redes sociais, nas ruas e nos locais públicos apropriados. Hoje a discussão está manipulada com o aparelhamento que foi feito nas escolas, na Justiça  e na mídia , durante trinta anos de governos de esquerda, e assim estamos formando gerações de jovens que não sabem o perigo de um regime totalitário. Enquanto as populações oprimidas em ditaduras totalitárias, quer sejam de esquerda ou direita, querem se livrar dos ditadores, aqui muitos torcem por um regime totalitário por total desinformação e ignorância. ( Texto de Reynivaldo Brito).

 

sábado, 18 de junho de 2022

OS REISADOS AINDA SOBREVIVEM NA ZONA RURAL

As Figuras e os Galantes do Reisado.
 A manifestação popular religiosa  do Reisado continua resistindo na zona rural em Ribeira do Pombal onde três grupos distintos todos os anos a partir do mês de setembro saem pelas roças ( pequenas propriedades) e povoados  cantando e dançando para a alegria dos que gostam deste tipo de folguedo, e no dia 6 de janeiro é o auge no Dia dos Reis Magos. A principal figura do Reisado era d. Bejo, que  faleceu em 29 de setembro de 2016. Nas localidades de Pocobatiba, Alexandrino e Pedra esta manifestação de caráter religiosa e cultural ainda permanece viva. Porém, constatamos que  enfraqueceu muito nesses últimos três a quatro anos com a morte de importantes líderes e figurantes, e que se alguma medida urgente não for tomada pela Secretaria da Cultura para reacender esta chama o Reisado vai desaparecer do nosso município. O  filho de d. Maria do Bejo, o sr. José Santos Cruz, conhecido como o Zé de Bejo, 63 anos de idade, prossegue lutando para manter a tradição de sua mãe. Ele é  casado com d.Josefa Santana Cruz,  (Nenê de Vicente), têm nove filhos, sendo  oito  homens Roberval, Rosival, Francisco Jadson, José Orlando, Rafael, Domingos, Raimundo, Ismael e Maria de Fátima. É este casal de leva o Reisado na localidade de  Alexandrino . Eles lutam para  manter uma quadrilha junina e o Reisado, mas ,disseram  que a dificuldade atualmente é arranjar  as Figuras e os Galantes porque os jovens não querem, e alguns ao invés de se orgulharem em preservar esta importante tradição têm vergonha de participar do folguedo. Conta o Zé de Bejo que sua mãe "iniciava o Reisado desde o mês de setembro, e que o grande momento  era no dia 6 de janeiro." Eles formam o Reisado com umas treze a quinze pessoas sendo três tocadores : um sanfoneiro, o do  triângulo e o  pandeirista. Às vezes a mesma pessoa faz o Boi e o Jaraguá, tem o Gato, o Caboclo, dois Galantes, quatro Figuras , o Véio e a Dona do Baile. Ela  é quem depois da chegada do Caboclo na casa visitante  pede licença aos donos da casa para dar autorização para os demais entrarem e começarem a dançar. Geralmente os donos da casa oferecem bebidas e comidas e a festa continua na maior alegria até o raiar do dia.

Foto 1. Beijamim (Bejo) e d.Mariana (d.Bejo).
Foto 2.O filho Zé do Bejo  e sua esposa d. Nenê
 A d. Mariana Pereira dos Santos,(Maria de Bejo ou d. Bejo) nasceu em oito de janeiro de 1934 e faleceu em vinte e nove de setembro de 2016, portanto morreu aos 82 anos de idade,  e seu esposo Beijamim Adelino da  Cruz  (Bejo)  nasceu em 30 de março de 1940 e faleceu em 6 de julho de 2017. Tiveram oito filhos: José, Ivan, Pedro, Humberto, Dado, Josefa Luzia, Carlos e outra Josefa. Quando criança  a d. Bejo já dançava no Reisado do Zé de Nizo. Seu filho Zé do Bejo  não sabe  dizer o ano em que sua mãe iniciou o seu próprio  Reisado. Depois que casou, e com o falecimento de Zé de Niso o Reisado onde ela começou a dançar acabou. Inconformada  resolveu fundar seu próprio Reisado. Confessa seu filho  o Zé do Bejo, atual líder do Reisado de d. Bejo  que as pessoas que assistem e participam  sempre acham muito engraçado e bonito. No início tinha o violão, e trocamos pelo sanfoneiro que está há muitos anos com a gente. As cabeceiras somos nós dois, eu e minha mulher,  estamos lutando para manter. Sou o Caboclo e quando falta uma peça  a gente  improvisa. Estamos à frente do Reisado e a dificuldade atual é reunir as Figuras, que são as mulheres dançarinas e os Galantes  que compõem do Reisado. Os jovens hoje em dia não se interessam pela tradição."

Já o Reisado de d. Morena na localidade de Pocobatiba (Tapera) pode ter seus dias contados, se alguma providência da Secretaria da Cultura e de políticos da região não tomarem a iniciativa para salvar. A d. Morena falou das muitas dificuldades e entre uma fala e outra cantava : "Ana vamos vadiar. Eu não vou lá. Tanto tempo que aqui já chegamos, Tanto tempo que aqui já chegamos / Cadê o dinheiro que nós já ganhamos / Cadê o dinheiro que nós já ganhamos. E continua  Dono da casa eu quero água / Dono da casa eu quero água/ Ei Santo Antônio me chamou / Eu vou louvar. Dono da Casa eu quero água ", ai começava o sambinha sob o som do pandeiro, violão e da sanfona.
Foto 1. D. Mariana Pereira dos Santos ( d. Morena)
Foto 2. Zé de Carlos, filho de d. Nenê da Morena.
Foto 3. D. Lúcia Militão, a d. Nenê da Morena.
A d. Lúcia Militão de Santana, a Nenê da Morena, tem 60 anos de idade e está com problemas de saúde. Ela brinca o Reisado desde os sete anos de idade, "venho acompanhando esta tradição desde criança, e a última vez que saímos foi antes da pandemia. Nos apresentamos aqui na Tapera. Ao nosso Reisado nunca demos um nome. Só fomos procurado uma única vez. Já dançamos em Ribeira do Pombal, em Cipó e aqui na Tapera. A gente quase não tem  apoio. Só uma vez quando o senhor Oswaldo Rocha esteve aqui e organizamos tudo. Sempre enfrentamos dificuldades. Nas apresentações nas casas a gente leva uns raminhos cheirosos e as pessoas dão pequenas contribuições. Com isto compramos papéis e outros materiais para se enfeitar e sair novamente."

"A gente chega na casa e bate na porta : Bendito louvado seja o Menino Deus nascido. Que no ventre de Maria nove meses foi escondido. "  A folhinha do pau cai e a galha fica bulindo . A folhinha do pau cai e a galha fica bulindo. A sabiá da ramagem  faz o seu ninho. Senhor dono da casa acorde se está dormindo." E volta a se lamentar da dificuldade de arregimentar pessoas para participar do Reisado. "Hoje não temos pessoas para serem Figurantes e Galantes. Este pessoal novo não quer participar e alguns sentem acanhados ou com vergonha. Dessa meninada nova ,ninguém dança . "

Quem levou o Reisado  para a localidade de Pocobatiba foi Zé Miudo e Antônio Caetano, eram pessoas mais velhas, e o Nininho da Cabocla que levava todos do Reisado para dançar em vários lugares como Olho Dágua e nas roças dos amigos . Não tinha fotos e filmes e nunca foi filmado. "Só depois que Marcelo Silva viu a gente e fez o registro. Os reisados antigos desapareceram : Reisado do Nininho da Dodó e de Reisado de Zé Miudo e só resta aqui o Reisado da Morena, que enfrenta dificuldades. "Os antigos estão doentes e velhos e não aguentam mais dançar", confessa d. Nenê da Morena. 

Com o falecimento de d. Morena, e o assassinato do Zé de Nenê de d. Morena, que era o Caboclo piorou tudo. "Esta tragédia enfraqueceu mais ainda a minha função. Ele fazia o Casamento do Tabaréu e eu faia O Judas e o Reisado. Sempre estava presente fazendo e providenciando as coisas comigo. Sem ele eu perdi as forças". A d. Nenê anda triste depois do  falecimento de José Carlos Santana de Jesus, o seu filho que tinha apenas 40 anos. Mataram no bar ele estava sentado quando um criminoso atirou num desafeto  e uma bala perdida  pegou nele. Ele gostava de fumar e beber uma cachacinha, e estava sentado numa cadeira na calçada do bar quando foi atingido.

Luciana, a Nambuzinh
do Reisado de d. Morena.
A d. Nenê de Morena diz que " fazia  também o Forró dos Coroas. No último Sábado da Aleluia fizemos um e dançamos até o araiar do dia. Foi muito animado, foi em Zezito, na Codema ". Ela é uma espécie de animadora cultural. "Se Deus me der vida vou fazer na Virada do Ano.  Sempre fazia em São Pedro quando comemoro o meu aniversário. Eu sempre fui a d. Deusa e meu filho era o Caboclo, no Reisado".

E as três Marias da aldeia dos caboclos E as três Marias da aldeia dos caboclos. Senhora Dona do Baile, Senhora Dona do Baile vim lhe pedir um favor, vim lhe pedir um favor. Isto canta na hora de matar o boi. A Figurante Luciana Santana Santos, 27 anos, sempre gostou de participar " por ser uma tradição e me divertia muito junto com a Nenê . Eu era a Nambuzinha . Em seguida passou a cantar : Nambuzinha quer ser freira? Não senhor quero é casar. Nambuzinha quer ser freira? Não senhor quero é casar. Tenho o dia pra o descanso e a noite pra namorar. Oh sindô lelê. Oh sindô lalá. Esta barquinha vai embora lá pra cima do Pará. Esta barquinha vai embora lá pra cima do Pará. Para o ano se Deus quiser e a morte não me matar Oh sindô lelê. Oh sindô lalá.E cantou outra toada : O mês de janeiro, é o mês da trovoada .Sabiá puxa ramagem para fazer o seu
ninho. Devagarinho vou puxando o meu caderno. A mocinha moderna me parece um passarinho. Eu chego lá faço uma casa de sapé...Adeus  caboclo vamos embora para nossa terra, vamo-nos embora.... 

O Reisado da Pedra, era dirigido por Elias Brasil que começou em 1987. Quem fundou foram Antônio Fonseca, seu filho Manoel Fonseca (Mané de Toinho), Zuza, João Bota, (falecido há mais de 70 anos), e agora continuam João de Etelvina, Vandinho de Pedrinho Tomé, João Quixabeira, Ana de Carmelita e Nininho Nascimento. Elias está  com um problema de saúde e não  dança mais. Dirigiu o Reisado da Pedra até 2016, e agora eles estão tocando. "Me deram um sequestro, e só não apresentaram durante a pandemia, mas continuo participando do grupo. Na última apresentação  a Edelzuita ,que é uma das principais peças do Reisado ,não participou porque houve uma briga aqui e mataram o filho dela." Ao lado temos: Foto 1 - Vemos uma apresentação do Reisado da Pedra . Foto 2 - Elias Brasil. Foto 3 e 4 São duas Figurantes d. Edezuita de Zé de Cirilo e d. Maria de Domingos  do Reisado da Pedra.

                  ORIGEM DO REISADO

Alguns integrantes do atual Reisado de d. Bejo
A manifestação popular de origem católica chamada de Folia de Reis, Companhia de Reis, Festa dos Santos Reis, e aqui em Ribeira do Pombal conhecido por Reisado é uma comemoração religiosa da Epifania do Senhor ou Teofonia que nada mais é do que celebrar a Adoração dos Magos ao nascimento de Jesus Cristo. Veio de Portugal onde é chamado de Reisada ou Reiseiros. 

A Wikipedia informa que  a "denominação fala dos festejos entre o Natal e o Dia de Reis e 6 de janeiro . Como os autos sacros, com motivos sagrados da história de Cristo (...) no Brasil, sem especificação maior, refere-se sempre aos ranchos, ternos, grupos que festejam o Natal e Reis" na definição do folclorista Câmara Cascudo, que completa: "o Reisado pode ser apenas a cantoria como também possuir enredo ou série de pequeninos atos encadeados ou não".

"Nestes festejos existem elementos musicais com a presença de vários instrumentos (desde acordeons, violões, violas, cavaquinhos, reco-reco, caixas, pandeiros, etc.) em que os participantes do reisado visitam as casas de porta em porta com sua cantoria, lembrando a viagem dos Reis Magos para levar ao Menino Jesus seus presentes de ouro, incenso e mirra. Esta manifestação revela a combinação de duas figuras da teologia a epifania (como sendo a aparição ou manifestação divina, no caso a primeira manifestação de Jesus entre os gentios) e a hierofania (manifestação do sagrado em objetos, formas naturais ou pessoas); reúne, assim, elementos sagrados e profanos."

O Reisado é de origem egípcia considerada uma festividade profano religiosa. No Egito era chamada de Festa do Sol Invencível, comemorada em 6 de janeiro. Na Europa foi adotada, inicialmente, pelos romanos em 25 de dezembro (data em que nasceu Jesus Cristo, segundo os cristãos). Instalou-se em Sergipe no período colonial, através dos portugueses.  Atualmente, é dançado em qualquer época do ano e os temas de seu enredo, variam de acordo com o local e a época em que são encenados, podem ser: amor, guerra , religião, entre outros.

Cristina, Figurante do Reisado de
D. Morena conhecida por Gure.
Sua comemoração começa à véspera do Dia de Santos Reis. No período de 24 de dezembro a 6 de janeiro, grupos formados por músicos, cantores e dançarinos  vão de porta em porta, anunciando, a chegada do Messias  e fazendo louvações aos donos das casas.

Lembro que meu pai tinha um caminhão Chevrolet .Eu era criança e subimos na carroceria, juntamente com várias outras crianças e adultos da vizinhança e fomos para o Salgadinho acompanhar um Reisado, que se não me engano, tinha vindo da localidade do Bodó. Saímos à noite em  direção ao Salgadinho e ao chegarmos descemos do caminhão, e nos aglomeramos em frente da casa do meu avô Yoyô, que não era muito de folguedos. O Caboclo bateu insistentemente na porta da casa, mas meu avô não abria a porta. Os Figurantes e Galantes cantavam e nada. Depois de algum tempo resolvemos ir em direção à casa de tia Julieta, que morava naquela época no Salgadinho. Como era noite,  muitos nós não enxergamos no caminho uns pés de cansanção, que é uma espécie de urtiga, e ficamos com as pernas e pés cheios de caroços e coçando muito. Finalmente, a porta foi aberta e o Reisado pode se apresentar e cantar até o dia raiá.

                                     HOMENAGEM DO CORAL

Os membros do Coral paramentados  para o Reisado em
homenagem a d. Bejo.
A professora Aurezi Ribeiro uma das integrantes do coral  disse que "é necessário viver a História para que não esqueçamos quem somos". Daí a importância deste coral que homenageou a líder d. Beja falecida recentemente.  Ela disse que tem lembrança de ainda criança assisti na pracinha do povoado da Boca da Mata a apresentação de  um reisado em companhia de seus pais. Nos eventos da Cultureira que ocorre no mês de setembro o então Secretário de Cultura, Osvaldo Rocha sempre apresentou o Reisado de Maria do Bejo ) Bejo se refere ao esposo dela Benjamim e não ao ato de beijar) uma senhora do campo, dotada de uma sabedoria, moradora da Fazenda Alexandrino no Povoado da Feira da Serra. Ela dançava o Reisado com os filhos , genros  e filhas , genros e noras e netos, "conta Auzeri Ribeiro. 

Disse ainda que um dia "em sua modesta casa ela fez uma encenação do Reisado e  minha irmã Adenalva filmou tudo, enquanto eu tomava nota das coisas. Infelizmente perdemos esta filmagem. Mas, quando lecionava na Escola Sílvia |Brito tivemos a oportunidade de organizar com os alunos o Coral Cantando com Amigos cujo idealizador foi o Antônio Viana, proprietário da Auto Peças Viana. Ele juntou um grupo de amigos de chamada terceira idade  e nos apresentamos nas praças Getúlio Vargas e da Juventude, no Dia dos Pais e no Natal. Depois surgiu a ideia de aprendermos as toadas do Reisado para apresentar na Cultureira, nas escolas, e nos povoados, e no dia 6 de janeiro , Dias de \Reis, encerramos com um desfile pelas ruas de Ribeira do Pombal".

O Reisado da Pedra se apresentando.
Ela lembra que o Reisado que apresentam é assim constituído: pela Chegança numa casa cantando :OH de casa! oh de casa!/ Oh de fora! Oh de fora! Em seguida vem a apresentação da Figuras  e Galantes que tê nomes de animais e plantas. A Dona do \baile era a d. Bejo, em seguida vem o Papagaio, o Pinicapau ( Pica-pau) o Tomateiro, o Cajueiro, a Moreninha , a Lavadeira e a Derradeira. Todos focam sapateando sob o comando do Caboco ( Caboclo) que normalmente usa um apito e uma vareta. 

A Dona do Baile anuncia a Hora do Raminho, que antigamente era um raminho de alecrim ou outra planta cheirosa retirada da caatinga e oferece às pessoas queridas , enquanto canta algumas toadas. "Quem me dera eu vê hoje / A dona desse Reisado/ Lá do Céu ela tá vendo Olê! Olá/Todo nosso sapateado/ eu só sinto, mas não vejo/a quem devo gratidão/ Eu vou oferecer meu ramo Olê Olá./ A |Maria de Bejo de coração.Vem a parte do Boi que é iniciada com uma cantiga ou toada para o Boi entrar na casa. Mas, de repente vem um Gato e mata o Boi, e as figuras ficam questionando como este Gato apareceu. Já que o Boi morreu, a Dona do Baile vai ofertando as partes e oferecendo aos presentes, enquanto as Figuras cantam: Valha-me Deus ! /  Janeiro morreu!". Porém, inesperadamente o Boi ressurge canta o seu lamento e desaparece. 

Eis que surge o Jaraguá que entra cantando e já vai pedindo dinheiro para a plateia para garantir a sobrevivência do Reisado. Depois vem  o personagem do Véio ( Velho) querendo casar . Ele vaga entre as Figurantes que riem e debocham do Véio. Finalmente a Derradeira aceita a proposta de casamento e eles trocam versos de amor. Chega o momento que até a Derradeira fica arrependida,  e então o Caboco (Caboclo) que estava enciumado troca insultos com o Véio. Logo em seguida as Figuras cantam o Lamento do Caboco que cai estendido no chão.

Vem a Dança das Fitas , que o Coral introduziu, mas que tradicionalmente não faz parte do Reisado de Maria do Bejo. Conta Auzeri Ribeiro que já foi ai " uma intervenção do Coral . Consta das Figuras em círculo e um mastro com as fitas no meio. Cada Figura vai circulando passando a fita de uma para outra e cantando versos. "Finalmente, tem a Despedida quando a Dona do Baile convida : "Minhas Figuras vamo-nos embora / Despedida é hoje , todo mundo chora! Depois convida alguns presentes a participar e forma-se um grande círculo .

Osvaldo Rocha, vem
apoiando o Reisado.
Para o Osvaldo Rocha, Diretor de Cultura de Ribeira do Pombal ,"o Reisado é uma das fortes tradições do folclore brasileiro e no Nordeste mais forte ainda. Aqui em Ribeira do Pombal temos três Reisados importantes   que se apresentam no Dia de Reis e em outros eventos que é o de Pocobatiba, localidade próxima ao povoado de Tapera, o Reisado da Pedra, que tem forte influência europeia especialmente dos portugueses e o Reisado do Alexandrino, que é talvez o mais tradicional com mais de cem anos de atuação, passando de geração para geração. Chamo sempre atenção para d. Maria de Bejo que era uma artista popular, uma folclorista. Hoje a família dela leva o Reisado e o Prêmio Aldir Blanc tem o nome dela aqui em nossa terra. Ele concluiu dizendo que tem trabalhado para que essas manifestações culturais permaneçam sempre vivas em nossa Cidade."
NR- Quero agradecer ao meu parceiro Hamilton Rodrigues que teve de se deslocar para as localidades de Pocobatiba ( Tapera)  e Alexandrino em busca de material para que pudesse escrever este texto, e deixar aqui registrado para a posteridade, a história desses grupos de Reisado da zona rural de nosso município. 


sábado, 11 de junho de 2022

UM CABO APAIXONADO POR PLANTAS

Cabo Anselmo com a inseparável Rural Willys
Vamos falar desta vez do Cabo Anselmo que era um cidadão muito querido em Ribeira do Pombal não só por suas ações policiais, mas como uma pessoa que se relacionava bem com  todos e que tinha uma grande preocupação em sua vida que era a preservação das árvores e da caatinga. Gostava de plantar árvores frutíferas  e de cultivar  flores. Na época em que não havia floricultura na Cidade as pessoas iam buscar flores na casa do Cabo Anselmo para ornamentar a igreja em dias de festa, para colocar nos mortos e mesmo para enfeitar suas casas na realização de um aniversário ou outra comemoração. Prestava um serviço inestimável naquela época que era de levar e trazer pessoas e encomendas em segurança . As pessoas iam tratar de problemas nos bancos e repartições públicas em Alagoinhas e ele ainda levava e trazia encomendas e correspondências que ia entregar e buscar na zona rural. Cabo Anselmo dava as flores na maior boa vontade. Ele também é um dos que aqui chegaram ou seja não nasceu em Ribeira do Pombal, e sim em Euclides da Cunha, em doze de abril de 1927, filho de uma família numerosa porque seus pais Ludugério Alves de Oliveira e sua mãe Josefa Maria de Jesus tiveram vinte e um filhos, mas  sobreviveram apenas onze. Naquela a época a mortalidade infantil era muito alta devido às péssimas condições de higiene e saúde. Portanto, teve três irmãos do sexo masculino e sete do feminino.

Saiu de sua terra natal aos vinte anos de idade para Salvador a fim de entrar na Polícia Militar em oito de dezembro de 1947 indo servir em São Francisco do Conde, depois Quijingue, Tucano, e voltou para Salvador. Foi promovido a cabo em 31 de janeiro de 1951. Seguiu para Abaré, Juazeiro e por fim fixou residência definitiva em Ribeira do Pombal  por muitos anos até seu falecimento em vinte e seis de janeiro de 2013, aos 85 anos de idade.  Foi um fiel cumpridor de suas funções e obrigações como policial e sempre focado na lei e na justiça. 

Nas suas andanças devido a sua profissão de militar mudou constantemente de local de residência e foi na cidade de Tucano que conheceu Josefa Gonçalves de Souza  com quem se casou e foram morar na cidade de Abaré, onde nasceu a primeira filha do casal Vanja Nogma de Souza Oliveira e os demais filhos, em número de quatro são naturais de Ribeira do Pombal: Anselmo Duarte , Marjorie Neuma, Ujara Cristina e Marcone Eduardo.

                                            INCÊNDIO NO QUARTEL

Foto 1.da direita para esquerda Cabo Anselmo,
Chico (o preso que morreu), João Mainha e policial
não identificado. Foto 2. A Cadeia Pública, que foi
demolida onde ocorreu o incêndio. Foto 3. Cabo
Anselmo recebendo do Título de Cidadão Honorário
das mãos do vereador Valter Brito e Dilson Brito.
Lembro deste fato  que teve ampla repercussão na então acanhada cidade de Ribeira do Pombal. A inflação passava de 90% e como os combustíveis aumentavam muito alguém resolveu armazenar  gasolina dentro  da Cadeia Pública, que chamavam de quartel, infelizmente demolido para a construção da sede do Tribunal Regional Eleitoral-TRE. Foi essa gasolina que teria sido a causa do incêndio que terminou vitimando um preso de nome Chico. Este juntamente com o Cabo Anselmo lutou para retirar doze presos que estavam encarcerados aguardando a decisão da Justiça. Os presos foram todos encaminhados a casa do então delegado Paulo Cardoso de Oliveira Brito sob a custódia dos soldados sediados em Ribeira do Pombal. Ninguém fugiu. É verdade que tanto o Cabo Anselmo como também o preso Chico entraram no quartel em chamas  para salvar os demais detentos, sendo que o Cabo teve queimaduras de 1º, 2º e 3º graus provocados pelas chamas e foi conduzido ao Hospital Dantas Bião, na cidade de Alagoinhas, onde passou dois meses internado. Mas, seu estado de saúde piorou e já se cogitava a amputação de suas duas pernas, quando os médicos decidiram transferi-lo para Salvador onde permaneceu por dez meses no Hospital da Polícia Militar, até sua recuperação. Já o preso de nome Chico não resistiu às queimaduras e dez dias depois veio a falecer.

Foto 1. Cabo Anselmo , passageiros e sua Rural em Bom
Jesus da Lapa. Foto 2.Cabo Anselmo, d. Enide Costa,
Vanja, esposa d. Josefa , os filhos Anselminho, Marjorie
 e Ujara , o juiz José Geminiano (falecido) e sua esposa
 Aidil Conceição, o juiz  dr. Juarez Santana (falecido)  
e a esposa Mariluce. Foto 3. Cabo Anselmo com esposa
d. Josefa Gonçalves. Foto 4. Cabo Anselmo fardado.
Depois de recuperado foi convidado pelo coronel Guimarães, da PM, para voltar à Salvador e trabalhar nas dependências da Polícia Militar em serviços administrativos. Mas, o Cabo Anselmo não aceitou já que estava construindo sua casa para abrigar a  família. Como tinha um quintal de dimensão considerável cultivou vários tipos de árvores frutíferas e ornamentais e criou diversos  pequenos animais, que mais parecia um mini zoológico, inclusive chegou a doar alguns deles para zoológicos oficiais. 
Para ajudar na manutenção de sua família o político e compadre Nilson Passos Brito o aconselhou a usar o carro que possuía  que era uma Rural Willys de cor azul e branca para fazer transporte de pessoas que precisavam ir até à cidade de Alagoinhas resolver problemas junto ao Banco do Brasil, INSS e outras instituições que não tinham representação em Ribeira do Pombal. Foi assim que passou a fazer com regularidade viagens até Alagoinhas levando e trazendo pessoas. Devido ao bom relacionamento que mantinha com o pessoal do Banco do Brasil foi convidado a ser avaliador do banco, juntamente com Miguel Valério  (falecido) e seu Miranda , e também era ele quem levava todos os meses o balanço do banco até o Banco Central, em Salvador. Este serviço executou até a chegada do aparelho de Fax, hoje também já desativado, devido ao surgimento de novas tecnologias, especialmente a Internet.

Em quatorze de outubro de 1965 o Assistente jurídico da Polícia Militar do Estado da Bahia dr. Eliezer José de Santana emitiu um parecer jurídico recomendando a Promoção por Bravura do Cabo Anselmo Alves de Oliveira  "por ter praticado ato incomum de coragem e audácia no cumprimento de seu dever específico". Assim em vinte e cinco de fevereiro de 1966 foi promovido a 3º Sargento. Já em quatro de julho de 1967 foi julgado incapaz fisicamente de fazer o Serviço de Policial Militar, e em dezoito de dezembro de 1972 passou a ser agregado por haver sido julgado incapaz definitivamente para o Serviço da Polícia Militar. Em dois de abril de 1981 foi reformado com os proventos de 2º Tenente. Finalmente, em dezessete de fevereiro de 1982 durante as comemorações dos 157 anos da Polícia Militar em solenidade realizada na Vila Militar dos Dendezeiros em presença de várias autoridades o Comandante Geral da Polícia Militar conferiu o Diploma e a Cruz de Bravura em reconhecimento aos atos de abnegação e bravura prestados no cumprimento do dever. A medalha lhe foi entregue pelo então Governador Antônio Carlos Magalhães .

.                                                O ECOLOGISTA

Estádio Ferreirão onde vemos as árvores ao redor 
 do gramado  plantadas por Cabo Anselmo.
Foi no ano de 1991 que o Estádio Esportivo Ferreira Brito, o Ferreirão, teve um dos mais cuidados gramados da região. Paralelo ao seu trabalho como Administrador Esportivo cultivava uma horta e distribuía em regime de rodízio o que era colhido entre os funcionários do centro esportivo. Tinha ainda uma pequena videira e as uvas também eram distribuídas e muito apreciadas pelos que recebiam. Aproveitando seu bom relacionamento com o Diretor Administrativo da Coopener, localizada na cidade de Inhambupe, conseguiu a doação de mudas de eucaliptos suficientes para arborizar todo o entorno do estádio, dando um aspecto de embelezamento, como também arborização com a introdução dessas árvores. Foi nesta época que o time Fluminense de Feira de Santana veio jogar no estádio Ferreirão atraindo muitos torcedores de cidades vizinhas. Foi uma partida memorável e o Cabo Anselmo se orgulhava da maneira como os visitantes elogiaram o gramado. 

Ele chegou a ficar aborrecido quando alguns anos depois foi feita uma poda que considerou inadequada, como também a retirada de algumas dessas árvores que havia plantado. No entanto os autores da poda disseram que o corte foi necessário porque os eucaliptos cresceram muito e alguns chegaram a cair do lado de fora do estádio colocando em risco a segurança das pessoas. Tudo é uma questão de interpretação. 

Como tinha um temperamento de fácil convivência coube ao Cabo Anselmo fazer o papel de convencimento dos açougueiros que não queriam ser transferidos da Praça Getúlio Vargas para o Centro de Abastecimento, local onde hoje estão ao lado da feira. O pedido para que intermediasse a resistência dos açougueiros foi feito pelo então prefeito José Renato Brito e Silva. 

Em dezessete de dezembro de 1998 por indicação do vereador José Valter Brito  Barreto,  (Valtinho de Teté), recebeu o título de Cidadão Honorário de Ribeira do Pombal em reconhecimento aos inestimáveis trabalhos prestados aos cidadãos e ao município de Ribeira do Pombal. Já em 2000 o coronel Jaime Silva Magalhães, da Companhia Independente da Polícia Militar, sediada em Caldas de Cipó, ofereceu uma festa de confraternização aos Policiais Veteranos da Reserva. Em 2012 o sargento PM Marcos Antônio de Oliveira de Carvalho fez um vídeo documentário com os personagens mais importantes  da Companhia de Polícia Militar de Cipó para expor na sala Memorial professor Evandro de Araújo Góis e o Cabo Anselmo está lá retratado.

                                          DEPOIMENTOS

Ujara Cristina,filha
Sua filha Ujara Cristina de Souza Oliveira falando do pai disse que "ele sempre foi diariamente nos dando exemplos de vida  com generosidade, honestidade, persistência e luta. Foi nosso maior exemplo, a nossa fortaleza e a certeza que existem pessoas boas no mundo. Já se passaram quase dez anos de sua morte e não os esquecemos.

Lembrar de nosso pai é sempre bom. Quando morávamos na Rua do Capim, atual Rua Castro Alves, ele já estava envolvido na construção desta casa onde moramos até hoje na Avenida Ferreira Brito, e sempre nos mostrava a importância dos amigos e dos vizinhos. Por isto seus amigos são também nossos amigos que passaram e continuam passando de geração em geração."

E adiantou " Meu pai viajou durante doze anos para Alagoinhas levando e trazendo as pessoas para resolverem seus problemas pessoais e cuidarem da saúde. Quase todas às vezes que chegava nos aglomerava em torno dele que ficava sentado numa cadeira que tinha na parte dos fundos da casa e ia contar o dinheiro de que tinha recebido dos passageiros. Costumava dar alguns trocados para a gente e meu irmão mais velho o Anselminho se encarregava de guardar o dinheiro. Também, sempre trazia uma novidade de a cada viagem um biscoito, um bombom que não tinham em Ribeira do Pombal, enfim alguma coisa para alegria dos filhos."

No período de festas trazia um corte de tecido para cada um de nós, calçados e casacos para que estivéssemos sempre arrumados. Lembro que naquela época eram difíceis as vacinas e ele colocava todos dentro do carro e saía procurando onde tinha até que conseguir vacinar todos nós."

Disse ainda que certo dia indo para Alagoinhas deixou cair uma pasta com documentos e algum dinheiro que não lhes pertencia. Isto ocorreu enquanto ajeitava um passageiro que acabara de embarcar. Quando ele retornava para Ribeira do Pombal e passava pelo mesmo local lá estava uma senhorinha com uma criança com a pasta nas mãos pronta para lhe devolver." Foi uma cena emocionante e inesquecível", relembrou Ujara.

Ao retornar de suas viagens sempre tinha encomendas, recados e cartas para para entregar na zona rural  e pegar outras. Ao entregar aos destinatários era uma alegria indescritível das pessoas. Ele costumava levar algum de nós para dar um passeio durante estas entregas. "

Contou ainda Ujara quando ela foi atingida por uma bala perdida e ficou entre a vida e a morte "ele juntamente com minha mãe disseram que se desfaziam de tudo que tinham para salvar a minha vida. Nunca esqueci deste momento "

A sua esposa d. Josefa de Souza Oliveira recorda que o conheceu quando tinha apenas dezessete anos de idade, e namoramos durante três anos até o casamento. Foram cinquenta e cinco anos de boa convivência, tivemos cinco filhos e sempre fomos muito unidos".

O fiel jardineiro Elias 
O Elias Cássio Bispo,56 anos, jardineiro, disse que começou a amizade com Cabo Anselmo em 1994 foi quando em vim trabalhar aqui no estádio Ferreirão. Deus sabe onde estiver que sentirei o mesmo carinho, a mesma amizade que tinha por ele . Não foi apenas um chefe, foi um pai para mim. Até hoje  cuido desta praça, das plantas e  flores  e converso com ele. Digo mais ou menos assim. Cabo Anselmo estou cuidando desta praça como se o senhor estivesse aqui ao meu lado. Quando vou ao cemitério sempre vou visitar o túmulo dele e rezo um Pai Nosso pra ele. Fico até brincando  porque na época que ele mandou fazer uma cruz de madeira . E troçando  dizia "o primeiro que for leva esta cruz". Levamos a cruz, que está lá até hoje em cima do túmulo dele. Sempre todos os dias quando dava 11,30 ele levava a gente num barzinho para tomar um trago antes do almoço".

O amigo Ermelino  Dantas.
Enquanto o Ermelino Lago Dantas, conhecido por Ermelino do Posto, de 79 anos, mora há cinquenta anos em Ribeira do Pombal. Quando cheguei em Pombal foi a primeira pessoa que conheci e depois o Vandinho, da Passos Nobre. Éramos muito amigos e continuo amigo da família. Eu trabalhava no Instituto Nacional de Pesos e Medidas,(hoje Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia -Inmetro) e vim de Mucugê, que fica na Chapada Diamantina. Na época o instituto fiscalizava balanças, bombas de postos de gasolina e todo tipo de equipamento que media peso e quantidade de produtos vendidos ao consumidor. Aqui cheguei em 1972 e conheci minha mulher Elza Bezerra de Oliveira Dantas e temos dois filhos o Expedito e Graziela. Até hoje sinto muita falta do meu amigo Cabo Anselmo".

O marceneiro Josenias.
O marceneiro Josenias Monteiro Santana, cinquenta e um anos, servidor público municipal começou a amizade com Cabo Anselmo em 1990. Para mim ele foi um segundo pai, hoje sinto muito falta dele. Era meu amigo irmão. Trabalhei com ele dividindo a portaria, em seguida fui deslocado para trabalhar na serraria e ele foi também meu chefe aqui onde ficamos trabalhando juntos até 1997. Fora do trabalho a amizade era melhor ainda. Se tivesse um aniversário na casa dele e eu não pudesse ir ele ia em minha casa e levava um pedaço de bolo , a cerveja e o refrigerante. Todos os dias 11.30 a gente ia tomar uma para abrir o apetite para almoçar. Íamos todos para o campo para tomar um conhaque Dreher com Coca Cola ai juntava eu, Elias, Raimundinho, Didi, José Souza , Josa e José Carlos meu irmão. O Cabo Anselmo reunia todos os dias a gente no campo de futebol e depois íamos almoçar. Era como se fosse um ritual."
NR- Quero agradecer ao parceiro Hamilton Rodrigues por sua disposição e alegria em mostrar as coisas e pessoas de nossa Cidade, e também a Ujara Oliveira, filha do Cabo Anselmo, pela sua contribuição para feitura deste texto.


sábado, 4 de junho de 2022

NILSON É A HISTÓRIA VIVA DA POLÍTICA POMBALENSE

Nilson Brito percorrendo sua fazenda de quadriciclo.
Estive em Ribeira do Pombal e tive a   satisfação de ouvir pessoalmente o político e   produtor rural Nilson Passos Brito hoje a maior   referência da política do município. Tem fala mansa e uma incrível capacidade de  escutar e atender às pessoas que o procuram . Assim  Nilson  vai construindo e mantendo por  mais de meio século sua extensa rede de seguidores.   Com estes atributos vem   reunindo pessoas que se afastaram por questões políticas locais e inclusive já   conseguiu por incontáveis vezes acabar com   ressentimentos entre políticos que estiveram afastados. É um negociador e um conciliador experimentado e sempre procura separar a política das amizades. Transita com facilidade entre políticos de várias matizes, já que hoje temos uma pluralidade de partidos políticos. Gosta de contar fatos que aconteceram, e que hoje já estão esquecidos pela maioria dos moradores de Ribeira do Pombal. Tem uma memória diferenciada e consegue lembrar de acontecimentos políticos e sociais que ocorreram há muitos anos na Cidade. Em todos os fatos políticos dos últimos sessenta anos Nilson  Brito participou como protagonista sendo o articulador ou mesmo candidato a vereador, vice-prefeito ou prefeito. Já foi vereador em várias legislaturas e vice- prefeito e prefeito por duas vezes. Juntamente com Hélio Brito  e o deputado estadual Luís Eduardo Magalhães trouxeram para Ribeira do Pombal a Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da Bahia - Cerb, 

Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola SA

-

Ebda, (extinta por Rui Costa), 

Empresa Agropecuária Da Bahia S/a - 

Epaba, Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia S/A - Coelba e Direção Regional de Educação e Cultura - Direc gerando novos empregos e renda para o município. Como prefeito através uma medida judicial reabriu o Hospital Santa Tereza, antes mantido pela Associação Santa Tereza que passou a atender através do SUS. Construiu novo pavilhão e revitalizou o Colégio Evência Brito - Ceb, calçou várias ruas, deu nome e colocou alambrado no campo separando do espaço dedicado às vaquejadas, reformou a Praça Getúlio Vargas e a Prefeitura assumiu a educação de primeiro e segundo grau.

Foto 1. Nilson Brito com ACM. Foto 2. Nilson com 
com Hélio Brito , Salú e outros. Foto 3. Inaugurando
o gramado do estádio esportivo. Foto 4. Nilson e o ex-
prefeito José Renato. Foto 5. com ex-prefeito Zé Grilo
e o ex-deputado estadual Carlos Ubaldino.
"Comecei na política com vinte e dois anos de idade quando me elegeram vereador. Eu não
gostava da política por causa daquela briga horrível de meu pai Paulo Cardoso de Oliveira Brito com os irmãos e dos irmãos contra ele. Na minha juventude o político dos meus irmãos era o Nilton por ser  o mais velho, mas pai  resolveu me eleger. Isto foi em 1962, fui reeleito em 1966, em 1970  eleito Presidente da Câmara na administração do prefeito Décio de Santana. Depois candidato a prefeito em 1972 contra Ferreira Brito, perdendo a eleição. Neste período em 1966 e 1970 o meu irmão Nailton Brito foi vereador junto comigo. "

"Na época meu pai votava nos filhos de Juraci Magalhães. Andando em Entre Rios conheci Rui Bacelar através de um pombalense que era delegado na Cidade chamado de Sinhozinho Matos ou Sargento Matos, filho de d. Adélia, que era parteira aqui. Coincidiu que morreu um tio meu num desastre de automóvel e fui para Entre Rios resolver as coisas por lá. Foi quando o Rui Bacelar me disse que seria candidato a deputado estadual, e se eu tinha condições de arranjar uns cem votos para ele em Ribeira do Pombal. Respondi lá o político era meu  pai e ele vota no pessoal de Juraci Magalhães. Conheci a irmã dele, que é a Lúcia Bacelar,  hoje é a minha esposa e mãe de meus filhos. Demos em 1966 quase um mil votos a Rui Bacelar. Em 1966/1970 Pedro Rodrigues  foi eleito como candidato único. Meu pai apoiou porque ele era também casado com uma prima de minha mãe a Iraci, da família Passos. ", conta Nilson Brito

Foto 1. Nilson, o juiz Fernando Ramos e Hélio Brito
Foto 2. Nilson, tia Nenê e Marcelo Brito. Foto 3.
Nilson em campanha . Foto 4. Nilson e Zé  Grilo.

"Meu tio Oliveira Brito procurou pai e levou um nome para fazer candidatura única, depois da Revolução. Fez isto em Euclides da Cunha, Tucano e outros municípios com candidaturas únicas, só que Ferreira Brito tinha uma preferência e pai sugeriu Manoel Rodrigues,  terminou aceitando seu irmão Pedro Rodrigues, que não era muito preparado para o cargo de prefeito, mas era respeitado e honesto. "
"Em 1976 lançamos Antônio Bernardo contra o Edval Calazans, que tinha o peso do segundo Distrito da Mirandela, Banzaê e perdemos a eleição por noventa e dois  votos. Acho que uma carta que lançaram às vésperas da eleição e que resultou na prisão do Antônio Rodrigues  filho do prefeito, contribuiu no resultado na eleição. Daí Ferreira Brito colocou um carro de som nas ruas alardeando este episódio, e este fato pode ter sido decisivo na eleição do Edval Calazans. A carta dizia que Ferreira Brito teria tirado o apoio a Edval Calazans, na tentativa de confundir  os menos esclarecidos e até mesmo os fiéis seguidores de Ferreira Brito. Foi um reboliço na época.

Quando chegou a eleição de 1970 foi lançada a campanha do dr. Décio de Santana para prefeito por um grupo de professores e jovens do colégio, e teve o apoio de Antônio Bernardo Brito Costa, que era candidato a vereador. Através da esposa Maria Perpétua Jacobina Santana conseguiram que dr. Décio se candidatasse e ele foi eleito. O então todo poderoso José Domingues Brito e Silva , o Ferreira Brito, segundo Nilson, "não teve coragem de ser candidato para disputar com o dr. Décio,  que era um médico muito querido, que fazia muita caridade atendendo o povo, além de ser muito atencioso com todos."

Foto 1.Nilson percorrendo a fazenda num quadriciclo.
Foto 2. Nilson com filhos Paulo Cardoso Neto e esposa
Karla Machado; Maria Helena e esposo Alexandre e
filhas; Anna Carolina e esposo Alberto Ceccon e filhos, na
 Fazenda Cassuçu. Foto 3. Nilson e esposa Lúcia Bacelar.
Já em 1970  Rui Bacelar se candidatou a deputado federal e o Antônio Brito que era deputado estadual, por várias legislaturas, e irmão de Ferreira Brito, foi também lançado para deputado federal e a votação deles teve uma diferença pequena em Ribeira do Pombal. Rui Bacelar foi apoiado de dr. Décio. Nas eleições seguintes Nilson era o presidente da Câmara de Vereadores e  foi candidato a prefeito, perdendo para Ferreira Brito por quinhentos e poucos votos.

Em 1982 era novamente o candidato natural. Foi procurado por Artur Oliveira Brito, o Artuzito, Renato e Rogaciano Brito e fizeram uma reunião no Iate Clube, em Salvador, visando acomodar a família. Mas, ele estava com uma pendência jurídica com Carmita Passos, que estava casada com Ferreira Brito e o acordo não foi possível. Foi ai que Nilson Brito passou a se envolver  com mais força na política. Então surgiu a possibilidade de  Oliveira Brito ser candidato único a prefeito de Ribeira do Pombal. Mas, Ferreira Brito que queria sempre estar no poder, e não abriu mão. 

Pedro Rodrigues mandou Vandinho me procurar para eu ser vice dele. Orlando Rodrigues, o Vivi,  e outros trabalhavam  pela candidatura de Oliveira Brito. Foi marcada uma reunião na Fazenda Salgadinho, de meu pai Reinaldo Jacobina, e todos compareceram menos Ferreira Brito, que foi se reunir com Salustiano Barreto, o Salú, que estava contra ele, para conquistar o seu apoio. Como a convenção estava se aproximando marcamos outra reunião na Fazenda Poço, de Hélio Brito. Todos se reuniram  aí chega tio Oliveira Brito  dizendo que não deu certo. Daí Nilson Brito lançou  o nome de Pedro Rodrigues e como o mandato era de seis anos, combinaram que ele seria o vice e dividiria o mandato. Acordo fechado e o  mandato em parte porque Nilson se  continuasse não poderia ser candidato novamente. Então renunciou  em 1988 para se candidatar a prefeito e teve uma expressiva votação, sendo eleito. Ferreira Brito já tinha falecido e seu filho Renato Brito também o  apoiou. 

Nilson Brito com a esposa Lúcia Bacelar 
e os filhos Paulo Cardoso e Anna Carolina.
Quando chegamos em 1992 o candidato seria Vandinho Nobre só que Hélio Brito queria fazer uma reunião da família para lançar Renato Brito como candidato. Quem tinha os votos era Nilson Brito, e o povo naquela época era muito partidário os Boca Preta e os Boca Branca. Aí Renato Brito saiu candidato e foi eleito porque  para conciliar Nilson Brito abriu mão de sua candidatura . Eram três candidatos a prefeito. O vice era o João Alfredo Bitencourt que logo rompeu com o grupo. Renato não fez uma boa administração e fortaleceu a oposição desaguando  na eleição de Edivaldo, o Dadá  que era filho do Edval Calazans. Se elegeu combatendo a família Brito.
Em 2000 Nilson Brito foi candidato a prefeito e perdeu a eleição para Edivaldo Cardoso Calazans (Dadá). Durante o mandato de Dadá de 2001-2004, ele foi cassado pelo juiz eleitoral de Ribeira do Pombal e Nilson Brito assumiu a Prefeitura por quarenta e um dias, quando o TRE decidiu pelo retorno de Dadá à Prefeitura.
Veio outra eleição em 2004 e Vandinho Nobre lhe procurou e foram se reunir no Jorro. Ele disse que tinha o apoio de João Alfredo, de dr. Nelson Cardoso e de Mendonça, que eram os líderes políticos da época e também de Hélio Brito aí retirei a minha candidatura. Vandinho era muito meu amigo e vizinho. Todos pensavam que seria uma eleição fácil para Vandinho, mas quando colocaram as pesquisas  os resultados  davam Nilson Brito com 45% e ele com 17%. O Antônio Bernardo chega com o resultado de uma das  pesquisas e disse que não seria viável a candidatura de Vandinho. Aí começaram as discordâncias entre o grupo e terminou  Nilson  lançando a candidatura de Zé Grilo contra Nilson Rabelo apoiado por Dadá , onde Zé Grilo foi o vencedor e se reelegeu em 2008 com dr. Jairo como vice prefeito. 

O Dadá  fez uma péssima administração, se enrolou  totalmente  como gestor, resultando  em vários processos contra ele.  Infelizmente veio a falecer.  Diz Nilson Brito que " para você fazer uma boa administração tem que ter uma boa assessoria com bons procuradores do município para acompanhar toda esta parte legal. Eu fui prefeito e sou ficha limpa, graças a Deus. "

Na eleição seguinte fizeram uma  pesquisa sem o  nome de Nilson Brito e quando chega o resultado deu Zé Grilo disparado. Vandinho não aceitou. Fizemos outra e Vandinho não aceitou novamente, daí saímos atrás de um vice. Foi quando o Dadá colocou  o Nilson Rabelo como candidato e o Zé Grilo ganhou por oitocentos votos. Ganhou com o compromisso de que o próximo candidato sairia lá de casa, que seria a minha filha, Maria Helena então  esposa de Márcio, filho de Wilson Brito, de Caldas de Cipó, já falecidos. 

O homem que vive na política Nilson Brito disse que nunca quis que seus filhos fosse candidatos a cargos eletivos. "Não quero nenhum filho meu candidato. Hoje o povo não é mais partidário como antigamente. Atualmente  tem muitos interesses em jogo", revela. Isto é verdade. Lembrei que um vereador que está em pleno mandato, que é meu amigo, estava em plena campanha andando pelas ruas da Cidade anunciando a sua candidatura quando foi abordado numa dessas ruas de Ribeira Pombal por uma senhorinha que o chamou e ele prontamente foi atende-la quando ela disse que teria uns sete a oito votos para ele se reformasse um banheiro de sua casa. Ele ficou indignado e respondeu mais ou menos assim: minha senhora eu não sou pedreiro. Sou candidato a vereador. 

Na reeleição  Zé Grilo  rompeu com o dr. Jairo que queria ser o vice. Zé Grilo lhe procurou e disse que queria a Maria Helena como vice em sua chapa. Ai eu disse se o Jairo aceitar, tudo bem ,mas ele não aceitou. Foi então que combinamos que a minha filha Maria Helena seria a próxima candidata apoiada por Zé Grilo. Houve uma confusão na eleição da Câmara e Natan Brito, meu irmão era candidato, e terminou o Elias, da Pedra, que era amigo de pai, sendo o presidente. Os votos de Dadá foram anulados porque era ficha suja. Foi quando houve uma festa e eu fui convidado e resolvi dar um abraço nos amigos e compareci. Lá estava o Dadá. Criaram uma fofoca que eu estaria apoiando o  Dadá e o Zé Grilo demitiu por telefone a Maria Helena, que era Secretária de Assistência Social .

Ele foi bom gestor, mas  mudava muito de partido, de deputado. Saiu ao pai que brigava com Antônio Carlos e Luís Eduardo sempre ajeitava. O Zé Grilo perdeu, mas saiu forte. Porém, Nilson Brito não acredita que no futuro venha se reeleger. Ele indicou o Ricardo Maia que foi prefeito por dois mandatos, e agora é candidato a deputado federal. Em seguida  foi eleito  Erickson Silva Santos. O ex-prefeito fez duas boas administrações  para Ribeira do Pombal. "Fiz tudo para Zé Grilo não brigar com Ricardo Maia. Mas, não houve jeito.", confessa Nilson Brito.

Nilson Passos Brito nasceu em 8 de agosto de 1938 em Ribeira do Pombal, filho de Paulo Cardoso Brito e  América Passos Brito é o nono filho de uma prole de onze. Iniciou seus estudos na Escola Reunidas de Ribeira do Pomba, que funcionava no prédio onde hoje está sediada a Câmara dos Vereadores e depois foi estudar no Colégio Maristas na cidade de Senhor do Bonfim, na Bahia. Deixou os estudos e veio para Ribeira do Pombal se dedicar às atividades de comerciante e agropecuarista. É casado com Lúcia Bacelar Brito, natural da cidade de Entre Rios, na Bahia, e o casal tem três filhos: Paulo Cardoso, Maria Helena e Ana Carolina.

DEPOIMENTOS

O prefeito Erickson 
O prefeito Erickson Silva Santos, de Ribeira do Pombal, disse que "Nilson é uma das grandes referências da política local. Assim que meu nome surgiu como pré-candidato, recebi seu apoio imediatamente e sou eternamente grato por isso. É sempre um privilégio conversar com ele e receber seus ensinamentos. Ele sempre tem uma palavra e uma orientação para ajudar em qualquer situação."

O vereador de oito mandatos e produtor rural Marcelo Brito Costa diz que conhece Nilson Brito desde adolescente e lembra quando estava estagiando como Técnico Agrícola no ano de 1978, ele tinha disputado uma eleição e tinha perdido e estava enfrentando alguns problemas com endividamento da campanha tendo que se desfazer de muitos bens.  Ele foi continuando na vida pública e eu passei a apoiá-lo . Foi quando fizeram uma pesquisa e ele surge como favorito, mas fez uma composição com Pedro Rodrigues que foi para a cabeça de chapa e ele como vice .Foram eleitos e o prefeito deu muita chance a Nilson continuar fazendo sua política  e tinha até poderes de atender às
demandas da população. O compromisso era que em 1988 quando terminasse o mandato de Pedro Rodrigues, que seria o candidato natural. Nesta época o governador Waldir Pires, que destruiu a Bahia, me demitiu da EBDA. Nilson Conseguiu se eleger prefeito de Ribeira do Pombal  e fui nomeado Secretário de Agricultura foi quando conseguimos gramar o estádio Ferreira Brito. Ele também viabilizou a Micareta de Ribeira do Pomba, que passou a ser uma das melhores da Bahia. Acho que o maior feito dele era sua capacidade de atender às demandas da população humilde de Ribeira do Pombal. Ele fazia questão de atender diariamente a cada um  pagando uma conta de luz, de água, comprando um botijão de gás, uma cesta básica ou viabilizando um medicamento etc. Na época não existia o Bolsa Família ou o Auxílio Brasil. Como político sempre gostou de atender as pessoas pobres.

O vereador Marcelo Brito.

Lembrei que minha irmã Iara Brito presenciou uma cena inusitada. Chegaram dois rapazes humildes em sua casa . Era véspera de eleição e um dos rapazes disse que não iria votar porque a sua camisa estava suja e rasgada e mostrou os rasgões da camisa que vestia. Nilson se comoveu com a maneira como o rapaz se expressou com sinceridade que tirou a camisa que vestia e deu ao rapaz, recomendando que mandasse lavar já antes de usar. Foi aí que o rapaz respondeu: Não, vou vestir assim como está para lembrar que foi o senhor quem me deu. E saiu todo contente. Nilson entrou e vestiu outra camisa.

Disse ainda Marcelo Brito que ele continuou apoiando deputados estaduais, federais e senadores, governadores  acompanhando Antônio Carlos Magalhães. Ele é um político partidário, sempre acompanhando o grupo político, muitas vezes abrindo mão de suas candidaturas ou de outros parceiros para viabilizar os acordos políticos. É um agregador por natureza. Depois do falecimento de Ferreira Brito  trouxe Renato Brito, filho de Ferreira Brito, que durante décadas foi inimigo político de seu pai, embora fossem primos e cunhado. O trabalho na política dele é de unir forças, é um político da harmonia . Até hoje  é sempre ouvido e participa de todas as principais decisões políticas em nosso município como na composição de chapa, na escolha de candidatos a prefeito e vice prefeito, de candidatos a deputados estaduais ou federais. Normalmente  os que estão no mandato  ouvem os conselhos de Nilson Brito por ser um político equilibrado e pensar na frente. Acho que  é um estadista como era o Ferreira Brito. Ele pensa muito, e como parente tenho muita gratidão a ele," concluiu Marcelo .

Antônio Jorge destaca
a liderança de Nilson.
Para o agrônomo Antônio Jorge Bastos Brito, 72 anos, aposentado, "falar sobre Nilson Brito é muito fácil. Conheci Nilson no auge da campanha política de 1972 como candidato a prefeito de Ribeira do Pombal, considero inclusive que aquela foi uma das principais disputas eleitorais que já teve no nosso município. Basta lembrar que em  em 1966 e em 1970 tivemos candidatos únicos que foram Pedro Rodrigues e Décio Santana, respectivamente. Era estudante  de agronomia e Incentivado por meu amigo Antônio Bernardo participei da campanha, compareci a vários comícios e dei meu voto naquela oportunidade a uma futura liderança em Ribeira do Pombal. É isto que considero Nilson Brito  hoje uma das maiores lideranças que Ribeira do Pombal já teve e ainda tem. Um homem de bem, um político de expressão, companheiro e sempre viveu na sua condição de homem público e empresário de sucesso procurando ajudar seus amigos, correligionários, e especialmente aos menos favorecidos. É uma pessoa que merece o nosso respeito, e vejo atualmente como uma grande liderança em Ribeira do Pombal".

Ex-prefeito Ricardo Maia
O candidato a deputado federal, o ex-prefeito de Ribeira do Pombal, Ricardo Maia, enviou um áudio quando da inauguração de 500 casas populares construídas pelo Governo Federal, em Ribeira do Pombal  onde chama Nilson Brito de "amigo, meu companheiro, meu primo que sempre tivemos juntos e vamos estar juntos. Pode ter certeza que com fé em Deus vamos ser deputado federal e tanto Ribeira do Pombal como  toda a região vai se desenvolver muito mais porque vai ter novamente um representante na Câmara Federal, em Brasília. Este abraço fala tudo e mostra o carinho que temos um pelo outro, e o respeito que é fundamental. Ao longo de nossa caminhada e trajetória política fui conhecer o verdadeiro Nilson Brito, um homem de coração bom, correto e direito. Passei oito anos e nunca vi Nilson Brito bater na minha porta nem pressionar e nem pedir nada para ele. Este é o Nilson Brito que conheço. Nilson, você é um exemplo!".

Sua esposa e companheira de muitas campanhas políticas Lúcia Bacelar assim vê Nilson Passos Brito. "Seu pai, além de agropecuarista, foi intendente e delegado em Ribeira do Pombal. Seguindo a tradição paterna, ingressou na política muito jovem, exercendo o cargo de vereador, foi presidente da Câmara e, posteriormente, exerceu os cargos de vice-prefeito e prefeito de Ribeira do Pombal. Aliado à militância política, começou sua luta muito cedo, tendo como principal atividade a agropecuária, não obstante, por um período, dedicar-se à atividade empresarial "

Lúcia Bacelar Brito.
Para ela "falar de Nilson Brito não é tarefa difícil: um ser humano por excelência transparente,
fiel aos seus ideais e compromissos, amigo de 
todos, não conserva mágoas, exemplar chefe de família, bom esposo, grande pai, dedicado avô, conciliador nato, ama sua atividade profissional e é apaixonado por sua terra natal. Esse é o real resumo do cidadão Nilson Brito."

Casado com Maria Lúcia Bacelar Brito, pai orgulhoso  pelos filhos, Paulo Cardoso de Oliveira Brito Neto – pai de três filhas, casado com Karla Machado F. Brito; Maria Helena Bacelar Brito - mãe de duas filhas do seu primeiro casamento com Márcio Brito -, atualmente casada com Alexandre Brito Luz, e Anna Carolina Bacelar Brito Ceccon - mãe de dois filhos -, casada com Alberto Ceccon. 

Disse ainda Lúcia que "na sua vasta humildade sempre abdicou da sua privacidade para cuidar dos mais necessitados. Desprovido de vaidade e sem ambições de cunho político, cedeu em diversos momentos a sua candidatura aos cargos públicos e de membros de sua família em prol da unidade do seu grupo político. Suas atitudes, além de consensuais, sempre foram voltadas para os interesses maiores de sua terra, alimentado pelo desejo de contribuir com a renovação ".

NR- Quero agradecer a Hamilton Rodrigues e todos que contribuíram para que escrevesse este texto dedicado a um ícone da política local, e um dos  responsáveis pelo desenvolvimento de Ribeira do Pombal.