Objetivo


quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

O MONSTRENGO DA AVENIDA PARALELA

A estação do Iguatemi é um trambolho
que substituiu as árvores e belo canteiro verde.
Observe que a estação tapa toda a paisagem como se fosse
 uma caixa de sapato.Como elemento urbano é muito feio.
Trabalhei durante anos na imprensa baiana, e nunca imaginei que fosse assistir a desfiguração de uma avenida charmosa e importante sem qualquer manifestação dos jornais, estações de televisão e rádio de  Salvador.Todos calados,coniventes,enquanto
a paisagem criada por Burle Marx se transformava em grandes feridas na terra vermelha. Os conjuntos de árvores devidamente escolhidas pelo grande arquiteto e paisagista foram destruídos por tratores sob olhos insensíveis de um governo que não respeita valores. Um governo que não tem a sensibilidade de enxergar a importância do verde para uma metrópole.
Em qualquer cidade, existe uma consciência da necessidade de se preservar até uma árvore , que está ali isolada, num canto qualquer de uma praça,  rua ou avenida. Aqui cortam centenas delas sem piedade, aterram lagoas e em seu lugar constroem monstrengos , que do ponto de vista arquitetônico são verdadeiras aberrações , pesadões e tapando a paisagem, numa total de falta de criatividade.
Assim, embalados por uma musiquinha chula da publicidade oficial, que beira a insensatez e ao deboche,  diz  " vovó vai comprar acarajé", os tratores vão avançando destruindo tudo. E, o silêncio continua de quem deveria fiscalizar e preservar o patrimônio de nossa Cidade .

MONSTRENGOS

Esta estação que fica nas proximidades do shopping Iguatemi, e a outra lá na Rodoviária envergonham qualquer arquiteto que se respeite. E, o que fizeram o Instituto dos Arquitetos, o Clube de Engenharia, os arquitetos de renome desta Cidade? O que fizeram os barulhentos defensores do meio ambiente? Nada. Calados. A ideologia permeia estas corporações ,e assim a Cidade vai se desfigurando, porque a companheirada está trazendo o metrô e está no poder.
Veja o caso do espigão da Ladeira da Barra. O arquiteto que o projetou certamente sabia que ali o limite era de 13 andares. O que ele fez? Projetou para atender seus clientes um espigão de 31 andares.  Trata-se do sr. Ivan Smarcevscki, um homem que pensei ter sensibilidade, por ser ligado ao mar. Outro engano.
 Quem deu autorização para a  construção do espigão foi um advogado. Vejam um advogado, que dirigia o Instituto do Patrimônio Artístico Nacional - IPHAN nomeado pelos "companheiros". Soube que após a sua demissão , já está devidamente empregado, servindo próximo ao atual governador. Esta é a triste realidade da nossa Bahia.

DOIS REGISTROS


Outra  monstrengo que instalaram na
Avenida Paralela. Falta de sensibilidade.
Fiquei algum tempo revoltado e pensando. Será que ninguém, nenhum órgão vai se pronunciar sobre este absurdo? Nada.
Até que o Antônio Risério, e agora o economista João Quadros, presidente do Instituto Miguel Calmon escreveram dois artigos contundentes denunciando este absurdo.
Risério com seu amor à Bahia, e a Salvador em particular escreveu: "Era uma avenida bonita. Quase 20 km de extensão, com um belo canteiro central, obra de Burle Marx. Lateralmente, havia lagoas e bosques. Mas o governo do Estado da Bahia está destruindo a avenida. Montando ali uma ferrovia murada ligando Salvador e Lauro de Freitas."
 O economista  João Quadros alerta "que existiam outras alternativas e que enquanto a grande maioria das redes metropolitanas funciona com tração elétrica e a energia é transmitida através de um  terceiro trilho, o projeto da Linha 2 optou por transmissão via catenária, aquelas mesmas que os nossos saudosos bondes coloniais usavam no século passado. Além de ser menos utilizada hoje no mundo todo, é a que impacta mais fortemente a paisagem urbana".
Lembrei do saudoso jornalista Jorge Calmon, com quem trabalhei durante mais de três décadas , e tenho certeza, que se ele estivesse vivo teria me chamado e recomendado que este absurdo precisava ser denunciado e abortado. Mas, hoje, são outros tempos,... Aliás, demos um marcha-ré em direção ao caos , e ao desrespeito a princípios e valores fundamentais em todos os níveis.
 Existem também dúvidas e controvérsias se a mobilidade urbana entre o Iguatemi-Aeroporto vai melhorar. Mesmo que melhore, o custo saiu demasiado caro para a Cidade que perdeu um espaço verde, dando lugar a um monstrengo de concepção grosseira.

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