Objetivo


terça-feira, 25 de dezembro de 2012

FALTOU ELA NO NATAL


A mesa está repleta de guloseimas.Fico a imaginar a vida daquele peru, que nasceu e  viveu pouco.Sempre aprisionado, até morrer e passar meses num freezer de uma indústria, ser transportado num caminhão frigorífico por horas a fio. Depois, ser jogado juntamente com muitos outros, de sua espécie, num balcão refrigerado de um supermercado. Daí continuou seu suplício, até que ser escolhido  entre os demais para a pousar em nossa Ceia de Natal. Lá está ele rodeado de farofa temperada  com as pernas mutiladas para cima.Ninguém sabe se é realmente um peru ou um chester. Não sabem e, não se interessam em saber do  seu sexo e muito menos se tinha  nome. Totalmente anônimo. Sim, nome! Já tive um peru que chamava-se Imperador, e morreu de morte natural. Ninguém ousou transformá-lo  em comida de Natal, embora sempre escutasse algumas piadinhas de mal gosto.
As crianças fazem um barulho natural, correndo de um lado para outro, mostrando os presentes que acabam de ganhar. Os adultos vão conversando e falando de cada presente que compraram, ganharam e trocaram.  Enquanto isto, bebem refrigerantes, cervejas, uísque  e comem tira-gostos como ameixas, castanhas, passas, nozes e outros petiscos.  Lá para as tantas, é a hora do peru! Uma faca amolada lhe corta a carne branca, que é servida sem cerimônias aos presentes.
A festa continua com os piscas-piscas dando aquele  cenário iluminado do Natal . Papai Noel com seu indefectível gorro vermelho está ali ao lado, feito de plástico, com sua roupa  também vermelha.
Todos os anos, ao término da festa natalina o Papai Noel é recolhido e  enrolado num saco plástico.Vai ser guardado no alto de um armário no quarto de hóspedes, onde fica aguardando o próximo Natal. Esta é a 10ª vez que ele ressuscita sorridente para participar da Ceia. Mostra  sempre um semblante de contentamento e fartura.
Participando a Ceia não me sai a lembrança de que algo me dói profundamente. É uma falta indescritível e pode até parecer patética para alguns. As lágrimas chegam sem avisar, disfarço várias vezes, mas os olhos ficam avermelhados e me denunciam. Saio do local, dou uma pequena volta, respiro fundo e pego uma cerveja para tomar.
Lembro de seus passos já lentos, sua risadinha mansa e seus pequenos olhos. O corpo já um pouco curvado e de seu vestido simples.
Ficava sentada à espera que alguém a servisse das guloseimas do Natal. Vinha quase todos os anos do interior para passarmos juntos o Natal. Este é o primeiro Natal sem ela. E, o pior é que, ao contrário de Papai Noel, que retorna todos os anos,  nunca mais a verei sentadinha participando de nossa alegria.
Como  gostaria que ela voltasse  devagarinho e sorridente!

A MORTE DE HAMILTON VIEIRA

Hamilton numa foto postada no Facebook
Morreu na madrugada do último dia 13 de dezembro o jornalista Hamilton de Jesus Vieira. Conheci Hamilton na Escola de Comunicação, da Universidade Federal da Bahia, onde tive a oportunidade de ser professor dele  por alguns semestres. Era um jovem negro, vindo de um bairro popular  e de uma família pobre. Expansivo e sorridente Hamilton enfrentava os preconceitos, às vezes reagindo com energia, noutras com palavras evasivas . Desta forma ia se afastando daqueles que insistiam em importuná-lo.
Fomos nos encontrar na redação de A Tarde, onde trabalhou alguns anos na reportagem e depois no Segundo Caderno. Gostava de trabalhar na área da Cultura. Não era um erudito, muito menos um estudioso. Mas, tinha o dom de gostar de um bom filme,da boa música,  de um bom show e curtia o carnaval, e tudo que fosse manifestação afro. Sonhava "em contribuir para acabar com o processo de exclusão e marginalização dos negros na imprensa e outros grupos marginalizados como homossexuais e mulheres."
Morreu aos 57 anos. Sempre foi repórter e às vezes as pessoas com quem trabalhou não tinham a sensibilidade de entende-lo. Lembro do seu riso largo , da gestualidade e, também de sua fragilidade como pessoa. Gostava do Hamilton.
 Mas, como atualmente estou afastado das redações, não tive nos últimos anos um contato maior com ele. A última vez que nos encontramos foi num almoço de aniversário de um ex-colega, numa churrascaria que fica no Dique do Tororó. Estava animado, brincalhão e sorridente. Assim era o Hamilton.
 Não sabia que estava com leucemia e  internado há 20 dias no Hospital Arestides Maltez.. Se soubesse teria ido visitá-lo para levar um pouco de conforto.
Também não  compareci ao seu sepultamento,porque quando tomei conhecimento já tinha sido sepultado no cemitério do Campo Santo. Fiquei sentido por não saber ou não ter sido avisado por algum colega ou amigo. Mas, fica daqui o meu sentimento sincero de mais esta perda.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O ASILO DO SENHOR MAIA

O nosso valente gaúcho Marco Maia ( PT- RS), atual presidente da Câmara Federal,  em fim de mandato, tem esperneado contra a decisão do Supremo Tribunal Federal em condenar deputados que cometeram crimes. Se foi provado que cometeram crimes, têm que ir para a cadeia, como acontece com qualquer um que inflige a lei.Isto é ponto pacífico. Agora, ele aventar a possibilidade de o Congresso Nacional oferecer uma espécie de asilo aos três deputados condenados é um acinte à sociedade brasileira, que deve reagir contra este senhor, que pensa que o Congresso é a casa dele.
Quem é este senhor que veio lá do Rio Grande do Sul? Sabe-se que iniciou sua militância política no Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas, na década de 1980. Foi ainda membro do Sindicato dos Metalúrgicos de Nova Santa Rita, da Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos, Confederação Nacional dos Metalúrgicos e da Central Única dos Trabalhadores. Talvez ele imagine que no Congresso Nacional pode ter as mesmas atitudes  que tinha na assembléia de um sindicato.
Os companheiros dos condenados têm é que se curvar diante das evidências e da lei,como todo cidadão deste País. Arquitetar esta possibilidade, mostra claramente o despreparo do senhor Maia  para ocupar um cargo tão importante. É por esta e outras que muita gente não tem estímulo para votar, outros anulam seus votos, colocam os políticos num mesmo cesto  e acha que a maioria é desonesto.
Olhe que isto foi discutido durante um jantar no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidente Dilma Rousseff. Ainda não sabemos se foi informada ou não do plano de Marco Maia.
Segundo  os jornais do dia 21 de dezembro, ele ainda ironizou um ministro do STF por ter considerado que seria intolerável  um descumprimento da decisão da Corte. E é !
Na qualidade de presidente da Câmara Federal jamais deveria se pronunciar  contra uma decisão da Suprema Corte do País. A Câmara legisla e a Justiça julga. Se o criminoso é presidente, senador, deputado, contador, jornalista ou pertence a qualquer outra categoria, isto não importa. A lei, que foi feita na Câmara,   é a mesma para todos nós.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

VIOLÊNCIA DESENFREADA NA BAHIA


Estamos assistindo paralisados o aumento da violência em nosso estado, especialmente em Salvador, onde as famílias não tem segurança nem em casa com suas portas reforçadas de trancas , alarmes e câmaras espalhados  por toda parte. Também, esta violência aumentou em 51% em relação ao ano passado ,quando confrontamos os números de assaltos às agências bancárias, onde o mote agora é fazer os clientes indefesos de escudos, enquanto bandos armados , portando armas pesadas limpam os caixas dos bancos. Ai temos que acrescentar as mortes, os assaltos de saidinha bancária, os roubos de carros que são alarmantes. Basta ver os preços que as seguradoras estão cobrando para segurar um veículo diante deste quadro preocupante de violência.
Isto é uma demonstração cabal de que as medidas tomadas pelo Governo do Estado estão aquém das necessidades. Algo tem que ser feito com urgência, seria o caso até de chamar a Guarda Nacional para atender estas emergências em locais onde estes assaltos se multiplicam.
Não vemos uma palavra, uma ação mais coordenada, que chame a atenção do público. Apenas conversa mole ou paliativos, que não estão levando a nada. A Bahia é a terra dos assaltos e, hoje, é um dos estados que ocupa os primeiros lugares em violência de todo o tipo.
As vítimas de assaltos, de qualquer tipo, ficam com sequelas para o resto da vida. Algumas entram em depressão, têm sintomas de pânico e não querem mais sair às ruas.
O Presidente do Sindicato dos Bancários, Euclides Fagundes, que deve ser do mesmo partido do atual governador, disse que a frequência dos ataques , especialmente no interior do estado está alarmando a categoria e deixa consequências terríveis.
Voltamos ao tempo dos bandos de cangaceiros que entravam pelas pequenas cidades do sertão brasileiro portando fuzis dando tiros para cima. Hoje, as armas são mais sofisticadas e portanto, mais potentes. Eles chegam também amedrontando a população dando tiros  na entrada ou na saída para que ninguém ouse persegui-los.
Disse o responsável pelo Grupo Avançado de Repressão a Crimes Contra Instituições Financeiras _ Garcif, Daniel Pinheiro, que este ano foram presos 60 bandidos envolvidos com este tipo de crime. É muito pouco, diante do número de assaltos que este ano já somam 154 , enquanto no ano passado foram contabilizados 110.
É preciso maior controle dessas bananas de dinamites que os bandidos conseguem com facilidade para explodir os caixas eletrônicos e os cofres das agência no interior do Estado e, até mesmo na Capital.A fiscalização tanto do Exército, quanto das polícias não está conseguindo evitar que grande quantidade de explosivos cheguem a estas quadrilhas organizadas. Também é hora de repensar e reforçar este controle evitando que roubos ocorram com tanta facilidade.

domingo, 2 de dezembro de 2012

É A HORA DO ENCONTRO


Em pé: Hermes, Claudemir, Dorgival, Reynivaldo, Almir, Evandro, Apóstolo, J.A.Cabral, Boners, Arnildo, Meir, Joãozinho, Nilson Siquara, Avelar, Prof. Jomar, A.Dias, Guedes, Wilson,"Mirombeta",Parvese, Berard, Williams, Rocha.
Agachados: J.A.Correia, Rotandano, Itavilson, Toinho, Jorge, Paulo, Anchieta,
"Salário", Jackson, Oscar,"Pia", "Miromba", "Skiboom" e Álvaro.


QUEM RECONHECER ALGUÉM DESTA FOTO SE MANIFESTE!


Tempos que não voltam mais. Tempos da inocência. Tempos em que as coisas simples eram verdadeiras e importantes. Tempos que ficaram .Sim, porque o passado fica em cada um de nós. Carregamos as lembranças boas e ruins. Só as boas devem prevalecer, e serem sempre lembradas  porque a vida não tem sentido em si mesma. Temos no nosso dia a dia dar sentido a esta vida efêmera para que possamos continuar caminhando com otimismo.
Remexendo pertences antigos encontrei esta foto de 1962 (?)   feita no Colégio Antonio Vieira com meus colegas do Científico. Nos perdemos de vista, porque cada um foi trilhar o seu caminho procurando dar sentido às suas vidas. Dai surgiram os desencontros, mesmo morando no mesmo país, no mesmo estado e,quem sabe até na mesma cidade do Salvador. Como diz o saudoso Vinicius de Morais, o poeta que mais aprecio pela sua simplicidade e proximidade com a vida cotidiana: " A vida é a arte do encontro/embora haja tanto desencontro pela vida.
Eu  e outros colegas éramos do interior. Tabaréus, como nos chamavam , vindos  das pequenas cidades onde a educação era  precária, e talvez ainda seja  em algumas delas. Como bom sertanejo reagia e, às vezes, era obrigado a reagir com energia, senão virava um banana nas mãos dos mais fortes e metidos a líderes . Outros provindos de regiões mais civilizadas como as do sul da Bahia tinham mais informações e posses e, assim a convivência ficava mais facilitada. Hoje, seria o discutido  bullying , que até querem punir
na reforma do Código Penal. Entendo que a vítima deve reagir e não se acovardar diante desses que insistem em colocar apelidos e até agredir os colegas.
Era interno, porque minha família morava há 300 Km de Salvador, e demorávamos quase um dia inteiro de viagem até lá. A estrada era de cascalho e tinha muitos buracos, e até atoleiros no areal. Tínhamos uma vida espartana no Vieira, como chamávamos o nosso colégio. Acordávamos por volta das 6 horas da manhã com o toque de uma sirene e, imediatamente, nos dirigíamos aos banheiros para escovar dentes, tomar banho etc. Tudo era controlado no relógio de um jesuíta que chamávamos de mestre. Minutos depois já estávamos prontos e em fila para ir  à igreja onde assistíamos diariamente uma missa. Ao término saiamos em fila para o restaurante. Lá perfilados fazíamos uma oração e ao toque de um pequeno sino nos sentávamos para a primeira refeição do dia. Minutos contados e controlados, tínhamos alguns minutos e saíamos correndo para o  recreio. Em seguida íamos para a aula até o meio dia.
´Depois do almoço, recreio e nos dirigíamos para a  banca para preparar as lições do dia . À noite mais banca depois  do jantar e em seguida  nos dirigíamos, sempre em fila, para o dormitório. Certamente deverei ter pulado alguma pequena etapa ou mesmo esquecido de uma delas, porque já se foram mais de cinquenta anos, meio século!
Voltando ao desencontro, a razão da publicação desta foto é a tentativa de encontrar algum desses colegas para que possamos conversar um pouco, relembrar àqueles tempos em que o domínio do Vieira se esparramava pelas encostas em seu entorno, indo até onde hoje estão localizadas algumas repartições do Governo do Estado. Toda àquela área era coberta por um verdadeiro sítio cheio de árvores frutíferas, onde nos embrenhávamos em busca de frutas, como costumávamos fazer em nossas pequenas cidades.