OPINIÃO
Texto de Reynivaldo Brito
A complexidade do ser humano é responsável por coisas positivas e muitas negativas. Confesso que não tenho a mínima paciência com pessoas que apresentam ou carregam um alto nível de complexidade. Elas não gostam do verde, do amarelo, do magro e do gordo, do frio e do calor. Enfim, vivem procurando encontrar algo que combine com seu mau humor e sua capacidade de discordar.
Conviver com pessoas assim exige muito sacrifício do parceiro ou da parceira. Também, carregam uma grande dose de individualidade. São donas da verdade, impõem limites em tudo e sempre estão dispostas a fechar a cara no momento em que deviam rir.
Uma das grandes dificuldades dessas pessoas é se colocarem no lugar do outro. Vou contar um caso : o Joaquim Silveira gostava de uma moça loira, olhos verdes, pernas finas e faladeira. Dessas que buscam aparecer a qualquer custo entrando na conversa alheia, usando vestidos berrantes, falando alto , e suas opiniões são como sentenças de um velho juiz. No trabalho sempre está tecendo comentários negativos contra colegas e invariavelmente pede ao interlocutor que guarde segredo. É tão viciada em falar mal dos colegas que muitas vezes é surpreendida por alguém que diz: fulana ,você já me contou esta história. Mesmo assim Maria Auxiliadora, este é o seu nome, não para de falar e continua a mostrar os defeitos do colega.Todos no escritório já conhecem este seu jeito de ser . Muitos até evitam parar para conversar com ela, e quando encontram alguém conversando com Auxiliadora já sabem que estão cortando a vida de alguém.
No trabalho gosta de participar, quando não organizar festas , porque o sucesso ou mesmo fracasso dos mesmos são pratos cheios para comentários malediscentes e assim revigora o seu cardápio. Um fato, por mais simples que seja, é o suficiente para um mês de conversas e briguinhas . Quase sempre os colegas estão com despeito, são invejosos e até fala em discriminação de gênero.
Mesmo causando estes transtornos não abre mão de participar das festas e encontros . Ocasião em que aproveita para manter contato com a mídia, quando aparece dando opiniões e entrevistas sobre os mais diversos temas. Como um trator vai atropelando tudo que passa em sua frente, mesmo os seus chefes ou pessoas devidamente credenciadas para tratar de determinados assuntos.
Tem dentro de si um elevador ,o qual a todo instante sobe e desce com presteza suíça. Quando está no alto, olha tudo na ponta do nariz e não enxerga ninguém. O Joaquim já foi esquecido há muito tempo e, agora o foco é a reunião do momento. Ri e beberica nos coquetéis, faz mesuras para os poderosos, dá um jeito de visita-los nos gabinetes, presenteia secretárias para ter acesso mais fácil e, assim, constrói um falso mundo de amizades. Quando chega no pique, no último andar, é hora do elevador descer, ai entra em choque com a crua realidade culpando a inveja. Para ela é preconceito , acha que colocaram feitiço, sente-se mal, mas, nunca vai ao médico, porque no fundo sabe que este sentimento é fruto de sua arrogância e extravagância.
Essas pessoas são eternas vítimas. Aprontam “ torto e a direita” e de repente caem na depressão e passam a culpar os outros. Se têm algum companheiro ou companheira é o culpado ( a) de tudo de ruim que acontece ou que imagina acontecer. Ficam prostradas por algum tempo até chegar ao fundo do poço do elevador.
Porém, em pouco tempo ressurgem, e quando chega este momento, saia de baixo ! Chegam como verdadeiros tratores de esteira passando por cima de tudo. A instabilidade emocional dessas pessoas não as permitem ter uma vida tranqüila , amar e ser amadas como acontece com qualquer ser que tem alguma estabilidade. Lembro de uma palestra que alguém assistiu onde um psiquiatra dizia que “feliz daquela pessoa que tem a cabeça no lugar”. Realmente é uma riqueza inesgotável os que tem serenidade para enfrentar o dia-a-dia, com a postura de alguém que sabe o que quer e sabe discernir.
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