Objetivo


sexta-feira, 9 de abril de 2021

MAIS UMA DESPEDIDA

Eliezer Varjão com seu riso inconfundível e cheio de
alegria. Esta foto é recente.
Quando chegamos aos 60 ou 70 anos aumentam também as despedidas. São amigos e parentes mais próximos que partem para outra dimensão deixando aqui suas lembranças, que procuramos guardá-las na memória, e suas experiências e seus ensinamentos colocá-los em prática. Pois é, esta semana partiu mais um amigo querido o Eliezer Varjão. Trabalhamos durante mais de três décadas no jornal A Tarde, onde construímos uma boa amizade e respeito mútuo. Como bons amigos, nem sempre concordamos cegamente com coisas da vida, especialmente quando a gente é colega de trabalho por tanto tempo. Acho inclusive isto salutar, porque a unanimidade é burra , e opiniões  diferentes  fortalecem as amizades.

Eliezer chegou ao jornal A Tarde vindo do Diário de Notícias. Na época eu já era um repórter com certa experiência e trabalhava na Reportagem Geral. Ele foi, logo depois designado para cobrir o Aeroporto Dois de Julho, hoje, Luiz  Educardo Magalhães e os principais hóteis. Lembro que na época haviam os repórteres de Setor que atuavam onde existisse  possibilidade de gerar mais notícias. Eram os setores de Aeroporto e hóteis ;Porto e  Sunab , que controlava os preços; Câmara dos Vereadores; Assembléia Legislativa; Governadoria , além de Esportes e Economia, Polícia. Enfim, com esta distribuição estava garantida uma boa produção de matérias para o fechamento de cada edição do jornal.

Passei a ser Chefe de Reportagem por um bom período e depois fui para a edição geral do jornal. E o Eliezer para a Chefia da Reportagem. Portanto, caminhamos juntos por longos períodos e participamos como jornalistas do crescimento desta Cidade, conhecíamos bem seus problemas, porque diariamente lidávamos com eles na produção de notícias. Na época o Jornal A Tarde tinha muita penetração em todo Estado da Bahia e até no Nordeste, além de desfrutar de  prestígio. Éramos muito solicitados pela população para expor seus anseios e reclamações.

Deixamos o jornal na mesma época , quando chegou a terceira geração dos donos do jornal, e resolveu abrir mão de um rico capital social, que era formado por editores, repórteres, fotógrafos  e outros profissionais de vasta experiência,além de gozar de prestígio junto à comunidade. Mas, isto é outra história.

A última vez que nos falamos foi em janeiro quando ele deixou o Hospital da Bahia . Estava  em casa quando recebo um telefonema do Eliezer : Rey, você não disse que irmã Dulce nunca seria santa ! Olhe ai ,ela é santa e muito prestigiada pelos fiéis. As palavras foram mais ou menos estas.  Respondi que não lembrava de  ter lhe dito isto, e que para mim não era um assunto que tivesse me envolvido. Ele insistiu , e para não discutir , respondi: Não lembro, mas quem sabe, possa ser que tenha lhe dito. Aí ele  desligou. 

Portanto, amigos têm que compreender, e muitas vezes mesmo não concordando é preciso saber respeitar a opinião do outro. Tenho certeza de nunca ter dito a ele que a irmã Dulce não seria santa. A entrevistei algumas vezes, e também conheci a   Madre Tereza de Calcutá , quando veio inaugurar um convento de sua congregação nos Alagados.É uma satisfação para um repórter saber que conheceu duas santas.

Portanto, deixo aqui este registro do Eliezer Varjão que marcou presença na história recente do jornalismo baiano com suas inúmeras reportagens,  no jornal A Tarde, com suas matérias na assessoria da Embasa , e na empresa que criou, e hoje é tocada pelos seus filhos Leo e Elane Varjão.

 Perdi um querido amigo e relembro dos bons papos, das brincadeiras,  e das boas gargalhadas que demos  juntos durante encontros nos aniversiários de amigos ou nossos .Eu saboreando uma cervejinha, e ele sempre com sua dose de bom uisque.




3 comentários:

Vera Spinola disse...

Conheci Eliezer quando trabalhava como relações públicas do Hotel Meridien. Pessoa muito agradável e afável. Sinto muito que não esteja mais entre nós

Vera Spinola disse...

Gostei do seu depoimento. Demonstra emoção sem ser piegas. Que Eliezer descanse em paz

Unknown disse...

Bela homenagem...Lembranças e emoçöes. Meus sentimentos.Paz e Luz.