ARTES VISUAIS
Texto Reynivaldo Brito
Revista Manchete 25 de março de 1970
AS VERBAS
Segundo Mendonça , informou a Manchete, a futura casa-sede da Fundação Hansen-Bahia, uma antiga fábrica de colchões , “ não tem qualquer valor histórico, apenas está incorporada à paisagem da cidade”. Sua restauração, porém, só poderá ser feita se um problema mais grave for resolvido: o da falta de dinheiro. Até o momento, existe apenas a verba insuficiente, de Cr$400 mil, liberada pelo Ministério da Educação e Cultura, além de promessas de doações feitas pela Fundação Alvares Penteado, de São Paulo, e de prefeitos da Região Metropolitana de Salvador, tais como os de Camaçari, São Francisco do Conde e, evidentemente, Cachoeira. Enquanto isso, Hansen-Bahia, convalescendo de recente operação, espera numa fazenda nos arredores de Cachoeira um abrigo para a sua doação.
SAUDADES DE HANSEN
Hansen com sua Ilse em São Felix
Revista Manchete 25 de março de 1970
Há trinta anos, desembarcou em Salvador o gravador alemão Hansen. A terra lhe foi tão agradável que, cinco anos depois, ele se naturalizou brasileiro e adotou o nome Hansen-Bahia. Com sua obra, capaz de captar a mestiçagem e o misticismo da cultura afro-brasileira, vista por um estrangeiro, o artista conquistou fama no país e no exterior, publicando vinte e cinco livros sobre artes plásticas na Europa. Ensinou gravura e expôs suas obras na República Federal da Alemanha e na Etiópia. Mas, nem por isso deixou de voltar para Cachoeira, na Bahia, onde criara, em 1976, a Fundação Hansen-Bahia, para a qual doou três mil matrizes originais de seus livros e os instrumentos de seu trabalho.
Para recolher tal acervo foi escolhido um casarão em Cachoeira, velho de cem anos, e em mau estado de conservação. Para a sua restauração foi escolhido o arquiteto alemão Carl von Hamenschild e logo as complicações começaram. Os técnicos do IPHAN, sob pressão de intelectuais de vários pontos do país , interditaram a reconstrução, alegando que todas as antigas janelas do prédio haviam se transformado em portas. Tentando solucionar o problema, o Governador Roberto Santos, da Bahia, solicitou ao diretor do Patrimônio Artístico e Cultural do Estado, Mário Mendonça , que servisse de intermediário. AS VERBAS
Segundo Mendonça , informou a Manchete, a futura casa-sede da Fundação Hansen-Bahia, uma antiga fábrica de colchões , “ não tem qualquer valor histórico, apenas está incorporada à paisagem da cidade”. Sua restauração, porém, só poderá ser feita se um problema mais grave for resolvido: o da falta de dinheiro. Até o momento, existe apenas a verba insuficiente, de Cr$400 mil, liberada pelo Ministério da Educação e Cultura, além de promessas de doações feitas pela Fundação Alvares Penteado, de São Paulo, e de prefeitos da Região Metropolitana de Salvador, tais como os de Camaçari, São Francisco do Conde e, evidentemente, Cachoeira. Enquanto isso, Hansen-Bahia, convalescendo de recente operação, espera numa fazenda nos arredores de Cachoeira um abrigo para a sua doação.
SAUDADES DE HANSEN
Foi a última vez que encontrei Hansen e Ilse em sua casa na cidade de São Félix. Ele estava muito doente e construía uma piscina em sua casa, a qual não chegou a concluir. Falava do futuro e tinha fé que sairia daquela situação em que se encontrava. Não saiu. Para tristeza de todos que gostavam deste alemão que adotou a Bahia como seu sobrenome. Ficou a saudade. Muita saudade de seu jeito, que a princípio parecia grosseiro mas, que sabia cativar as pessoas. Tenho alguns trabalhos de Hansen, e cada vez que olho para eles lembro de seu jeito simples e quase rude. Lembro de suas risadas altas e seu pavio curto, que explodia com certa facilidade.Este foi o Hansen que conheci.Um dos grandes gravadores que já apareceram por aqui.
Ele soube captar , a exemplo de Carybé, este jeito baiano do povo simples do Mercado de São Miguel,da Feira de São Joaquim,da rampa do Mercado Modelo.
Mirou as prostitutas e os malandros tão presentesna obra do grande escritor
Jorge Amado, um injustiçado por não ter sido laureado com o Prêmio Nobel de Literatura.
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