REVISTA FATOS E FOTOS / GENTE
30 DE ABRIL DE 1979
A evasão de Thedomiro surpreendeu a políticos, policiais , juízes e advogados. Sua mulher, Maria da Conceição, aguarda uma confirmaçào da fuga. Barbudo, usando óculos assim estava Theodomiro nos últimos dois anos.
Theodomiro Romeiro dos Santos não confiava na Justiça, mesmo tendo sido ultimamente por ela beneficiado – sua pena de morte se transformou em prisão perpétua, depois em 30 anos e com a nova Lei de Segurança Nacional, em 16 anos. Por isso, mesmo desfrutando de excelentes possibilidades de vir a conseguir um julgamento favorável para o seu pedido de liberdade condicional, ele preferiu a fuga. Com todos os seus riscos. Em julgamento anterior, por crimes políticos e a morte do sargento da Aeronáutica Walder Xavier da Silva, viu negado o seu pedido para ganhar a liberdade, tal como havia acontecido com outros presos políticos. E perdeu todas as esperanças. Passou a crer que todos os demais julgamentos estariam revestidos de mesmas circunstâncias políticas que, na sua opinião, contribuiriam para uma sentença desfavorável. Não demonstrava, mas era um homem angustiado. E essa angústia aumentou, quando foi conhecer o segundo filho do seu casamento com Maria da Conceição Gontijo Lacerda. Se poucos eram os contatos com o primeiro, Bruno, a situação se agravaria com o segundo, Fernando. E a fuga passou a ser uma obsessão, mais forte do que os riscos. Ninguém sabe, por enquanto, como aconteceu, como foi tramado. Levantou-se a hipótese dele ter recebido ajuda do exterior. Uma pessoa, porém, recusa-se a crer que Theodomiro tenha fugido: é a sua mulher. “Só acreditarei que o meu marido fugiu, quando puder vê-lo ou, pelo menos, falar com ele. Do contrário, continuarei achando muito estranho essa fuga. Ele estava muito perto da liberdade. Tanto que vinha recebendo frequentes ameaças de morte. Eu não creio muito nessa fuga. Acho que aconteceu algo pior”, finalizou.
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