Objetivo


sábado, 9 de junho de 2012

CIDADE DE SALVADOR - BAIXA DOS SAPATEIROS ESTÁ DEGRADADA



CIDADE DE SALVADOR
Texto e Fotos de Reynivaldo Brito

       Foto atual mostrando o antigo prédio onde funcionava o Cine Tupy

Cantada em prosa e verso a Baixa dos Sapateiros está em plena decadência com dezenas de lojas fechadas e os três cinemas fechados, o Tupi, CinePax e Jandaia , que em décadas passadas atraíam grande público nas tardes de domingo. Os prédios do CinePax e Tupi estão em péssimas condições e o do Jandaia em ruínas. Percorri toda a Baixa dos Sapateiros e o que vi foi tristeza, quebrada apenas pela perserverança de alguns comerciantes, que colocaram bandeirinhas coloridas em grande parte dos seus 2.500Km, lembrando que estamos no mês do São João quando  àquela rua ficava apinhada de gente.
A J.J. Seabra, seu nome oficial, hoje amarga o descaso das autoridades municipais , estaduais e mesmo das instituições ligadas ao comércio, que não tomam qualquer providência visando a sua revitalização. Ao lado o antes imponente prédio do Cine-Teatro Jandaia que está em ruínas e precisa ser recuperado pelo que representa para a cidade.
Na realidade eu nunca vi a Baixa dos Sapateiros com qualquer charme a não ser na música de Ary Barroso que diz “Na Baixa do Sapateiro / Eu encontrei um dia / Uma morena mais frajola da Bahia / Pedi-lhe um beijo, não deu/ Um abraço, sorriu / Pedi-lhe a mão/ Não quis dar / Fugiu...”
Hoje a Baixa dos Sapateiros está tomada por lojas populares, com vitrines e arrumações de péssimo gosto. Dá até uma nostalgia de ver como algumas ruas e avenidas de Salvador, vêm se degradando a passos largos. Basta citar toda a Avenida Sete de Setembro, zona do Comércio, próximo ao prédio do antigo Correio e ruas do entorno, além do centro da cidade.

                                                    FECHADA

Lembro que em fevereiro de 1978 a Baixa dos Sapateiros ficou um longo tempo fechado devido a uma obra de esgotamento sanitário para canalizar o rio das Tripas que passa bem embaixo da pista de rolamento. Os comerciantes reclamaram muito da demora e dos prejuízos que a obra estava provocando no comércio levando ao fechamento de várias lojas. Na ocasião fiz uma reportagem que foi publicada na revista Manchete, quando os comerciantes protestavam contra os prejuízos .
Nos anos 90 havia grande fluxo de pessoas que iam a Baixa dos Sapateiros comprar roupas e outros produtos e que nas proximidades das festas como São João e Natal ela ficava quase intransitável. Muitas lojas boas fecharam as portas dando lugar a um comércio de nível discutível.
A Baixa dos Sapateiros já contou com mais de 400 pontos comerciais e hoje não chega a 300 lojas. Lembra o presidente da Associação da Baixa dos Sapateiros e Barroquinha, Ruy Barbosa “ que em 2008 o governo federal destinou R$28 milhões para a revitalização do centro histórico de Salvador e a Baixa dos Sapateiros estava dentro do projeto. No entanto,por falta de licitação, o recurso foi devolvido ao governo federal.”
Acontece que nada fizeram e o dinheiro voltou. Incompetência das mesmas autoridades. Descaso com a nossa cidade!
Sabe-se que na ocasião chegaram a desapropriar 10 pontos comerciais nas proximidades do antigo Mercado de São Miguel, que hoje está em ruínas e escondido por um grande muro em péssimas condições.
Às vésperas das eleições municipais voltam a falar que existe um projeto de revitalização dos 2,5 Km de extensão da Baixa dos Sapateiros. Este projeto deve incluir uma passarela ligando o Campo da Pólvora e Pelourinho; melhoria nos passeios, terminais de ônibus, novos estacionamentos, iluminação eficiente, recuperação de sete casarões destinados a moradia, reforma do Asilo de São Miguel, que é belíssimo; do Mercado de Santa Bárbara, prédio dos Bombeiros, CinePax e a construção de uma praça em homenagem a Ary Barroso que levou o nome da Baixa dos Sapateiros a todo o país. Vamos esperar...

                               NA HISTÓRIA DA CIDADE

A Baixa dos Sapateiros era chamada de Rua da Vala, e compreende as regiões do Largo do Aquidabã e até a Barroquinha. Anteriormente a região da Baixa do Sapateiro ia da Baixa da Ladeira do Taboão (ladeira que liga o comércio à Baixa dos Sapateiros, onde trabalhavam alguns sapateiros e costureiras) à Rua da Vala. De acordo com o livro “Histórias de Salvador nos nomes das suas ruas”, do jornalista Luiz Eduardo Dórea, a Baixa do Sapateiro tem como nome oficial Rua J. J. Seabra, uma homenagem feita a um governador do estado.
A Baixa dos Sapateiros ganhou seu nome pela topografia e pelo agrupamento profissional que nela se instalou durante o século XIX. Na região haviam diversas casas de couro, que eram muito freqüentadas por sapateiros, hoje localizadas no Taboão.
Foi na Baixa dos Sapateiros que foi instalado o primeiro cinema de Salvador, em 1910, o Cine-Teatro Jandaia, conhecido também como Palácio das Maravilhas.O interior do prédio tinha uma arquitetura imponente. Este prédio poderia ser restaurado e transformado num espaço cultural importante para a cidade, inclusive para realização de vários tipos de espetáculos. Cinco anos depois, a Baixa dos Sapateiros ganhou outro cinema: O Olympia. Dizem os escritos e jornais da época que nos anos 20 e 30, as classes média e alta desfilavam na Baixa dos Sapateiros, freqüentando as famosas matinês do Cinema Olympia ou as esporádicas apresentações teatrais no Cine-Teatro Jandaia, um dos prédios mais elegantes do Centro Histórico, hoje em ruínas.








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