Texto de Reynivaldo Brito
CONSUMIDOR
Que seria da tecnologia sem a existência de pesos, medidas ou critérios comparativos que ordenam a produção cada vez mais diversificada da indústria moderna?
Que seria da tecnologia sem a existência de pesos, medidas ou critérios comparativos que ordenam a produção cada vez mais diversificada da indústria moderna?
Imaginemos cada uma das utilidades oferecidas à sociedade de consumo, das mais sofisticadas às mais simples, produzidas por unidade, sem obediência a um padrão que garantisse a inalterabilidade da sua qualidade e não será outra a conclusão de que a padronização nascida por exigência natural do desenvolvimento tecnológico, comanda o mundo moderno. Sem ela até as roupas, e os sapatos teriam que ser ajustados individualmente, numa produção artesanal, para não falar em parafusos e porcas, estas pequenas insignificâncias que seguram o mundo tecnológico em que vivemos. Em tudo haveria o inevitável “toque pessoal” e as dimensões ou cores variariam com a disposição do artesão no decorrer do dia. Foto de uma balança sendo auferida.
Desde o reinado de Henrique I, na Inglaterra, quando surgiu a primeira tentativa de se estabelecer um padrão com adoção da antiga jarda, que deveria ser do exato comprimento do seu braço, até hoje, muitas foram as sugestões em torno da padronização. Dentre elas a da 1ª. Conferência Internacional de Pesos e Medidas, reunida em Paris, em 1893 e onde se assentaram numa base de cooperação mundial os alicerces de um sistema de normas e padrões que resultou no atual Sistema Internacional de Medidas, com suas seis unidades fundamentais e tantas outras derivadas, variando de forma decimal.
A própria Revolução Industrial, deflagrada primeiramente na Inglaterra, teve como uma de suas causas a proposição de Whitworth à sociedade de Engenheiros Civis, para a padronização de porcas e ferramentas. Esta proposição foi a semente daquilo que iria assegurar à Inglaterra a primazia da Revolução Industrial.
Na balança do mundo moderno o homem situa-se, hoje, entre os pesos e as medidas.
Foi utilizando medidas que o homem através a pesquisa científica acumulou há vinte séculos os seus conhecimentos que permitiram o domínio do átomo e do espaço e o controle de uma série de fenômenos biológicos. Assim a Metrologia vem evoluindo e acompanhando o desenvolvimento tecnológico.
Em cada país são adotadas disposições que asseguram a medição precisa tão essencial às pesquisas científicas, e podemos mesmo afirmar que o nível de desenvolvimento de um país depende das medidas estabelecidas e do grau de perfeição das mesmas.
IMPORTÂNCIA
Dizem os técnicos que um aspecto importante da Metrologia “é a conversão da Metrologia Fundamental ou Científica, em uma série de providências práticas capazes de amparar as ciências, as pesquisas, a indústria e o comércio em suas numerosas necessidades. Este aspecto, que se pode chamar de Metrologia Aplicada, compreende a utilização das diversas unidades de medidas com a ajuda de instrumentos de medir e outros meios apropriados , de acordo com as diferentes necessidades”.
O seu campo é vasto e atraente. Se estende desde as medidas industriais e tecnológicas, que são extremamente complexas até aos pesos das mercadorias, quando a dona de casa compra 250 gramas de manteiga.
PIONEIRO
O Brasil foi um dos pioneiros na adoção do sistema métrico. Foi através da Lei Imperial no.1.157, de 26 de junho de 1862, que se determinou a substituição dos pesos e medidas coloniais portuguesas pelos padrões do sistema métrico francês. Já em 1938 o decreto-lei n. 592 deu nova orientação à Metrologia no Brasil, que poucos anos depois, tornou-se inadequada e, em 1961, com a criação do Ministério da Indústria e Comércio foi também criado e vinculado à sua estrutura o Instituto Nacional de Pesos e Medidas que tem por finalidade: 1) supervisionar, orientar e coordenar em todo o território nacional as autoridades e órgãos públicos incumbidos da execução das atividades metrológicas; 2) expedir ou propor a expedição de normas complementares necessárias à execução dos serviços. 3) dirimir as dúvidas ocorridas e colaborar com os órgãos competentes visando aperfeiçoar o ensino de Metrologia; 4) especificar as condições mínimas a que deverão obedecer os modelos de medidas e instrumentos de medir, examinando-os definindo-os e aprovando-os ou não.Essas são algumas das atividades do INPM e que em nível estadual são realizadas pelo IPEMBA.
MÃO-DE-OBRA
Agora, a preocupação dos metrologistas brasileiros é a formação da mão-de-obra qualificada, tão escassa no Brasil. Para isto foi criado o Projeto Criptônio com o objetivo de selecionar, recrutar e treinar técnicos de nível universitário que serão requeridos nos laboratórios do INPM.
Foto de fiscais examinando a medição de uma bomba de combustível.
Basicamente, este projeto constará de um curso intensivo de 12 meses, ao fim do qual o aluno estagiará por igual período num laboratório de Metrologia no exterior, para o que conta o INPM com mais de 30 bolsas de estudos oferecidas pela Alemanha, França, Japão e Estados Unidos.
Este projeto pretende formar 30 especialistas de nível superior, em diversas especialidades no campo da Metrologia, a serem aproveitados no futuro quadro técnico do Laboratório Nacional de Metrologia.
Se você é recém-formado em Engenharia, Física ou Química e deseja fazer o curso de Metrologia procure se inteirar junto à Diretoria da escola onde concluiu o curso pois o INPM enviou folhetos informativos visando orientar os futuros candidatos ao seu quadro funcional.
O exame de seleção constará, inicialmente, de um teste de verificação do QI do candidato e seguem-se testes de Matemática, Física, Desenho Técnico e de um idioma estrangeiro. Uma vez aprovado nesses testes o aluno será submetido a uma entrevista de avaliação da cultura geral, desembaraço e interesse profissional. Haverá finalmente, um exame médico para os aprovados.
METROLOGIA E ECONOMIA POPULAR
Sustenta o Diretor geral do IPEMBA, na Bahia, Sr. Adary Oliveira ( foto atual) que “em todas as transações comerciais, as quantidades são relacionadas com números através de pesos e medidas. Quando um consumidor adquire um bem, efetua o pagamento em função da quantidade adquirida. A medida, isto é, a comparação da quantidade em questão com outra tomada como unidade, é feita através de instrumentos de medir. Para que a medida seja efetuada com correção o instrumento utilizado deve estar funcionado bem, e a unidade de comparação deve estar bem representada”.
Assim os técnicos do IPEMBA percorrem povoados, cidades e vilas verificando os instrumentos de pesar e medir, defendendo a bolsa do consumidor. O mal funcionamento de uma simples balança de uma mercearia pode representar em termos de economia popular uma grande perda com o passar dos anos. A exatidão dos pesos, o funcionamento das balanças, a fidelidade das bombas de gasolina, o funcionamento dos taxímetros são verificados constantemente.
Outro campo de grande importância para o desenvolvimento do País é a chamada Metrologia Industrial, que permite não só a segurança industrial como também assegura a quantidade e qualidade dos produtos a serem consumidos.
O industrial adquire a matéria prima e necessita saber se está recebendo a quantidade que está pagando. Também ele vende o produto manufaturado e precisa medi-lo bem para estar seguro de que está entregando, o que lhe foi comprado. Além disso, as operações industriais exigem precisão nas medições. Um defeito num manômetro ou numa balança de pesar um botijão de gás pode trazer conseqüências fatais.
METROLOGIA INDUSTRIAL
Diretor Geral do IPEMBA diz que “estamos iniciando nessas atividades no campo da Metrologia Industrial em Salvador.Adquirimos um equipamento de aferição de instrumentos industriais, entre os quais, termômetros, densímetros, manômetros, medidores de vazão, trenas, paquímetros e micrômetros e recentemente terminamos a construção da nova sede, com a montagem de um laboratório que nos permitirá aferir muitos instrumentos. E com isto grandes consumidores, a exemplo da Petrobrás, começaram a exigir os laudos técnicos e os certificados de aferição do IPEMBA, o que prova a necessidade e a confiança em nossos serviços.
E continua, “ é preciso, no entanto, uma ampla campanha educativa e sistemática instruindo a população sobre o uso correto dos instrumentos de medir. Mostrando à população as fraudes em balanças, bombas de gasolina, taxímetros e medidas de madeiras, que são utilizados pelos comerciantes desonestos.
- No momento em que se comemora a Semana Nacional de Pesos e Medidas é justo que ressaltemos a importância da Metrologia e o trabalho que pretendemos desenvolver visando à uniformização das unidades de medidas agrárias.
A aferição é uma necessidade. Todo instrumento metrológico funciona com acessórios mecânicos que são passíveis de desgaste e provocam uma natural descalibração. Alguns em pouco tempo, outros permanecem mais tempo. O caso da bomba de gasolina é um exemplo de um instrumento que se descalibra rapidamente.
Já o medidor elétrico, ao contrário, permanece por muito tempo inalterado. Assim dezenas de instrumentos de pesar e medir utilizados pelas indústrias têm que ser aferidos periodicamente.
CASO RECENTE
Os jornais divulgaram no dia 18 de junho de 2012 que numa inspeção feita nos aeroportos de Cumbica e Congonhas, em São Paulo, 44 das 237 balanças estavam com erros e, numa delas com 7,5 Kg a menos. Sendo quase 40% irregulares em Congonhas e 15% em Cumbica. Este fato é suficiente para demonstrar a importância da aferição constante por parte da fiscalização em defesa do consumidor. Aqui na Bahia constantemente os fiscais encontram irregularidades nos supermercados, lojas e feiras livres. O trabalho tem que ser constante para evitar que o consumidor seja prejudicado. Muitas vezes não é nem por má fé do comerciante, apenas os equipamentos com o uso constante necessitam de ajustes.
Os jornais divulgaram no dia 18 de junho de 2012 que numa inspeção feita nos aeroportos de Cumbica e Congonhas, em São Paulo, 44 das 237 balanças estavam com erros e, numa delas com 7,5 Kg a menos. Sendo quase 40% irregulares em Congonhas e 15% em Cumbica. Este fato é suficiente para demonstrar a importância da aferição constante por parte da fiscalização em defesa do consumidor. Aqui na Bahia constantemente os fiscais encontram irregularidades nos supermercados, lojas e feiras livres. O trabalho tem que ser constante para evitar que o consumidor seja prejudicado. Muitas vezes não é nem por má fé do comerciante, apenas os equipamentos com o uso constante necessitam de ajustes.
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