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quarta-feira, 27 de junho de 2012

HISTÓRIA DA BAHIA - MARIA FELIPA A HISTÓRIA NÃO ESQUECEU

Jornal A Tarde , 30 de junho de 1973.

HISTÓRIA DA BAHIA

HEROÍNA NEGRA DA INDEPENDÊNCIA DA BAHIA
Texto Reynivaldo Brito


Poucos conhecem uma grande heroína de Itaparica que durante a Guerra pela Independência da Bahia pegou num trabuco e foi defender a sua terra na frente de batalha. Era uma crioula forte e destemida que residia em Itaparica. O historiador Ubaldo Osório, que por tantos anos pesquisou a História da Ilha afirma que esta heroína é uma injustiçada.
Afirma o historiador que o “nome de Maria Felipa não é ventilado por ser  humilde e negra”. E acrescenta: “É hora de fazermos justiça a quem tanto desejou a libertação do Brasil de Portugal”. Foi ainda este historiador o único que falou sobre a heroína e este trecho que publicamos é todo baseado em seu trabalho, pois que o livro de sua autoria com mais de 500 páginas está no prelo.

                                                  A HEROÍNA

Chamava-se Maria Felipa de Oliveira e residia na antiga rua da Gameleira, na povoação da Ponta das Baleias, quando a Ilha foi assaltada pelos portugueses, em 10 de junho de 1822.
Quando foi organizada a resistência eis que Maria Felipa apresenta-se como voluntária e fez grandes proezas enfrentando o inimigo com um trabuco nas mãos.
Informa o historiador Ubaldo Osório que “Maria Felipa faleceu em 4 de janeiro de 1873, e possivelmente foi enterrada na sacristia de Matriz de São Lourenço que era o cemitério da povoação naquela época. Ela chefiou as vedetas da praia do convento, cujos nomes a história não guardou. Era uma crioula estabanada, alta e corpulenta que usava um torço e saia rodada. Gozava de uma grande popularidade entre os praieiros que admiravam o dessasombro e a coragem da crioula. Tinha um ódio instintivo ao lusitano”.
Conta ainda que no dia 16 de Janeiro de 1823, quando a população da Ponta das Baleias, assistia, no largo da Fortaleza de São Lourenço, o hasteamento da Bandeira que o General Pedro Labatut havia oferecido, à Guarnição da Ilha de Itaparica, eis que Maria Felipa, à frente de suas legionárias, invade a Armação de Pesca de Araújo Mendes, espanta o vigia, o Guimarães da Uva, e sai pelas ruas, cantando em altas vozes:
Havemos de comer /Marotes com pão./Dar-lhe uma surra /De bom cansansão./Fazendo as marotas/Morrer de paixão./Português, bicho danado,Arrenegado, arrenegado.
O historiador Ubaldo Osório se entusiasmou tanto pela heroína itaparicana que batizou uma filha com o nome de Maria Felipa.
       

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