A TARDE BAHIA, 03 DE FEVEREIRO DE 1973.
Texto Reynivaldo Brito
A poluição das praias de Salvador
já começa a preocupar as autoridades estaduais e federais. O índice de poluição
de algumas delas é tão alto que os dirigentes dos órgãos encarregados do
controle mantêm os resultados laboratoriais em sigilo, argumentando que de nada
adiantaria divulgá-los. Mas enquanto providências efetivas não são tomadas os
baianos e os turistas que nos visitam banham-se em águas poluídas colocando sua
saúde em perigo. Muitos
desavisados chegam a banhar-se em locais onde os esgotos são despejados.
A Capitania dos Portos é, talvez,
o órgão que, no momento está mais
preocupado com o problema da poluição de nossas praias e inclusive exerce uma
fiscalização efetiva para que as embarcações não lancem detritos nas águas do
mar e que esses venham a dar nas praias. Há poucos dias um navio de bandeira
francesa foi multado em cerca de CR$ 28 mil cruzeiros por jogar óleo no mar.Na foto da época barracas onde eram comercializadas bebidas alcóolicas, concorrendo para a intranquilidade das famílias.
PREOCUPAÇÃO
Quando do encaminhamento do
projeto do emissário submarino pelo Governo do Estado para a aprovação pelo
Ministério da Marinha, em maio do ano passado, o Vice-almirante Hilton Berutti
enviou um ofício ao Governador que em determinado trecho afirma: “tenho a
satisfação de acusar o recebimento da carta datada de 11 do corrente, na qual
V. Exa. expõe a realização da obra de esgotos sanitários da cidade do Salvador,
de tão alta prioridade para as necessidades da população local e tão grata a
esta Diretoria, pelos benefícios que trará, em termos de combate à poluição das
praias dessa bela e histórica Capital”.
Esta afirmação por si só bastaria
para constatar a poluição e também a preocupação em se criar instrumentos
capazes de combater este mal, que tanto concorre para diminuir o grande
potencial turístico das praias baianas, que são consideradas como as mais
lindas do País.
ANIMAIS
O pior é que além dos esgotos que
lançam detritos nas águas do mar algumas pessoas desavisadas levam cachorros e
até cavalos às praias. É comum você presenciar na orla marítima de Salvador
criancinhas banhando-se nas praias juntamente com esses animais. É outro grande
perigo para a saúde dos banhistas.
A falta de um policiamento
efetivo nas praias é a principal razão da presença de animais como também da
ocupação de áreas destinadas ao banho de mar pelos jogadores de “peladas”.
Vários acidentes e incidentes já ocorreram em algumas praias principalmente em
Itapajipe, Piatã e Porto da Barra quando crianças e senhoras foram atingidas
por boladas. Com isto os seus acompanhantes não conformados com esta atitude
descabida são obrigados a tomar providências pois a polícia nunca aparece
nesses momentos.
AS PRAIAS
A praia do Porto da Barra é muito
freqüentada, principalmente nos fins de semana quando centenas de pessoas que
não possuem veículos para se locomover para outras mais afastadas enchem àquele
pequeno trecho de areia que vai das imediações do Clube Cirex até o Forte de
Santa Maria.
Existem ali nada menos que três
esgotos que lançam detritos na areia e na água do mar além de vísceras de
peixes e outros detritos que são lançados por pescadores e alguns comerciantes
estabelecidos na feirinha do Porto.
Foto crianças brincando na praia. os pais devem tomar o máximo de cuidado para que elas não brinquem perto de esgotos e detritos.
Foto crianças brincando na praia. os pais devem tomar o máximo de cuidado para que elas não brinquem perto de esgotos e detritos.
Além disso, esses esgotos
apresentam uma construção mal feita o que concorre para diminuir a beleza da
praia do Porto da Barra. O policiamento é precário e sendo essa praia a que
apresenta trajes de banho mais avançados, com a presença de biquínis modernos,
quase sempre surge um conflito, que exige a presença de um policial.
As tais bóias de isopor que vez
por outra são colocadas no Porto da Barra e que servem de aviso aos banhistas
quase sempre não aparecem por lá.
É necessário que a Prefeitura
Municipal coloque as bóias diariamente mesmo porque estamos em época de férias
escolares e é grande o número de banhistas.
PERIGO
Outro perigo a que ficam expostos
os banhistas do Porto da Barra é a presença de pequenas lanchas movidas a motor
e outras embarcações que ficam navegando bem próximas à praia. O que poderá
acontecer é que algum banhista seja atingido por uma hélice ou mesmo que, ao
mergulhar, bata com a cabeça num casco de uma embarcação. Os proprietários
dessas lanchas e barcos ficam por ali na “paquera”, demonstrando suas
“habilidades” de homens do mar e, esquecem do perigo que representam.
Em muitas praias de Salvador os atletas de fim de semana não respeitam os banhistas e se multiplicam os babas em toda a orla marítima, principalmente nos finais de semana.
Em muitas praias de Salvador os atletas de fim de semana não respeitam os banhistas e se multiplicam os babas em toda a orla marítima, principalmente nos finais de semana.
É preciso que as autoridades atentem para este
problema, evitando a presença de embarcações bem próximas às praias
principalmente nos dias de maior afluência de público.
Nas proximidades de Forte de
Santa Maria, existe uma faixa de praia que vai até o Farol da Barra que não tem
iluminação nenhuma e isto serve de mictório público. O turista não pode
demorar-se na balaustrada a admirar a beleza da paisagem, porque o cheiro é
insuportável.
Do lado direito do Farol da Barra
existe uma velha árvore que serve de depósito de lixo. Alguns moradores das
imediações lançam na praia objetos imprestáveis. Há poucos dias, presenciamos
um senhor jogar um guarda-roupa velho, além de lixo.
Os esgotos ali existentes lançam
com mais intensidade águas sujas e por esta razão a areia da praia está
escurecida como também suas águas.
Assim, a maioria de nossas praias
são poluídas como as de Ondina, Rio Vermelho, Pituba, Piatã, Itapuã e Arembepe,
onde uma fábrica de produtos químicos lança detritos industriais que vêm
prejudicando a flora e a fauna marinhas.
Na Cidade Baixa, as praias da Boa
Viagem, Monte Serrat e Itapajipe apresentam, talvez, um dos maiores índices de
poluição em todo o Brasil.
Os resultados das pesquisas
laboratoriais realizados comprovam isto, mas infelizmente estão guardados em sigilo.
CONVÊNIO
Um convênio para o controle da
poluição das águas do mar em toda a Baía de Todos os Santos além das bacias
hidrográficas do Joanes e seus afluentes vai ser firmado entre o Governador do
Estado e a Capitania dos Portos.
A minuta do convênio já está
pronta e está dependendo apenas das assinaturas das duas partes interessadas na
solução do problema.
Sabe-se que a Capitania dos
Portos pretende colocar em funcionamento um helicóptero para juntamente com as
lanchas existentes manter uma maior fiscalização das águas de nossa costa. A média
de navios que aportam em Salvador é de 170 a 180 por mês . Acredita o Comandante Alberto Oliveira que “é
preciso que estejamos bem equipados para combater a poluição principalmente
porque temos conhecimento que grande parte dessas embarcações são petroleiros e
propaneiros”.
A lei de n. 5537 determina que
toda embarcação nacional ou estrangeira e terminais marítimos que joguem
detritos ou óleo no mar ficam sujeitos a multa numa faixa de 6 mil milhas a :
1) 2% do maior salário mínimo do
país multiplicado pela tonelagem de arqueação do navio; 2) no caso dos
terminais marítimos a multa é de 200 vezes o maior salário mínimo do País e que
atualmente equivale a cerca de CR$ 53.750,00
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