Texto Reynivaldo Brito
Fotos do Google
A 7 Bienal de Berlim que começou em abril deixou de lado o foco principal que deveria ser a arte e passou a tratar das questões sociais. A mostra está ocorrendo em sete pontos diferentes da cidade. As transgressões estão sendo o destaque. Ninguém é inocente para não saber que por ser um inovador o artista é sempre um contestador. Mas contestar vai até o limite onde você não prejudica outrem. Esta idéia de que tudo deve ser tolerado vira bagunça e o resultado quase sempre é condenável, catastrófico. Na realidade como declarou o pichador brasileiro Cripta Djan , um dos convidados, “ não adianta querer controlar o incontrolável”. Assim diante de sua filosofia de vida e de ação ele se desentendeu com o curador da Bienal o artista polonês Artur Zmijewski, 46 anos, e num ato que lhe parece trivial, lançou uma lata de tinta amarela sobre ele, que ficou parcialmente sujo.
A discussão teria começado porque o curador tinha mandado instalar algumas placas de madeira numa das paredes da igreja de Santa Elizabeth, localizada no centro de Berlim, onde ocorreria um workshop quando os pichadores brasileiros iam mostrar como picham em São Paulo, causando grandes estragos em imóveis particulares e públicos com seus traços e manchas sem qualquer significado de arte. Na realidade eles transgridem por transgredir. Assim, o curador que é tido como revolucionário e libertário se desentendeu com o pichador e lhe jogou um balde com água fria. Cript Djan respondeu com uma lata de tinta amarela sobre ele. Um clima intolerável quando se trata de uma mostra de arte.
A igreja de Santa Elizabeth é tombada pelo patrimônio histórico alemão e foi construída em 1830, portanto, um monumento a ser preservado e cuidado e, que não deveria ter sido nem escolhido para realização de tal manifestação de pichadores, mesmo colocando tábuas numa de suas paredes para ser usada pelos convidados transgressores. Foto ao lado os pichadores brasileiros em ação.
O título de Bienal é “Forgt Fear” ou seja traduzindo “ Não tenha medo”, um incentivo explícito à transgressão. O próprio Cripta Jan disse aos jornalistas que “não tem como dar workshop de pichação, porque pichação só acontece pela transgressão e no contexto de rua”. Logo vemos que a sua transgressão é “ consciente” ou seja ele sabia que iria aprontar como dizemos nas conversas com nossos amigos.
O curador chamou a polícia que queria prender o grupo de pichadores brasileiros composto pelo Cripta Jan, ( Foto) Ivson Silva,William Pereira, Edmilson Vitor,Sergio Miguel, Ricardo Rodrigo e a única mulher do grupo a Caroline Pivetta, presa em 2008 por pichar as instalações da Bienal de São Paulo.
A escolha como foco problemas sociais e “projetos políticos capazes de mudar o mundo”, foram os temas principais desta Bienal de Berlim.Esqueceram a arte. Se as bienais já se destacavam por instalações duvidosas, agora chegaram ao limite da transgressão.A artista da Macedônia,Nada Prlja, que reside em Londres, por exemplo, montou uma instalação chamada de Peace Wall ( Muro da Paz), que era um muro com 12 metros de extensão numa das avenidas mais movimentadas da cidade. Resultado ,ela chegou a ser agredida ,como também sua tivesse previsto para o dia 1° de julho, quando acabará a bienal.
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