A Tarde , sábado, 17 de fevereiro de 1973.
Fotos Divulgação
Texto Reynivaldo Brito
Texto Reynivaldo Brito
Um dos locais em Salvador de grande potencial turístico é o subúrbio de Pirajá, onde foi travada uma grande batalha pela Independência da Bahia, e lá existe uma pequena queda d’água conhecida como “A fonte dos milagres de São Bartolomeu”, visitada por centenas de turistas de várias partes do País. Aos domingos quase sempre, uma dezena de ônibus e carros particulares acorrem ao local, conduzindo pessoas em busca de curas milagrosas.
O local onde está a fonte é de grande beleza. Uma cascata cai de uma pedra de 20 metros de altura. É circundada com árvores de grande porte. Existe numa pedra uma pequena capela, com a imagem de São Bartolomeu e incrustadas na mesma, em mármore, algumas inscrições sobre possíveis curas alcançadas por devotos. Disse-nos uma senhora residente nas imediações do local, que “meu senhor aqui vem o bom, vem o ruim, vem o branco, vem o preto, vem gente a pé, vem gente de carro. Sei o que existe é milagre, porque se não vinha gente de todo o lugar”.
ABANDONO
Mas Pirajá está abandonado, com suas ruas esburacadas, os postes sem lâmpadas além de não existir água encanada. A população sofre ainda o problema de transporte coletivo. O primeiro ônibus só aparece quase às 7 horas da manhã, quando grande número de seus moradores trabalham em Salvador e pegam o serviço neste mesmo horário.
Informou a irmã Clemens, que realiza ali um grande trabalho comunitário, que “o pessoal vem para a nossa escola reclamar de falta de assistência dos poderes públicos e do abandono. Já realizamos algumas reuniões e fizemos uma passeata cada um com um tijolo nas mãos e construímos um reservatório que serve para o povo beber água, isto ocorreu em 1968, os que são pedreiros trabalharam na construção desse reservatório.
Acontece que a garotada passou a tomar banho e o povo voltou a beber água de péssima qualidade e contaminada. Quando o pessoal do Projeto Rondon aqui esteve, condenou que a população bebesse esta água. Mas não tem jeito e não existe outra fonte”.
A irmã Clemens disse ainda que Pirajá “está abandonado, aqui não existe iluminação pública, ruas calçadas, água encanada, enfim tudo que uma comunidade necessita. E quando chove, as ruas ficam intransitáveis e no verão a poeira é insuportável”.
O Posto Médico funciona precariamente e o médico vai apenas duas vezes por semana.
Os moradores já fizeram vários apelos à Secretária de Saúde do Estado pedindo melhor assistência.Além disso, não existe nenhuma farmácia em Pirajá. Em casos de urgência os seus moradores têm que se deslocar para Salvador, que dista quase 19 quilômetros.
TURISMO
É preciso que os órgãos responsáveis pelo turismo atentem para a importância de Pirajá, pois além do Pantheon do General Labatut, que é o marco da Independência da Bahia, existe uma capela de grande beleza. Além de outros pontos naturais, como duas pequenas cachoeiras, rodeadas de imensas pedras, e árvores de grande porte, dão ao visitante a impressão de que está em plena selva. È um dos locais mais lindos que já vi em Salvador.
Numa dessas cachoeiras, ( foto) destaca-se a que foi batizada pelo povo de “A fonte de São Bartolomeu” pois, quando a água despenca das pedras, forma um pequeno lago e centenas de pessoas banham-se e fazem seus “trabalhos” em homenagem a seus Orixás.
O acesso a esta “fonte milagrosa” é difícil e os veículos somente trafegam até um determinado ponto assim, os turistas percorrem um estreito caminho a pé, além disso, não existe nas proximidades nem um barzinho que sirva refrigerantes aos turistas, que ficam entregues às intempéries. É preciso que os funcionários encarregados do setor do turismo visitem esses pontos turísticos e de grande potencial, abandonados ou esquecidos.
Um comentário:
Boa noite!
O senhor mencionou um "Posto Médico". Em qual rua/região ele ficava? Recentemente eu li em um jornal da mesma época que dentro de um certo "ambulatório funcionava uma escola". Isto foi verdade?
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