Camaçari sendo planejada por profissionais especializados
Há apenas dois anos, a cidade de Camaçari, no município baiano escolhido para sede do II Pólo Petroquímico do Brasil, tinha pouco mais de 13 mil habitantes de hábitos e costumes pacatos, nas suas ruas estreitas onde a vida corria devagar, no ar tranqüilo das chácaras de veraneio.
A pracinha da Matriz, com a missa dos domingos, a feira dos sábados junto ao velho Mercado Municipal, a tranqüilidade de poder dormir sem muito barulho, o cantar dos galos e o apito do trem,em torno do qual a cidade surgiu e se desenvolveu,caracterizavam Camaçari como uma das muitas cidades do interior brasileiro, nascida de uma estação ferroviária.
Uma cidade que os poetas definiriam como: bucólica, tal a sua paz, mesmice e beleza, com seus cajueiros, mangueiras e jaqueiras seculares sombreando os extensos quintais. Essa a Camaçari, que o Pólo Petroquímico encontrou, onde a natureza e a tranqüilidade de seus moradores mal começavam a se habituar à presença de algumas indústrias: uma fábrica de azulejos, outra de cerveja, algumas cerâmicas.
É sobre essa cidade pacata, a cinqüenta quilômetros de Salvador, que está nascendo uma nova Camaçari, planejada com ousadia para uma população de duzentos mil habitantes, quase vinte vezes a população de 1974. E esta cidade nova está sendo cuidadosamente colocada sobre a humanidade preexistente, de modo que o centro da Camaçari de amanhã seja o mesmo centro as Camaçari de ontem, ampliado, modernizado e densificado sem, no entanto, perder seus elementos mais importantes, suas marcas urbanísticas, sua identidade humana e paisagística. O Plano Piloto da nova cidade foi elaborado em 1974 pela Secretaria das Minas e Energia do Governo do Estado da Bahia, que no ano anterior, havia definido o Plano Diretor do Pólo Petroquímico e até hoje coordena as ações do Governo em toda a área sob a influência do complexo industrial que se instala em Camaçari.
Todas as ações do Governo Estadual e da Prefeitura Municipal têm se desenvolvido segundo as diretrizes contidas naquele Plano Diretor, que apresenta dois pontos de grande interesse como definição de uma política para o desenvolvimento industrial do Brasil: o primeiro deles é quanto à preservação e proteção do meio ambiente e o segundo é a integração urbano-industrial, enfatizando os aspectos humanos e sociais do desenvolvimento. A proteção à ecologia, em Camaçari, tem sido levada a um rigor que poderia até parecer exagerado, não fosse a decisão de otimizar a qualidade de vida na região, sem que isso venha a incidir nos custos de produção industrial. A construção de um dos maiores sistemas de tratamento de esgotos industriais do mundo, num investimento inicial de mais de 500 milhões de cruzeiros e a implantação de um vasto anel de florestas com largura mínima de setecentos metros, envolvendo todo o Complexo Industrial, são os programas mais expressivos desta política.
A estação de tratamento deverá entrar em operação nos primeiros meses de 1978, livrando os mananciais da área de perigos de contaminação.
A floresta ecológica que está sendo plantada em torno da área industrial será muito diferente das conhecidas florestas industriais: em vez de um ou dois tipos de árvores, terá uma grande variedade de espécies entre essências exóticas e nativas, muitas delas frutíferas. Além da purificação do ar e do embelezamento, existe a intenção de desenvolver uma fauna de pássaros e animais de pequeno porte para o enriquecimento biológico da área.
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