Revista Manchete 24 de Dezembro de 1977
Uma ação na Justiça Trabalhista penhora bens de igreja
“Todos os bens da Igreja são penhoráveis”, afirma a Juíza Maria Nunes Lisboa, da Junta de Conciliação e Julgamento de Feira de Santana, Ba, que está aguardando, a qualquer momento, uma decisão da Paróquia de Senhor dos Passos, intimada a pagar os Cr$ 104.765,00 que deve ao seu ex-funcionário Francisco Vasconcelos Correia. Os padres, ao que parece, estão tendo dificuldades para efetuar o pagamento, o que levou uma comissão de fiéis a fazer uma coleta de recursos na cidade, com o objetivo de salvar o templo de uma penhora, através da qual a Justiça indenizaria o empregado demitido.
NEGATIVA
O vigário da paróquia, Padre Otávio Mesquita, nega, porém, que Correia tivesse qualquer vínculo empregatício com a igreja. Explica que o reclamante era amigo de seu antecessor, Monsenhor Aderbal Saback, recentemente falecido. Quando se apresentou para substituir Saback, Mesquita quis saber o que Correia fazia no templo. Informaram-lhe, então, que ele aparecia às segundas-feiras e aos sábados, à tarde, para pequenos serviços de limpeza. “Mas ele acabou indo à Justiça, alegando que trabalhava em tempo integral desde 1968”, lamentando-se, o Padre Mesquita.
A reação de Mesquita foi encampada imediatamente pela comunidade católica de Feira de Santana, que passou a acusar Correia de ingratidão. “A igreja é paupérrima e não tem recursos, sequer, para reparos de urgência”, diziam os fiéis. Mesquita recebe essas manifestações com alegria e manifesta a esperança de que o templo não será leiloado, “até porque pertence a Deus e à própria comunidade feirense, que jamais permitiria tal desastre”.
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