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segunda-feira, 16 de abril de 2012

CINEMA - TOVAH FELDSHUH - DONA FLOR VAI CANTAR NA BROADWAY

Revista Manchete 22 de novembro de 1978

Foto Arestides Baptista


A atriz da série Holocausto visita a Bahia antes de viver, num musical americano, a personagem criada por Jorge Amado



Durante quatro dias, a atriz norte-americana Tovah Feldshuh viveu a Bahia. Andou pelas ruas da cidade, observou as roupas das mulheres, notou a alegria da gente simples do cais do porto e do Mercado Modelo, acompanhou os ensaios de blocos e escolas de samba,visitou os terreiros de candomblé e conversou muito tempo com o escritor Jorge Amado. Ela tem uma boa razão para toda essa atividade: ainda este ano, estará vivendo em um musical nos Estados Unidos, a personagem Dona Flor , a baiana de dois maridos, criada pela ficção de Jorge Amado.

Atriz consciente, Tovah sempre faz questão de aprofundar o conhecimento dos personagens que pretende interpretar. Foi assim, por exemplo com Helena, a heroína da série de televisão Holocausto, a ser apresentada agora no Brasil. Antes de iniciar as filmagens, a atriz viajou à União Soviética e Tchecoslováquia, para conhecer de perto os locais onde acontece a história do filme.

Apesar de não ser exuberante nem sensual, Tovah Feldshuh exibe um certo magnetismo pessoal. Com poucas palavras de um espanhol mal pronunciado ela consegue se entender com os baianos que encontra na rua. A transformação de Dona Flor e Seus Dois Maridos em musical está a cargo do americano Mitch Leigh, o mesmo que produziu O Homem de La Mancha nos Estados Unidos, com grande sucesso. A estreia não será em nova Iorque e sim em Boston, a 24 de dezembro. Mas no dia 30 de janeiro o musical estará sendo encenado na Broadway, onde o sucesso costuma prolongar indefinidamente a carreira de um espetáculo.
Uma das primeiras providências da atriz, antes mesmo de viajar ao Brasil, foi ler o romance de Jorge Amado, que considerou “fantástico”. Tovah Feldshuh define a personagem de Dona Flor como uma baiana “meiga, doce e bondosa, que explode como um bujão de gás quando é contrariada por alguém,”.

Com poucos dias de Brasil ela se mostrava impressionada com a musicalidade dos brasileiros. Tovah nunca tinha trabalhado antes como estrela principal de um musical, mas entusiasmou-se com a ideia de ser dona flor da Broadway e se declara ainda mais estimulada após essa viagem à Bahia. Como a maioria dos americanos que visitam o Brasil pela primeira vez, ela estava preparada para encontrar cobras gigantes, índios de tanga e ambientes exóticos tão logo desembarcasse no país. Como não viu nada disso no Rio nem na Bahia, está disposta a estender a viagem a Manaus, para conhecer a selva amazônica.

Para ela, Dona Flor e Seus Dois Maridos poderá ser o início de uma nova fase na sua carreira artística. Antes do sucesso de Holocausto, Tovah já tinha trabalhado em várias peças de teatro, musicais e filmes de televisão. Ela dá um grande valor ao seu trabalho, por considerar que com ele não atende apenas ao seu egoísmo de pessoa humana, mas a todas as pessoas que se dão ao trabalho de vê-la – no teatro, no cinema ou na televisão.

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