REVISTA NEON ABRIL 1999.
Estamos comemorando os 450 anos de fundação da primeira capital deste país grandioso palco de tantas glórias, dificuldades e injusti-ças sociais.
Agora o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), concluiu um estudo dos indicadores sociais. O próprio presidente do instituto Sérgio Rosserman disse que “O Brasil é um país injusto, com péssima distribuição de renda, mas tem registrado melhorias em suas condições sociais”.
Poucas, acrescento. Basta citar que o mesmo relatório mostra que a renda média de 10% dos brasileiros mais ricos é quase 21 vezes superior a toda a renda dos 40% mais pobres. Esses dados são de 1997, e é verdade que de lá para cá vieram várias crises, de intensidades maiores e menores, e a situação se agravou. Basta dar uma olhada nos lucros estrondosos dos banqueiros com a mudança do câmbio para termos uma melhor visão de que estas injustiças, tem que pelo menos diminuir, porque certamente elas se voltarão contra os que hoje engrossam as fileiras dos mais ricos.
É verdade que o momento é de alegria. Mas não podemos esquecer que esta cidade vive cercada de invasões, onde milhares de pessoas sobrevivem em péssimas condições de vida. Culpa dos governos? Certamente, mas principalmente deste modelo de sociedade que permite uma concentração de renda perversa em detrimento de uma multidão de excluídos.
Povoada oficialmente em 1534, tendo seu primeiro governador Tomé de Sousa fundado em 1549 esta cidade beijada mansamente pelo Atlântico vem sendo cobiçada desde seus primeiros anos por estrangeiros. Depois dos colonizadores portugueses vieram no século XVII os ingleses e holandeses.
Neste período mantinham um intenso comércio com a Europa e África, e em seguida a criação de gado ajudou a colonização pelo interior. Em 1798 foi palco da Conjuração Baiana, rebelião que propunha a formação da República Bahiense.
Vieram outras como, a dos Malés, a da independência da Bahia e mais recentemente em 1912 foi bombardeada devido um conflito da política estadual e a Justiça Federal..
Como não sou historiador, apenas cito alguns fatos para demonstrar que vivemos numa cidade insubmissa. Numa cidade que renasce a cada instante, que supera momentos de abandono, como vivemos recentemente, e surge agora de cara nova com seus espaços públicos sendo recuperados e mesmo durante a noite está mais iluminada.
Salvador é palco da maior festa popular do Brasil. E mais recentemente vem se tornando uma cidade rica em obras de arte em espaços públicos.
Tudo começou com a construção de grandes monumentos com os fortes, as igrejas, o casario colonial do Pelourinho, os acervos dos museus. Agora são as esculturas, os grandes painéis e murais que se espalham pelas praças, ruas e avenidas.
Dentro em breve a nossa cidade será também conhecida como a cidade das artes.
Vamos incentivar governos e a iniciativa privada para colocarem mais obra de arte nas ruas para que a população tenha acesso e conviva com estas manifestações de criatividade.Vamos pensar nestes contrastes e contemplar nossos monumentos tão importantes e contemplá-los e preservá-los juntamente com estas obras recentes que enriquecem o nosso patrimônio cultural.
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