Revista Manchete 15 de setembro de 1979.
Foto Rolnan Pimenta
Texto: Reynivaldo Brito
Texto: Reynivaldo Brito
Desde o momento de sua fuga -10 horas do sábado, 18 de agosto - o ex-preso político Theodomiro Romeiro dos Santos tem sido visto em lugares tão variados quanto distantes. Segundo o depoimento de uma recepcionista da Varig, o fugitivo teria embarcado no Boeing 707 que decolou do aeroporto de Salvador aos 20 minutos do domingo 19 de agosto, com destino a Paris e escala em Lisboa
A Polícia Federal também acredita que Theodomiro tenha deixado o país no vôo 704, da Varig, utilizando-se de um passaporte francês falso que lhe foi entregue por membros do PCBR, na Bahia.
Na foto acima em primeiro plano, a esposa de Thedomiro, Maria da Conceição Gontijo, fala em Brasília sobre um eventual seqüestro do preso político.
Na foto acima em primeiro plano, a esposa de Thedomiro, Maria da Conceição Gontijo, fala em Brasília sobre um eventual seqüestro do preso político.
No Rio, Gerard Thomas, diretor da liga pelos Direitos e Libertação dos Povos, anunciou que Theodomiro já se encontra no Panamá e deverá viajar brevemente para Londres, onde será homenageado. Mas, em Brasília, a esposa do único brasileiro condenado à morte depois de 1964 mostrou-se bastante pessimista com o rumo dos acontecimentos.
“Eu não creio nessa estória de fuga; quem sabe ele não teria sido seqüestrado?”- perguntou Maria da Conceição, que acaba de dar a luz a um filho de Theodomiro.
A defensora do preso político baiano, Dra. Ronilda Noblat, também está preocupada com a sorte de seu cliente. Para ela, o fato de não haver nenhuma confirmação da fuga é bastante sintomático. “Depois de mais de 10 dias da saída de Theodomiro da Penitenciária Lemos de Brito, sem que ele se comunique com quem quer que seja, a coisa é preocupante”-afirmou a Dra Noblat. Já o Secretário de Justiça da Bahia, desembargador Plínio Mariani Guerreiro, descartou a hipótese de que o prisioneiro tenha sido seqüestrado por agentes de segurança. “Trata-se de um verdadeiro disparate, uma hipótese absurda”- disso o Dr. Guerreiro.
Um representante da Ordem dos Advogados do Brasil, designado para acompanhar o caso Theodomiro, também defende a hipótese de fuga: “Foi uma decisão muito pessoal e bem planejada”- disse o Dr. Virgílio da Motta leal, Conselheiro Federal da OAB. O prisioneiro teria sido informado anteriormente de que não figuraria entre os beneficiários do indulto a ser concedido pelo presidente da República aos presos não atingidos pelo recente projeto de anistia.
Condenado à morte em 1971, o jovem baiano teve a pena comutada para prisão perpétua. Pouco depois, o Superior Tribunal Militar reduziria sua sentença para 30 anos de detenção. Com a vigência da nova Lei de Segurança Nacional, a pena de Theodomiro caiu finalmente para dezesseis anos, seis meses e 25 dias de cárcere. Ele é acusado pela morte do sargento da Aeronáutica, Walder Xavier, na noite de 27 de outubro de 1970, ao tentar fugir de uma patrulha policial. Segundo a confissão de Theodomiro, embora algemado El pôde sacar um revólver e alvejar o Sargento Walder e o motorista do jipe militar. “Na época, a prisão política era um caso de vida ou morte” – disse Theodomiro em entrevista pouco antes de sua fuga. E acrescentou: “Então, no desespero, a gente apela para qualquer coisa porque a desgraça está feita. Com a mão esquerda atirei contra o sargento e tentei acertar em outro policial, mas fui dominado. É claro que eu vi o sargento ser atingido pelo tiro mas as testemunhas do processo mostraram que Walder, não se sabe por que, somente foi socorrido duas horas depois dos acontecimentos.”
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