Objetivo


quinta-feira, 24 de maio de 2012

MÚSICA - MENINA DE DOIS ANOS TOCA CLÁSSICOS NO PIANO

Revista Fatos e Fotos Gente 10 de novembro de 1980
Texto de Reynivaldo Brito
Foto Arestides Batista

As pessoas já se acostumaram com os estranhos pedidos próprios da idade de Michelle e não se cansam de aplaudir sua performance no palco.
Um fenômeno paranormal? Um talento precoce?

Essas duas perguntas estão sendo feitas pelas pessoas que já tiveram a oportunidade de ouvir um concerto de Michelle Dácio, uma menina de apenas dois anos que consegue interpretar corretamente desde músicas populares a clássicos famosos. Talvez, uma Beethoven tropical e de saias.
Com um ano e nove meses, a mãe de Michelle e sua professora de piano a surpreenderam tocando as cinco primeiras notas no Concerto Número Um de Tchaikowsky. Na foto Michele se apresentando.
Hoje, ela já é atração na cidade de Eunápolis, no sul da Bahia, onde conseguiu reunir mais de mil pessoas numa audição. Sua última apresentação foi na Universidade Federal da Bahia.
Mas o público, normalmente pessoas do povo, além de se acostumar a ouvir a música erudita, se habitua, também, com o comportamento descontraído da intérprete, que não se constrange em pedir, em meio à música, desde um saco de pipoca a um copo de água bem gelada, ou ainda interromper sua apresentação para avisar à mãe: “Quero fazer xixi.”
Nem mesmo a limitação física- seus pés ainda não atingem os pedais e as mãos não cobrem todo o teclado- a impedem de interpretar corretamente A Montanha, de Roberto Carlos, e Berceuse, de Brahms. Sem cursar escola de música e ignorando totalmente a teoria musical- nunca ouviu falar de colcheias, semicolcheias e semibreves- Michelle já é motivo de muitas análises. Afinal, se Beethoven começou a tocar piano aos seis anos e compôs sua primeira sinfonia com mais ou menos 20 anos, Michelle aos dois já tira seus sons do piano.
Tudo isso fez com que o maestro Ernest Widmer, da Escola de Música da Ufba, fosse convocado para tentar explicar este fenômeno:
“Michelle não tem nenhum poder paranormal, como alguns chegaram a afirmar. Entretanto, seu interesse pela música é sensacional. De qualquer forma, eu prefiro esperar um pouco para dar minha opinião.”
Mas se o professor Widdmer, conhecido também por seu inegável talento de compositor, mostra-se quase cético quanto ao fenômeno Michelle, outras pessoas igualmente interessadas em música consideram extraordinário o fato desta menina interpretar, de ouvido, músicas popular e clássica.
Na tentativa de afirmar ainda mais o talento da filha, a mãe de Michelle conta que, durante a viagem de João Paulo II ao Brasil, ela ouviu na Tv a música comemorativa do fato e, imediatamente, levantou-se e a tocou inteirinha.
Mas sua idade faz com que suas apresentações se cerquem de fatos exóticos. O piano, por exemplo, fica sempre sujo de pipoca, enquanto que o teclado, após suas apresentações, mostra muitas manchas de manteiga.
O público, aparentemente, gosta do que vê. Enquanto sua mãe e tia se mostram preocupadas com os pedidos da menina e tudo fazem para alegrá-la quando de alguma manha, as pessoas aplaudem cada pedido. Mas ela dá mostras de não entender o porquê de tanto sucesso. Enquanto a pipoca e água gelada não chegam, ela bate o pezinho e reclama seu pedido. Só depois de saciar a fome e a sede, Michelle concorda em tocar alguma coisa. Primeiro tenta tirar a roupa que a aperta. Como nada consegue, toca as músicas, acompanhando o ritmo com seus pequenos pés.

NOTA-Por onde anda Michele? Continua estudando piano? Quem souber mande informações para que possa entrevistá-la para contar um pouco da sua trajetória.


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