Objetivo


segunda-feira, 28 de maio de 2012

ESPORTE - CARROS SUBSTITUEM OS CAVALOS NA PISTA DO JÓQUEI

CIDADE DO SALVADOR
Jornal A Tarde 16 de dezembro de 1972.
Texto de Reynivaldo Brito
Fotos Louriel Barbosa

Salvador é uma das poucas capitais brasileiras que não possui um Jóquei em funcionamento. O que existe está com suas instalações praticamente abandonadas. Com a construção da Avenida Paralela os três grandes boxes onde funcionavam as cavalariças com capacidade para abrigar cada uma 20 cavalos tiveram que ser destruídas para dar lugar ao asfalto.Com isto criou-se um problema para os sócios do Jóquei amantes do turfe, que terminaram por abandoná-lo.
Na foto ao lado o trator trabalhando no início da construção do jóquei.
Durante algum tempo os sócios do Jóquei tentaram conseguir dos poderes públicos o asfaltamento da estrada que lhe dava acesso. Mas o tempo ia passando e as dificuldades em se alcançar o Jóquei - antes da construção da Paralela - já estava ocasionando o esvaziamento das tardes de turfe. As pessoas que antes frequentavam assiduamente foram sumindo. Quando chovia, alguns carros chegavam a atolar e no verão a poeira era insuportável. Foi quando veio a Avenida Paralela e o Jóquei foi prejudicado.


                                                       COMISSÃO

Uma comissão foi constituída entre sócios do Jóquei sob a presidência do advogado José Nogueira Júnior para juntamente com a então diretoria encontrar uma solução viável para o problema.Entendimentos com o Prefeito Clériston Andrade e com o Governador Antônio Carlos Magalhães já foram mantidos e outros ainda serão realizados, quando os amantes do turfe mostrarão a importância social e econômica deste esporte para a Bahia.
O nosso Jóquei já teve seus áureos tempos quando o cavalo " Grenado", ganhador do Grande Prêmio Brasil correu nas suas pistas empoeiradas. Vários cavalos de raça anglo-árabe foram adquiridos na Guanabara e em outros estados por baianos aficionados do turfe e arrecadados nada menos que Cr$22 mil cruzeiros , quantia considerada alta para aquela época.
Mas o problema foi iniciado porque a pista que deveria ser asfaltada ligado a Pituba ao Jóquei nunca foi concretizada. Até que veio a Avenida Paralela e acaba de aniquilar todo o trabalho que tinha sido realizado, jogando assim por terra o sonho dos baianos que gostam de turfe em ter um Hipódromo em boas condições de funcionamento.

                                                       FUNDAÇÃO

O advogado José Nogueira Júnior um dos aficionados do turfe na Bahia diz que "o Jóquei foi fundado por um grupo de amantes do turfe, entre eles Luís Tarquínio Pontes, José Macedo de Aguiar Neto ( falecidos) , Miguel Vita, José Pinheiro Cunha, Manoel Tanajura, Geraldo Góes e outros, que não me recordo agora. A primeira reunião foi realizada no clube Bahiano de Tênis e dentro de pouco tempo já contávamos com quase uma centena de sócios. As ações foram vendidas por Cr$50 cruzeiros cada. Com este dinheiro procurou-se uma área capaz de servir à construção do Hipódromo.
Hoje, o terreno antes ocupado pelas cavalariças e cavalos serve para a prática de babas e encontros de casais (foto acima)
Lembro-me que foi necessário sobrevoar todas as áreas localizadas no perímetro de Salvador até que optamos por essa na Avenida Paralela. Entramos em contato com o proprietário da mesma que era o sr. José Torres Brandão que terminou por doá-la ao clube".
" O engenheiro Edir Dávila, construtor dos hipódromos de Tarumã, em Curitiba e Cristal, em Porto Alegre e que tem uma vasta experiência no setor foi contratado para efetuar o projeto. A área media cerca de 795 mil metros quadrados e coube ao engenheiro baiano Geraldo Góes acompanhar os serviços de terraplanagem para a construção do Jóquei.Assim o clube aumentava seu quadro social e angariava prestígio pouco a pouco".

                                                     AS CORRIDAS

E continua " Basta dizer que em pouco tempo já realizávamos quase todos os domingos boas corridas. Numa delas, num domingo de sol, ocasião em que jogavam os dois maiores clubes de futebol de Salvador, o Bahia e o Vitória, na Fonte Nova, conseguimos ainda arrecadar Cr$22 mil cruzeiros com a venda de ingressos".
" O grave problema existente naquela época era o péssimo estado de conservação da via que ligava o Jóquei à Pituba, que era de barro batido e quando fazia sol a poeira era insuportável e no inverno, os carros atolavam. Com isto o público foi se retraindo ao ponto de o Hipódromo encerrar suas atividades de pista. Procuramos por todas as maneiras possíveis asfaltar àquela via mas sempre nos prometiam e não executavam a obra, até que veio a construção da Paralela..."
Ao lado a foto de um puro sangue como este em breve poderá correr no Jóquei Clube da Bahia,se o movimento de recuperação do Hipódromo for avante.

                                                               DIFÍCIL

As esperanças não morreram.É como diz o dito popular que a "esperança é a última que morre". O terreno do Jóquei que foi doado, está muito valorizado com a construção das avenidas e uma solução poderá ser tomada pelos sócios será a venda do terreno e a compra de outro com uma área maior, que ofereça condições de ampliação do Hipódromo inclusive com a realização de obras de infra estrutura, a fim de que dentro de pouco tempo o novo hipódromo venha a funcionar. Esta solução poderá ser tomada tendo em vista que o atual terreno do Jóquei não oferece as condições necessárias ao seu funcionamento, mesmo porque o terreno foi cortado com a construção da Avenida Paralela.
A comissão que foi constituída há algum tempo não foi dissolvida e espera-se que os seus integrantes, srs. Geraldo Góes, Asdrúbal Brandão, Nilton Calmon e José Nogueira Júnior encontrem uma solução viável porque Salvador, como uma metrópole não pode ficar sem um Hipódromo.
Esta comissão foi constituída para trabalhar juntamente com a diretoria do clube junto às autoridades municipais e estaduais e algumas providências já foram tomadas.
Alguns adeptos do turfe acham que o atual terreno serve para o funcionamento de um Hipódromo. Basta que sejam realizadas algumas obras, pois asseguram, que as pistas estão em condições razoáveis. Para esses é preciso a construção de três boxes para as cavalariças.
O que todos desejam é que o Jóquei funcione porque ele representará mais uma atração turística para Salvador e também uma grande fonte de renda para o Poder Público, além do turfe ser um esporte fascinante.

Hoje torna-se até difícil imaginar que naquele ano o Jóquei ficava onde hoje está o Shopping Salvador e os prédios construídos no seu entorno.

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