Objetivo


sábado, 5 de maio de 2012

MEIO AMBIENTE - O SERTÃO ESTÁ GEMENDO DE FOME

Fotos feitas dia 03/05/2012
Reynivaldo Brito

     O juazeiro verde contrasta com a casinha branca e a pastagem esturricada


O sertão está mais uma vez chorando de dor. A caatinga, antes tão verde e cheirosa, está escurecida, ressecada e inacessível aos pássaros e  aos pequenos mamíferos, que ainda conseguem sobreviver ao ataque constante do homem faminto e dos caçadores de final de semana. Os tanques, os pequenos açudes e riachos estão transformados em sequeiros e pequenos lamaçais. O sol nos oferece uma visão desértica. Parece  tremer quando olhamos o horizonte .
O gado esquálido vaga pelos pastos sem capim, à procura de bagaço de algum arbusto que morreu. Muitos, já sem forças se refugiam debaixo das copas dos umbuzeiros e juazeiros, os quais bravamente resistem à seca implacável, expondo aos ventos suas folhagens verdes. É um contraste gritante entre o solo esturricado e as copas frondosas dessas árvores!
Não há comida nem água para homens e animais. São nada menos que 226 municípios baianos atingidos por esta seca, apontada como uma das mais cruéis das últimas décadas. São milhares de homens, mulheres e crianças  que não tem nem água para beber e alguns grãos de feijão para matar a fome.
A ajuda de governo é pontual e insuficiente para amenizar o sofrimento desta gente. É por isto que as grandes cidades estão lotadas de gente que vem do Nordeste em busca de abrigo e se acomoda em barracos fétidos de novas favelas, onde reina o tráfico de entorpecentes e a violência.
Aliás, por falar em violência, o crack já chegou no sertão e, também, os espetaculosos assaltos a bancos e caixas eletrônicos com bandos de homens portando armas pesadas, usadas em guerras, atirando a esmo para afastar e amedrontar as populações já vitimadas pela seca.
Quando a terra seca as pequenas cidades sofrem  muito, porque sem dinheiro, o sertanejo não tem como pagar suas pequenas dívidas contraídas nas lojinhas de conhecidos seus nessas cidades. Assim, é um sofrimento em cascata, provocando a quebra de muitos pequenos comerciantes.
Nós, aqui nas grandes cidades trancados em nossos escritórios encarpetados  com ar condicionado, água gelada e horário para chegar em casa, não imaginamos o sofrimento desta gente do sertão. Até para se pedir ajuda ou fazer uma campanha para socorrê-los não tem ressonância, porque é um sofrimento recorrente .
Enquanto os ladrões da ilha da fantasia, que é Brasília, continuam criando Mensalões, Cachoeiras, e outros monstros roubando o dinheiro que deveria ser encaminhado para ajudar esta gente tão necessitada.
Passei, dia 3 deste mês, pelos municípios de Ribeira do Pombal, Cipó, Nova Soure, Olindina e Inhambupe e pude sentir o tamanho do problema. Pior deve estar lá pros lados de Uauá, Euclides da Cunha, Antas, Cícero Dantas e muitos outros municípios, onde não cai um  pingo d'água há vários meses.
Certamente quem vem do sul, especialmente do Rio, onde o mar beija grande parte de seu território, talvez não saiba o que é enfrentar uma seca...

       O gado não tem o que comer e procura abrigo fugindo do sol escaldante

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