Revista FatoseFotos Gente
11 de agosto de 1978
Foto Lázaro Torres
“PERSONAGEM DE MEMÓRIAS DO CÁRCERE, O GENERAL (BAIANO) JOSÉ DE FIGUEIREDO CONTINUA DISPOSTO A LUTAR PELA DEMOCRACIA”
Um personagem de Memórias do Cárcere, livro de Graciliano Ramos, vive hoje, aos 80 anos, em Salvador, com a mesma combatividade que o levou a participar de vários levantes, como a Revolução Constitucionalista de 32.
O general José de Figueiredo Lobo ainda está tão bem disposto que mandou pedir inscrição no MDB para participar do que chama de Movimento Constitucionalista de 1978.
Além de defender a Constituinte, ele se mostra favorável à anistia ampla e irrestrita, porque “o país precisa de seus filhos, hoje exilados ou banidos, porque lugar de brasileiro é aqui no Brasil. Eu combati Lampião e depois muitos de seus capangas foram anistiados.Em 32, fui reformado e levado para o exílio em Lisboa. Em 34, anistiado; reingressava no Exército”.
O general Lobo teve vários postos de comando e uma nova experiência desagradável quando denunciou, num livro, que vários militares haviam matado seu irmão, capitão Paulo de Figueiredo Lobo. Na Justiça Militar, foi absolvido por unanimidade.
Sua atuação revolucionária foi destacada em várias obras. No mais famoso, ele é descrito por Graciliano Ramos como um moço grave, de olhos vivos.
“A linguagem clara, modos francos, às vezes estabanados, a exceder os limites da polidez comum, dizia-me que ali se achava um homem digno. (...)”
O capitão Lobo dissera ao escritor: “Não concordo com suas idéias, mas respeito-as.”
Quem revelou a identidade do capitão a que Graciliano se refere foi o escritor Guilherme de Figueiredo, cuja mulher é irmã do general José de Figueiredo Lobo. E este veterinário militar foi ajudante de ordens do general Euclides Figueiredo, pai do atual candidato da Arena à Presidência da República.
Tudo isso faz com que ele se sinta mais encorajado para cobrar do general João Baptista Figueiredo: “Estou mais à vontade para fazer reclamações e exigências que não me pertencem e sim, a toda nação brasileira.”
O general Lobo é contra a participação de militares na política. “ O militar deve defender os altos interesses da nação. A política não deveria ser a sua meta.A nação é uma coisa primordial, está acima de quaisquer interesses e política é um jogo de interesses.”
Ele reconhece que suas idéias provocam às vezes incompreensões, porque “não sou carneiro, não aceito a passividade. Acho que a abertura política virá, não como um presente dos dirigentes mas como uma exigência de todas as camadas da sociedade brasileira. Essa idéia de que o brasileiro não está preparado para votar ou viver numa democracia é coisa tão espúria que prefiro não comentar”
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