Jornal A Tarde, quarta-feira, 24 de novembro de 1993.
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Texto Reynivaldo Brito
ALEMANHA II
Viajar é sempre gratificante, principalmente quando o destino é a Alemanha. País que respeita o visitante. Não exige visto e você fica encantado a cada olhar. Tudo está devidamente organizado ou sendo ordenado, e a paisagem é deslumbrante. Os que curtem atividades culturais encontram uma variedade de opções, desde o clássico ao popular, que, em determinados momentos, deixam dúvida na hora da escolha. Esta reportagem mostra um pouco sobre algumas cidades alemãs: Berlim, Hamburgo, Bonn, Colônia, Scwerin e Postdam. Na foto ao lado uma vista geral de Bonn.
Esse é um país de pouco mais de 79milhões de habitantes – o Brasil tem quase o dobro- com uma extensão territorial que é a metade do estado norte-americano do Texas, ou seja, com 357-mil Km 2, tem uma população muito concentrada, especialmente nas regiões industriais dos rios Reno e Ruhr. A grande Berlim está crescendo assustadoramente, e, no ano 2000, deverá ser a capital da Alemanha. Agora, vive um momento, com construções por toda a parte.
A incorporação dos cinco estados alemães: Saxônia, Saxônia- Anhalt, Meclemburgo / Pomerânia Ocidental, Brandeburgo e Turíngia, aumentou a República Federal da Alemanha em um terço e criou novas opções de lazer.
A Saxônia se destaca por seus tesouros artísticos, sendo sua capital, Desden, o centro industrial. A Turíngia tem 33% de suas terras cobertas de florestas, é o chamado coração verde da Alemanha, além de abrigar inúmeros castelos e palacetes. Erfurt, sua capital, é uma das mais belas cidades medievais da Europa. Já o estado de Brandemburgo circunda Berlim, e sua capital, Postdam, ostenta o Palácio Sanssouci, cenário de vários filmes famosos. Em 1945 Potsdam esteve no centro dos acontecimentos mundiais por ter sido o ponto de encontro de Truman, Stálin e Churchil, na conferência que firmou o acordo de Potsdam. Meclemburgo / Pomerânia Ocidental é banhado pelo Mar Báltico, conhecido pelos seus balneários e sua capital é Magdeburgo.
A NOVA ERA DE BERLIM
A reunificação da Alemanha com a queda do Muro de Berlim, em 09 de novembro de 1989, foi corroborada com a realização das eleições, em 18 de março de 1990, e, em, 23 de agosto, o Parlamento eleito decidiu pela adesão da RDA à República Federal da Alemanha.
A 20 de setembro, os parlamentos de ambos os estados alemães ratificaram o Tratado de Unificação realizado pelos governos.
Eles têm consciência de que a reunificação de seu país não foi uma obra só deles, mas também é certo que ainda existe muita coisa por fazer. Tem pontos em atraso e isso é visível para o turista.
No lado ocidental e, principalmente, no lado leste. Sob as condições liberais da economia de mercado muitas fábricas obsoletas têm sido fechadas, deixando muita gente desempregada. Eu mesmo fiquei no Hotel Stadt, que é o melhor da cidade de Schwerin que foi colocado à venda e até a minha saída não tinha surgido qualquer comprador. Caso não fosse vendido seria desativado e todos os seus funcionários desempregados, muitos com mais de 10 anos de dedicação.
Mais de duas mil empresas já foram privatizadas. Mas, certamente, tudo isso é passageiro, porque a Alemanha ainda vive esta transição, e, tirando a Rússia, é o país de maior população da Europa.
BERLIM ANO 2000
é verdade que Berlim, a exemplo de Pequim, perdeu para Sidney, na Austrália, na disputa para sediar os Jogos Olímpicos do ano 2000.Estava por lá e senti a frustração de muitos. Os cartazes, as bandeirolas e as camisetas perderam valor da noite para o dia.
Mas, Berlim está se vestindo para a nova era. No ano 2000 cerca de oito milhões de pessoas estarão habitando a cidade, que voltará a ser o centro político da Alemanha. Nesta cidade, que viveu após a Segunda Guerra Mundial sob a administração dos EUA, Grã-Bretanha, França e União Soviética, foi dividida politicamente em 1948-49 e, em 1961, a parte oriental da cidade foi separada pelo fatídico muro.Na foto acima o famoso portão de Brandenburgo.
Hoje, unificada, o turista sente uma sensação de alegria e liberdade quando ultrapassa o portão de Brandenburgo pé ou de automóvel o portão de Brandeburgo, símbolo da “cortina de ferro”, que se desmoronou. Berlim já foi um dos principais pólos culturais da Europa e aos poucos está retomando esta posição.
Assisti à Filarmônica de Berlim. É um programa inesquecível. A cidade oferece uma variedade de espetáculos que extasia o visitante. A famosa Casa de Óperas na luxuosa Avenida Unter den Linden, construída pelo rei Prussiano Frederico II, é algo de extraordinário. È bom, lembrar do famoso festival de cinema, que todos os anos reúne as celebridades internacionais da sétima arte.
Você pode visitar ainda a Universidade Alexander Von Humbolt e à noite dar uma volta na parte leste da cidade, repleta de bares, ainda um pouco marcados pelo soturno da repressão. Lá você encontra bandos de jovens risonhos, prostitutas e travestis nas ruas lembrando outras cidades européias, cenas impossíveis de acontecer a pouco tempo atrás naquelas ruas.
Também é imperdível, como diria um ex-ministro, a ruína da igreja “Gedachtniskirche”, a Prefeitura Vermelha, com sua fonte de Netuno, e o palácio Charlottenburg.
O INCONFUNDÍVEL ENCANTO DE MUNIQUE
Galpões imensos apinhados de gente cantando, bebendo cerveja e comendo frangos inteiros assados. As mesas ficam tão juntas que você constantemente está batendo suas costas na do vizinho. A orquestra fica a maioria do tempo parada enquanto os alegres alemães, alguns com seus trajes típicos, brincam e cantam canções folclóricas. Lá foram gigantescos parques de diversões num frenesi de luzes conduzem num vaivém constantes jovens aos bandos. Enquanto isso, litros e litros de cerveja são consumidos. É a Oktoberfest que enche Munique de turistas nacionais e estrangeiros.
Esta cidade tem um inconfundível encanto. Suas magníficas construções são testemunho dos reis bávaros. A antiga cidade dos príncipes da Baviera é uma cidade alegre.
No centro da cidade multidões de turistas com suas máquinas em punho param diante do prédio em estilo gótico da prefeitura para apreciar o carrilhão com figuras animadas.
O prédio conhecido por Marienplatz data de 1474, com bares em sua volta, permitindo que você tome uma gostosa cerveja enquanto aprecia o movimento dos que se acotovelam para ver as figuras com trajes medievais do carrilhão. Os horários desses encontros são às 11 e às 5 da tarde.
Na foto as garotas mostram a boa cerveja
Na foto as garotas mostram a boa cerveja
Não deixe de visitar a Igreja de São Pedro. Você pode ainda andar no calçadão Stachus, um centro comercial subterrâneo, e na Marienplatz onde vai encontrar uma variedade imensa de artigos. Museus são 25 ao todo, mas não deixe de visitar a Velha Pinacoteca, mundialmente famosa.
A TERRA DE BETHOVEN E GOETHE
Com cerca de 1,6 milhão de habitantes, a cidade livre de Hamburgo (Foto acima) tem o porto marítimo mais importante da Alemanha, e também seu maior centro de comércio exterior e de circulação. Passando pela zona portuária encontramos estaleiros, e refinarias e fábricas de matérias-primas estrangeiras e muitas embarcações de todos os tipos. Defronte alguns casarões antigos invadidos por jovens rebeldes e pobres. Hamburgo foi elevada à categoria de cidade comercial em 1189 tornando-se a mais importante ligação entre os mares do Norte e o Báltico. Sofreu um incêndio devastador em 1842.
O bairro portuário de Hamburgo chama-se Speicherstad é realmente um local rico em tradição, mas não deixa de refletir àquele ambiente portuário das grandes cidades, banhadas por mar ou rio. Nos finais de semana são, tristes.
Hamburgo tem imensas avenidas muito arborizadas e chegam a identificá-la como uma cidade industrial-verde. É uma cidade onde todo mundo se reúne, isto quer dizer que uma infinidade de pessoas de várias nacionalidades estão constantemente em suas ruas.
Basta dizer que nela funcionam 77 consulados, igualando-se a Nova Iorque em representações diplomáticas.
Funcionam também em Hamburgo uma em cada 10 empresas alemãs. Lá também são construídas unidade Airbus, que são transportadas para a França para a montagem final.Também a maioria das grandes editoras do país está ali instalada.
Quem gosta de fazer compras não pode deixar de ir a Monckbergstrasse, que é a parte comercial mais tradicional da cidade onde estão localizadas dezenas de lojas e cafés.
No centro da cidade está Gansemarkt que são mais de mil metros cobertos, onde o visitante encontra artigos de vários países, inclusive artesanato brasileiro.
Tem uma atividade cultural intensa com dois grandes teatros estatais e mais de 20 particulares, uma ópera de fama mundial e muitos cabarés de variedades.
Uma tradição em Hamburgo é a presença de muita gente aos domingos a partir das 6 horas comprando pescado. Ao norte de Hamburgo está Lubeck com seu famoso portal antigo de Holstentor. De automóvel ou de trem você pode curtir muitos locais agradáveis aos arredores da cidade. Graças a sua posição próxima ao mar, a cidade dispõe de um clima moderado, e os meses de julho e agosto são os mais quentes do ano.
De outubro em diante o frio começa a castigar, principalmente nós, nordestinos, aclimatados com este calor dos trópicos.
A CAPITAL BONN
É uma cidade de poucos mais de 300 mil pessoas, a capital mais jovem da Europa. Uma cidade toda arrumadinha, tem o bairro diplomático onde estão as embaixadas e o Langer Eugen, onde fica o Parlamento. Bonn é sinônimo da política alemã. Mas a cidade tem mais de dois mil anos, já foi acampamento das legiões romanas e cidade medieval de comerciantes e artesões.
O belíssimo prédio da universidade atravessa alguns quarteirões, outrora palácio dos príncipes eleitores, tem ainda o castelo de Poppelsdorf, com seu jardim botânico e seu eixo barroco.
A organização política da República Federal da Alemanha é assim constituída: Chanceler Federal, Ministros Federais, formando o gabinete. Parlamento Federal, e o Conselho Federal formado por representantes dos 16 estados. O chefe do Estado é o Presidente Federal com mandato de cinco anos, eleito pela Assembléia, que se reúne apenas para este fim. O parlamento é a representação do povo e o chanceler é eleito por este Parlamento por indicação do presidente. Este é a vida de Bonn, uma cidade pacata, boa para os que fogem da vida agitada das grandes cidades. Até o aeroporto ela divide com a vizinha Colônia, que tem uma catedral gótica fantástica.
Estive visitando ainda a cidade de Schwerin rodeada de muitos lagos, onde você pode fazer belos passeios de barco. Lá está o castelo dos grãos-duques e de Macklemburgo,do século XIX. Um lugar inesquecível, desses que deixam lembranças.
A cidade é muito aconchegante. Pode-se ainda sentir a presença do atraso comunista.
DICAS
A Alemanha está no centro da Europa e tem fácil acesso por vias marítima, terrestre ou aérea a todos os países da comunidade.
Você pode ir de ferry-boat para a Inglaterra e Escandinávia. O portão de entrada é o aeroporto de Rhein-Main, em Frankfurt. Para entrar no País precisa apenas do passaporte atualizado.
Comunicação- As vias de comunicação se desenvolveram de maneira desigual. Portanto, as redes rodoviárias e ferroviárias são mais modernas nos antigos estados. Ou seja, as ligações Norte-Sul são as melhores que as do Leste-Oeste .
Horário- Na Alemanha funciona o horário válido para a Europa Central.
Lojas- Abrem normalmente das 9 horas às 18h30; às quintas-feiras parcialmente até às 20h30min. Interessante é que no primeiro sábado do mês, ficam abertas até às 16 horas, e muita gente que mora nos arredores das grandes cidades acorre para fazer suas compras.
Moeda-Hoje o euro é a moeda oficial.
Os bancos- Abrem de segunda à sexta das 8h30min às 13 e voltam a abrir das 14h30min às 16 horas, sendo que às quintas-feiras ficam até às 17 horas.
Conexões aéreas com Brasil- Há vôos diretos entre Brasil pelas empresas aéreas internacionais.
Passagem de trem- Até 100km, no seu território, só valem para o dia da sua compra.
Para distâncias maiores os bilhetes de ida valem durante 4 dias subseqüentes à data da compra.Bilhetes de ida e volta por um mês.Os bilhetes internacionais por dois meses.
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