Fotos Cefet e Google
Texto Reynivaldo Brito
A terceira maior baía do país é a de Camamu, pródiga em pontos de extraordinária beleza, ainda primitivos, onde o visitante tem realmente um forte contato com a natureza. De grandes extensões de praias desertas, qualquer embarcação de médio e pequeno portes pode fundear, proporcionando aos passageiros momentos inesquecíveis.
Rios, riachos com belas cachoeiras, aliados a uma arquitetura colonial de igrejas e casarões que ainda resistem à sanha incontrolável dos modernos os compõem o cenário.
A cidade de Camamu é aconchegante e tem razoável infra-estrutura hoteleira, destacando-se o Hotel Rio Acaraí, que pertencia ao estado, e, que hoje é explorado pela iniciativa privada. Esta foto foi tirada pelo pessoal do CEFET e mostra bem a baía de Camamu.
As praias de Campinho, Cajaíba, Praia Grande e Ponta do Santo, além da beleza dos manguezais, e berço da reprodução de peixes e moluscos, e a verdadeira escultura natural, que é Pedra Furada, onde a ação da água e dos ventos proporciona uma bela visão, formam a todo um invejável potencial turístico.
A Igreja de Nossa Senhora da Assunção descortina do alto da colina uma visão total da Baía de Camamu. Esta Igreja, esquecida pelo Patrimônio Histórico, foi reformada recentemente e podemos sentir que as cores e outros elementos ali introduzidos a descaracterizaram. O próprio teto foi substituído e pintado de branco, quando antes tinha uma bonita pintura com figura de santos e anjos, segundo os moradores mais velhos da cidade. O antigo prédio da cadeia pública é outro exemplar que deve ser
preservado pelos moradores e o Poder Público.
UM POUCO DE HISTÓRIA
Segundo o livro do advogado João Carlos Souto, intitulado “Anotações das Sete Léguas” a história da cidade está intimamente ligada á do próprio País. Foram os Jesuítas que introduziram as culturas da cana-de-açúcar, cacau e canela de forma pioneira em toda Capitania de São Jorge dos Ilhéus, a qual pertencia. Dizem os historiadores que a cidade enfrentou tentativas de invasão, as quais foram rechaçadas pelos moradores, jesuítas e com ajuda dos índios da tribo Macamamus. Por lá teria passado o aventureiro inglês Robert Whithrington, que velejou até Camamu, mas não conseguiu desembarcar porque um tal de Antônio Alves Caapara, vindo do recôncavo, e auxiliado pelos moradores, matou oito britânicos, exibindo suas cabeças como troféus.
A escolha de Camamu pelo pirata inglês está relacionada com a sua posição geográfica e também por ser naquela época uma aldeia próspera. Em 1637, os holandeses deram por àquelas bandas e incendiaram a aldeia sob o comando do almirante Lichthardt, e três anos depois pelo coronel Koen. Aí os habitantes decidiram criar algumas barreiras dificultando o acesso à aldeia. Num esforço titânico jogaram imensas pedras, as quais até hoje dificultam o tráfego de embarcações na baía, necessitando de um guia experimentado para contorná-las
ORIGEM INDÍGENA
A palavra Camamu segundo Teodoro Sampaio, especialista na língua Tupy, significa “o peito negro, espécie de ave aquática”, para Pirajá da Silva, filho da cidade, que traduziu a obra dos viajantes e cientistas Spix e Marthius,que estiveram na região, Camamu tem origem na tribo dos Macamamus.
Existem no município de Camamu 18 igrejas, sendo as principais a Matriz de Nossa Senhora da Assunção e três outras sob a invocação de São Benedito. A localizada na antiga Praça do Desterro, hoje rebatizada como nome de Praça Dr. Francisco Xavier Borges, é a mais antiga, exatamente a que está necessitando de uma restauração urgente.
APELO TURÍSTICO
A exemplo de Salvador, que tem Cidade Alta e Cidade Baixa, em Camamu também você terá oportunidade de visitar a Cidade Alta e a Cidade Baixa. Edificada no alto da colina, para melhor se defender dos possíveis ataques de invasores, com o aumento da população, as novas moradias eram construídas no pé das colinas, à beira do rio.
Também o autor das “Anotações das Sete Léguas” faz um convite a todos que gostam de um contato mais direto com a gente simples do interior. Diz ele: “Venha, ponha Camumu no seu próximo roteiro.
Descubra este paraíso tropical, essa quadricentenária cidade que parou no tempo e adormece esquecida, descansando sobre acontecimentos de fundamental relevância histórica”. “Venha - apela- Camamu lhe aguarda. O seu povo lhe espera de braços abertos, alegre e jovial. Não demore, apareça e tome uns tragos no bar de D. Zizinha, ou no Provisório. Ouça o ABC da cachaça declamado por Mineirinho e as hilariantes estórias de Zé Lodo e Chico Tamba. Ouça a bela e injustiçada voz do Careca”.
FESTAS POPULARES E ATRATIVOS NATURAIS
Quanto às festas religiosas, a primeira quinzena do mês de agosto é dedicada aos festejos da padroeira do município Nossa Senhora da Assunção. No dia 15 é a data magna para os camamuenses antecedendo este dia era feita com muita animação a lavagem da igreja, no dia 11. Mas este evento perdeu, no decorrer dos anos, a sua animação característica. Os camamuenses precisam reviver com mais vigor esta tradição, como também a festa de São Benedito, dedicada aos negros, quando homens tocavam tambores e atabaques e um grupo de pessoas levava a imagem em cortejo para a “esmola ” visitando as casas comerciais e residenciais buscando recursos para manutenção da igreja.
O certo é que a Ilha Grande é a maior do município e possui uma jazida de baritina explorada desde a década de 40. Esta exploração contínua provocou a retirada da cobertura vegetal de grande parte da Ilha, depredação que o visitante visualiza de longe. Tive conhecimento que um movimento de ambientalistas conseguiu obrigar a empresa a realizar um trabalho de recuperação, porém a ferida ainda está aberta e visível.
O porto de embarque deste minério que é utilizado pela Petrobrás na perfuração de poços de petróleo que é exportado, tem um porto bonito conhecido por “Caminho Sem Fim”.
A Ilha vive basicamente da exploração do minério e os nativos trabalham na empresa.
As cachoeiras são pontos fortes do roteiro turístico do município. A do Rio Acaraí fica no distrito do mesmo nome. Ali funcionava uma pequena usina hidroelétrica, cujo maquinário ainda se encontra lá, desativado.
Nos finais de semana um grande número de pessoas banha-se nas águas claras do Acaraí, que fica apenas 6 km do centro da cidade.Uma bela piscina natural serve para o banho da maioria dos visitantes.
Embora ela seja a mais conhecida e acessível existe outra na região do rio Orojó, dentro da fazenda Cepel, que também é muito bonita. Além dessas existem outras menores como as do rios Tiriri, Pinaré, Igrapiúna. A da Fazenda Três Pancadas, é a mais alta, com cerca de 50 metros de altura. Tem se uma bela visão por ficar situada na fazenda do grupo multinacional Michelin, dentro de uma mata fechada. O acesso também é permitido aos visitantes.
DICAS
Localização- Camamu está situada a 365 km de Salvador e para chegar até lá você tem duas opções: utilizar a rodovia BR-324 e depois pegar a BR-101, à altura do Km-428, no povoado de Travessão, ou então recorrer ao sistema ferry-boat para fazer a travessia da Baía de Todos os Santos. Neste caso, com a recente inauguração da rodovia Nazaré/Valença, você simplesmente reduzirá sua viagem em mais de cem quilômetros.
Clima- Excelente, principalmente durante o verão, com a temperatura girando em torno dos 30 graus entre os meses de novembro e março. Os meses de junho e agosto são os mais frios, quando a temperatura cai, ficando em torno dos 23 graus e a mínima de 15 graus.
Hospedagem- O principal hotel da cidade é o Rio Acaraí, vizinho da tradicional Igreja de São Benedito, a qual está necessitando, urgentemente, de reformas, principalmente no seu teto, que está prestes a desabar. O hotel tem 19 apartamentos confortáveis, e oferece aos visitantes um café da manhã somente igualado aos que são servidos nos resorts 5 estrelas.
Em outras áreas encontram-se ainda hotéis: o “Green House” (Cidade Baixa), na Rua Djalma Dutra,61 com instalações mais simples e atendimento simpático; “Ponta do Mutá”, Barra Grande, Praça do Sossego, ambiente rústico; e “Tubarão”, também em Barra Grande.
Restaurantes- Os recomendados pelo Guia Quatro Rodas “Viajar Bem e Barato” são os seguintes: Green House” (hotel), refeições simples mais saborosas, à base de frutos do mar (peixe, caranguejo e camarão) ; “Sol de Verão”, rua Agnelo Lira, também na Cidade Baixa, ambiente simples e pratos variados: frango, carne, camarão, caranguejo ou peixe; “Tubarão”, na pousada do mesmo nome (serve só frutos do mar). Os restaurantes da cidade, na verdade, são insuficientes para atender aos visitantes, valendo destacar, ainda, o de D. Lili e Pedro, cuja comida, à base de frutos do mar, é deliciosa.
Passeio de barco- Uma opção que vale apena para quem deseja conhecer as belezas naturais da Baía de Camamu e as ilhas de Cajaíba, Campinho, Grande, Pedra Furada, Quiépe, Pequena, do Âmbar, das Flores, Vilas de Pescadores, etc. Para maiores informações, sugerimos contatar o Centro de Informações Turísticas, localizado na Praça N. S. Assunção, (onde fica a histórica igreja, construída em 1631), cujo telefone é o seguinte: 3255-2250.
Praias- As mais indicadas para o turismo são as de Barra Grande (vila de pescadores, já com casas de veraneio, pousadas e restaurantes; Ponta do Santo, Ponta dos Tubarões, do Goió, do Campinho, Ponta do Contrato, ao Norte;e Maraú, Algodões, Arandi, Saquaíra, Taipus de Fora, Três Coqueiros (Camping) e Piracanga.
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