Jornal A Tarde 10 de outubro de 1974.
A tapeceira Concessa Colaço fará uma exposição nos próximos meses no Museu do Unhão quando apresentará uma série de trabalhos de alta qualidade. Falando sobre sua tapeçaria disse a artista que começou a trabalhar com seus pais Tomás e Madeleine Ribeiro Colaço. "Eles criaram uma nova técnica de tapeçaria chamada " ponto brasileiro" que foi assim batizado pela Diretora do grande centro de tapeçaria Aubusson, na França, que ao visitar o Brasil conheceu os meus pais e disse que em vinte anos, foi realmente a primeira técnica a ser criada, e brasileira". Na foto a artista Concessa Colaço com um dos seus belos tapetes
Concessa Colaço considera fácil o ponto brasileiro. Disse ela que " é muito fácil desenvolver o ponto brasileiro. É só pegar numa agulha, colocar a linha e sambar com ela. O ponto brasileiro tem ritmo, relevo , é profundamente musical, é samba mesmo. É impossível desmanchá-lo pelo seu entrelaçado que este samba proporciona, e não desmerecendo outras técnicas, posso assegurar que é infinitamente mais forte, é infinitamente mais Brasil".
INTIMIDADE
A artista têm uma grande intimidades com sua técnicas ao ponto de em determinados momentos falar com extrema facilidade como estivesse a criar versos para um poema. Concessa Colaço trabalha há muitos anos com este " ponto brasileiro" que aprendeu com seus pais. Teve grandes mestres e considera sua mãe Madeleine Colaço o melhor exemplo de trabalho que alguém possa ter. Criou uma escola de tapeçaria e junto com o mestre Genaro de Carvalho lançou a concepção de que a tapeçaria representa neste país.
Mas há cerca de seis anos ela vem trabalhando sozinha, tendo que recorrer à sua tenacidade e vontade de criar novas obras de arte, utilizando a técnica que lhe foi ensinada por sua mãe Madeleine Colaço, Concessa procura hoje a sua individualidade de artista. Começou a desenhar junto com sua mãe e segundo afirma " hoje acredito que as nossas idéias elaboram, usando a mesma temática, trabalhos diferentes e individuais.
A temática são flores, frutos e pássaros e ultimamente inspirada em Salvador criou madonas barrocas, anjos barrocos, revoadas de anjos e pássaros em tons amarelos, sobre azuis com asas muito brancas.
É assim que Concessa Colaço vê Salvador, para mim , Salvador é azul, é ouro branco. Cada curva é um quadro. Cada árvore uma inspiração. Cada baiana vestida de branco que varre as folhas, que as árvores deixam cair, é um poema".
A TAPEÇARIA
Falando sobre a quantidade de tapetes nas residências , que é pequena, Concessa Colaço afirma que " numa casa usualmente podemos ver 180 quadros, painéis e arranjos assimétricos e no meio deles apenas uma ou duas tapeçarias. Eu poderia brincar dizendo que o povo há muito , e que Rei geralmente só existe um em cada lugar. Mas esta brincadeira tem na realidade fundo de verdade. A tapeçaria tem um peso ótico mesmo, e é de difícil colocação.Fica linda numa sala de jantar, em cima de um sofá.
Porém, somente uma tapeçaria. Ele requer uma iluminação perfeita e como a artista considera que as coisas bonitas tem que ser bem educadas, e que devem dar distância para que os vizinhos possam também brilhar,a tapeçaria inegavelmente não deve estar no mesmo ambiente onde grande quantidade de quadros estejam. No entanto ela faz uma exceção `a tapeçaria em forma central e duas laterais numa mesma parede.\no Brasil existe hoje uma verdadeira febre de tapeçaria.O brasileiro é profundamente artista e agora está recorrendo à arte da tapeçaria com o mesmo afã para o óleo.Muito possivelmente dentre em breve teremos 180 tapeçarias numa casa e apenas um ou dois quadros a óleo".
IMPORTÂNCIA
A artista Concessa Colaço é de opinião que a tapeçaria é e será sempre um dos pontos centrais da decoração de uma casa. Acredita que uma casa tem que ter pelo menos uma ou duas tapeçarias. Considera a tapeçaria musical e poética. E continua " Quando me lembro de algumas músicas que fiz como " Verdade da Vida", música de Raul Mascarenhas e letra minha, regravada pela vigésima primeira vez por vários cantores entre os quais Helena de Lima, Agnaldo Rayol, Altemar Dutra, Miltinho e outros ; quando me lembro da música e letra que fiz chamada " Desilusão", " Sinfonia de Carnaval", esta última em parceria com Helena de Lima; quando me lembro do poema do "Amor sem adeus", que fiz de parceria com Romeu Nunes, tenho a certeza que essas músicas e poemas representam tapeçarias feitas com notas musicais".
Foto : Para concessa Colaço cada curva de Salvador é um quadro, um tapete.
GOSTOU
Gostou tanto de Salvador que não pretende deixar a Bahia ´por muito tempo. Disse Concessa Colaço que " não quero deixar |Salvador onde mora meu filho Tomás Colaço de Lacerda, já baiano de corpo e alma em que deposito grandes esperanças como homem e artista. Devo dizer que estou aqui
2 comentários:
Olá,quero parabeniza lo por sua matéria sobre essa grande artista, eu tive o grande privilégio de trabalhar com ela no Rio de Janeiro, aprendi muito com ela e seu filho Tomás.
Ao qual eu fiquei muito amigo! Gostaria muito de ter a honra e o prazer de velo novamente, vc sabe me dizer como eu posso fazer pra ter contato com ele novamente? Um forte abraço e conto sua ajuda!!!
Carlos Moreira
Gostei muito deste post e da obra de Concessa Colaço.
Ando à procura de referências relativas ao último sogro dela - Herculano Nunes dos Santos - pai do marido Romeo Nunes dos Santos.
O Herculano nasceu em Portugal em 1896, casou no Rio de Janeiro em 1918 com Coryntha Lima Brayner e tiveram 3 filhos : Paulo, Romeu e Corinto.
Preciso de uma certidão de óbito do Herculano . Se souberem de uma data aproximada da sua morte ajudava. Obrigada
Postar um comentário